Os cinco primeiros rolos (livros) das Escrituras Sagradas: Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio formam um conjunto de registros
chamados de “Torah”, no original hebraico, ou “Lei”, em nossas traduções
bíblicas para o Português, ou então “Pentateuco”, pela teologia.
A pergunta a ser respondida nesse estudo é se Moisés realmente teria
condições de ter escrito esses cinco registros.
I. Moisés pode ter escrito algo? Havia escrita?
A arte da escrita era largamente difundida muito antes de Moisés
nascer, sendo possível ele ter todas as condições para redigir a Torah.
Na Ásia (Mesopotâmia), há milhares de achados arqueológicos com textos
cuneiformes (tipo de escrita feito com auxílio de objetos em formato de cunha)
sumérios, babilônicos, hititas, fenícios etc. principalmente escritos em tábuas
de argila.
Na África (Egito), local onde Moisés cresceu, a escrita passou por três
fases: no antigo Egito havia a escrita hieroglífica (que vem do grego
“hieróglifo”, e significa “sinal sagrado”) e era primitivamente pictográfica,
isto é, cada um dos seus mais de 600 símbolos representava um objeto. Depois,
surge a escrita hierática, em formato cursivo e usada para fins comerciais. Por
último surge a escrita demótica, uma forma mais simples e mais popular.
Lembre-se de que as Escrituras Sagradas afirmam que “Moisés foi
instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e
obras.” Atos 7:22 Sendo assim, Moisés teria condições de escrever, que era uma
das habilidades antigas entre os egípcios.
II. Moisés escreveu em hebraico? Já havia a língua hebraica?
Os descendentes de Abraham eram reconhecidos pelos cananeus e pelos
egípcios como hebreus, e a Palavra afirma que eles tinham uma língua própria.
Além disso, a arqueologia já provou que existia uma forma de escrita anterior que
deu origem ao alfabeto hebraico atual:
a) Héber, os hebreus e o
hebraico
“E a Sem nasceram filhos, e ele é o pai de todos os filhos de Héber, o
irmão mais velho de Jafé. Os filhos de Sem são: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e
Arã... E Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Héber. E a Héber nasceram dois
filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra, e
o nome do seu irmão foi Joctã.” Gênesis 10:21-25
Noite que o texto acima diz que Sem é o pai de todos os filhos de
Héber. Por que Deus destaca esse fato, tendo em vista que Sem não é o pai
direto de Héber? Na verdade, Sem é o bisavô de Héber. O texto trás esse
destaque pela importância de Héber nas Escrituras. Ele seria o patriarca da
família de Abraham (Gênesis 11:10-26). É dele que os descendentes de Abraham
recebem o nome de “hebreus” e, por isso, sua língua se chama “hebraico”.
Só uma curiosidade: Héber foi pai de Pelegue, que foi pai de Reú, que
foi pai de Serugue, que foi pai de Naor, que foi pai de Terá, que foi pai de
Abraham (Gênesis 11:16-26). Mas, embora Héber seja de uma geração tão anterior
a Abraham, quando Abraham morreu, Héber ainda estava vivo.
b) Os descendentes de Abraham
eram identificados como hebreus:
Esses textos são alguns dos que confirmam que Abraham e sua
descendência são chamados de hebreus:
“Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele
habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de
Aner; eles eram confederados de Abrão.” Gênesis 14:13
“Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o
servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim;” Gênesis 39:17
“Porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui
nada tenho feito para que me pusessem nesta cova.” Gênesis 40:15
“E abrindo-a, viu ao menino e
eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele, e disse: Dos meninos
dos hebreus é este.” Êxodo 2:6
“E tornou a sair no dia seguinte, e eis que dois homens hebreus
contendiam; e disse ao injusto: Por que feres a teu próximo?” Êxodo 2:13
“Depois o SENHOR disse a Moisés: Vai a Faraó, e dize-lhe: Assim diz o
SENHOR Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.” Êxodo 9:1
c) Os descendentes de Abraham falavam
uma língua diferente dos egípcios:
Quando os irmãos de José vão até o Egito comprar comida, eles são
acompanhados diante do governador por intérpretes. Essa é a prova de que os
hebreus já tinham uma língua própria, ou, pelo menos, diferente da língua dos
egípcios:
“E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre
eles.” Gênesis 42:23
Semitas (pessoas brancas) chegando ao Egito (pessoas negras). |
d) Um código que tenha dado
origem ao hebraico atual:
Há um “fake news” sendo espalhado que Moisés não teria condições de
escrever, porque em sua época não havia o alfabeto hebraico . Porém, a
arqueologia tem provado que muito antes de Moisés havia um código sendo
utilizado em Canaã e no território egípcio que, mais tarde, originou o
hebraico. Vamos citar aqui apenas um dos achados, e o principal deles:
Em Serabit el-Khadem no Sinai foi encontrado inscrições com o alfabeto
chamado de escrita semítica, ou proto-sinaítico, ou proto-cananeu, datado de
cerca de 1900 a.C. composto por 23 sinais. O chamado princípio acrofônico
afirma que estes símbolos tem origem nos hieróglifos egípcios, porém, com um
valor fonético (som, fala) semita. Acredita-se que estes sinais semíticos
influenciaram o alfabeto fenício (atuais Síria, Líbano e norte de Israel)
datado de 1500 a.C. constituído de 22 sinais, e também o atual alfabeto
hebraico e o grego.
Moisés pode ter tido contato com esse alfabeto semítico, por exemplo, tanto
nos 40 primeiros anos que passou no Egito, quanto no período de 40 anos que morou
em Midiã, pela instrução do sacerdote Jetro, seu sogro (Êxodo 2:15-22; 3:1;
18:1-27).
Foi justamente neste território onde a Arqueologia achou os escritos
semíticos que Moisés apascentava as ovelhas de Jetro e, mais tarde, por onde passou
com Israel.
Veja as comparações entre esse alfabeto antigo e o hebraico atual:
III. As Escrituras Sagradas confirmam que o próprio Moisés escrevia:
* A própria Torah confirma que o
próprio Moisés escrevia:
“Então disse o Senhor a Moisés: ‘Escreve isto para memória num
livro’… ” Êxodo 17:14
“E Moisés escreveu todas as palavras do Senhor” Êxodo 24:4
“Disse mais o Senhor a Moisés: ‘Escreve estas palavras’ … ”
Êxodo 34:27
“E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jornadas,
conforme ao mandado do Senhor...” Números 33:2
“E Moisés escreveu esta lei, e a deu aos sacerdotes...” Deuteronômio
31:9
“Assim Moisés escreveu este cântico naquele dia, e o ensinou...”
Deuteronômio 31:22
“E aconteceu que, acabando Moisés de escrever num livro...”
Deuteronômio 31:24
Esses versículos acima são bem claros, confirmando que Moisés escreveu,
correto?
* Jesus deixa claro que Moisés
escreveu:
“Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim;
porquanto ele escreveu a meu respeito.” João 5:46
Jesus teria mentido quando afirmou que Moisés escreveu? Creio que não,
né? Rs
* Os contemporâneos de Jesus e
apóstolos afirmaram que Moisés escreveu:
“Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de
alguém e deixar mulher sem filhos, seu irmão a tome como esposa e suscite
descendência a seu irmão.” Marcos 12:19 “Filipe encontrou a Natanael e
disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e a quem se
referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José.” João 1:45
“Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça
decorrente da lei viverá por ela.” Romanos 10:5
Esses onze versículos acima deixam bem claro que Moisés escreveu, sim.
Não temos do que duvidar sobre todas essas afirmações.
IV. O RESTANTE DAS ESCRITURAS
CONFIRMAM QUE A TORAH FOI ESCRITA POR MOISÉS
Os cinco primeiros rolos (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio) unidos são chamados pelas Escrituras de a “Torah de Moisés”. Só
por esta designação já se confirma a responsabilidade de Moisés sobre os cinco
registros. Vejamos os exemplos:
* Muitos textos bíblicos do
Tanach (o chamado Antigo Testamento) atribuem a escrita da Torah por Moisés.
Leia cada um dos versículos abaixo e perceba a “Lei” associada a Moisés
(“Lei de Moisés”):
Josué 1:7,8; 8:31,32; 23:6; Juízes 3:4; I Reis 2:3; II Reis 14:6;
23:25; II Crônicas 23:18; 25:4; 30:16; 33:8; 34:14; 35:12; Esdras 3:2; 6:18; 7:6;
Neemias 8:1,14; 9:14; 10:29; 13:1; Daniel 9:11,13; Malaquias 4:4
* Várias vezes o próprio Jesus
atribui citações da Torah a Moisés:
Mateus 8:4; 19:8; 22:24; Marcos 1:44; 7:10; 10:3; 12:26; Lucas 5:14;
16:29,31; 20:37; 24:27,44
* Os contemporâneos de Jesus
atribuíam a Moisés as orientações da Torah:
- Os fariseus (Mateus 19:7; Marcos 10:4; João 8:5; Atos 15:5);
- Os Saduceus (Mateus 22:24; Marcos 12:19; Lucas 20:28);
- Os discípulos e apóstolos de Jesus (Lucas 2:22; João 1:17,45; Atos
13:39; 15:21; 21:21; 28:23; I Coríntios 9:9; II Coríntios 3:15; Hebreus 9:19;
10:28)
Somando todos versículos que citam a “Lei de Moisés”, temos cerca de 57
passagens em todas as Escrituras confirmando o fato de que, sim, Moisés é o
escritor dos cinco primeiros livros da Bíblia.
V. A TRADIÇÃO CONFIRMA QUE A
TORAH FOI ESCRITA POR MOISÉS
Esse tópico tem menos peso que as passagens citadas acima, mas também
podem ser utilizadas para confirmar a crença geral de que Moisés tenha escrito
a Torah:
* Antigos escritores judeus afirmaram
que Moisés escreveu a Torah:
- O Eclesiástico de Ben Siraque 24:23, escrito por volta de 180 a.C.,
afirma: “Isso tudo é o livro da aliança do Deus Altíssimo, a lei que Moisés
baixou para ser a herança das assembleias de Jacó.”
- O Talmude (Baba Bathra 14b), um comentário judaico sobre o Tanach, em
cerca de 200 a.C., atribui a Torah a Moisés.
- Mishnah (Pirq Aboth, I,1), uma interpretação e legislação rabínica,
que data de cerca de 100 a.C., atribui a Torah a Moisés.
- Filo de Alexandria, Egito, um filósofo judeu, que viveu por volta de
20 a.C. a 42 A.D. (Vita Moisis II 51) afirma: “Porém... contarei a história de
Moisés conforme a aprendi, tanto através dos livros sagrados, os admiráveis
monumentos de sua sabedoria, que deixou após ele, como através de alguns
anciãos da nossa nação.”
- Flávio Josefo, um historiador judeu, que viveu por volta de 37-70
A.D. (Antiguidades IV 8,48)
* A maioria dos sucessores dos
apóstolos aceitava a autoria Mosaica:
- Junílio um oficial imperial da corte de Justiniano I, imperador
bizantino em 527 – 565, defendeu o escrito mosaico da Torah, segundo pode ser
visto em seu diálogo com um de seus discípulos, registrado em De Partibus
Divinae Legis:
Acerca dos Escritores dos Livros Divinos:
Discípulo: Como você sabe quem foram os escritores dos livros divinos?
Mestre: De três maneiras. Ou por meio dos títulos e prefácios... ou
através somente dos títulos... ou através da tradição dos antigos, pois se
acredita que Moisés escreveu os cinco primeiros livros da história; embora o
título não diga tal coisa, e nem ele mesmo tenha escrito, ‘o Senhor falou
comigo’, ele escreveu que ‘disse o Senhor a Moisés.’ “
- Leôncio de Bizâncio (século VI), declarou em seu tratado intitulado
Contra Nestorianos:
“Quanto a esses cinco livros, todos dão testemunho de que eles são
(obra) de Moisés.”
- Melito, bispo de Sardes (ano 175), em sua lista do cânon do Tanach,
reconhece Moisés como escritor da Torah
- Cirilo de Jerusalém (348 – 386), em sua lista do cânon do Tanach,
reconhece Moisés como escritor da Torah
- Hilário (366), em sua lista do cânon do Tanach, reconhece Moisés como
escritor da Torah
- Rufino (410), em sua lista do cânon do Tanach, reconhece Moisés como
escritor da Torah
- Agostinho (430), em sua lista do cânon do Tanach, reconhece Moisés
como escritor da Torah
VI. MOISÉS ESCREVEU O LIVRO DE
GÊNESIS?
Muitos questionamos surgiram sobre Moisés ter escrito o livro de
Gênesis. Porém, como mostramos acima, quase 60 versículos das Escrituras
Sagradas atribuem a escrita da Torah a Moisés, e não faz sentido excluir o
livro de Gênesis da relação de sua composição.
O Tanach (Antigo Testamento) quando unido, foi organizado em três
partes: Lei de Moisés, Profetas e Escritos. Podemos confirmar isso através de
um texto antigo, de pelo menos 100 a.C., e também pelas palavras de Jesus:
“Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei,
pelos Profetas, e por outros Escritos que se lhes seguiram... Foi por isso
que Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com afinco ao estudo da Lei,
dos Profetas e dos outros Livros dos nossos antepassados, e tendo adquirido
neles uma grande ciência, quis também escrever alguma coisa de instrução e de
sabedoria, a fim de que as pessoas desejosas de aprender, familiarizando-se com
essas coisas, pudessem progredir ainda mais em viver segundo a Lei...” Prólogo
do tradutor grego do livro Eclesiástico (Sirácida)
“E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei
de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos. Então, abriu-lhes o entendimento
para compreenderem as Escrituras.” Lucas 24:44,45
Tanto em uma citação como a outra a “Lei” ou a “Lei de Moisés”
contempla os cinco primeiros livros. Isso fica claro, quando o historiador
judeu Flávio Josefo no ano 95, cita a quantidade de rolos: 05 livros da Moisés
em Contra Apião I, 8:
“... são justamente acreditados como sendo divinos; e deles, cinco
pertencem a Moisés...”
Para fechar esta questão, confirmando se Moisés escreveu o Gênesis,
observe os comentários de Jesus:
“Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a
observa. Por que procurais matar-me? Respondeu a multidão: Tens demônio. Quem é
que procura matar-te? Replicou-lhes Jesus: Um só feito realizei, e todos vos
admirais. Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (se bem que
ela não vem dele, mas dos patriarcas), no sábado circuncidais um homem. E, se o
homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés
não seja violada, por que vos indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado,
num sábado, ao todo, um homem?” João 7:19-23
O próprio Jesus diz que Moisés deu aos judeus a “Lei” e a “circuncisão”.
Entretanto, esse ritual é ordenado primeiramente justamente no livro de Gênesis
(capítulo 17).
VII. MOISÉS PODE TER UTILIZADO
TRADIÇÕES ORAIS PARA ESCREVER O GÊNESIS?
A passagem bíblica acima diz que “... Moisés vos deu a circuncisão (não
que fosse de Moisés, mas dos pais)...” João 7:22
Mas, por que Jesus fala que Moisés deu a circuncisão aos israelitas, sendo
que a circuncisão era “dos pais”? Isso se explica pelo fato que Moisés escreveu
o que Deus havia ordenado a Abraham. Abraham passou a instrução ao seu filho
Isaque. Isaque passou para seu filho Jacó. Jacó passou para seus filhos. E os
filhos de Jacó passaram para seus filhos até chegar a Moisés, que escreveu.
A questão é que a tradição oral passando de geração a geração, pode
gerar alterações no relato. E se pensarmos nas histórias de Adam até Moisés,
teremos 26 gerações. Confira os nomes abaixo seguindo as genealogias de Gênesis
5:1-32; 11:10-27; 21:3; 25:21-26; Êxodo 6:16-20:
Adam > Sete > Enos
> Cainã > Maaleel > Jarede > Enoque > Matusalém > Lameque
> Noé > Sem > Arfaxade > Salá > Héber > Pelegue > Reú >
Serugue > Naor > Terá > Abraham > Isaque > Jacó > Levi >
Coate > Anrão > Moisés
Ao pensar nesses 26 nomes acima, alguém pode pensar em uma tradição
oral que pode ter gerado um telefone sem fio, e que até chegar a Moisés, as histórias
poderiam ter se distorcido muito. Porém, ao pensarmos na idade desses homens e calcular
de modo a identificar aqueles que foram contemporâneos, reduzimos de 26 para
apenas 06 gerações. Abaixo citamos um exemplo:
Adam (0 a 930) > Lameque (874 a 1.651) > Sem (1.558 a 2.156) >
Isaque (2.108 a 2.288) > José (2.259 a 2.369), que entrou com Levi e Coate
no Egito (Gênesis 46:11) > Moisés
Sendo assim, se os fatos de Gênesis fossem passados apenas de forma
oral, não teriam tantas gerações assim, e os vários personagens contemporâneos
uns dos outros poderiam confirmar as verdades e desmentir os erros. Por
exemplo, Sem viveu até os dias de Isaque.
Cinco gerações: trisavó, bisavó, avó, mãe, filha, todas vivas, com muita saúde, segundo a notícia. |
VIII. MOISÉS PODE TER USADO
FONTES?
Obviamente que Moisés tinha à sua disposição diversas tradições orais
acerca do Gênesis e de outros acontecimentos que vinham sendo transmitidos de
geração em geração e, quem sabe, poderia até mesmo ter tipo fontes escritas
sobre os relatos ali mencionados. Vejamos:
“Pelo que se diz no Livro das Guerras do Senhor:...” Números 21:14
Não conhecemos esse “Livro das Guerras do Senhor”. Sendo assim, o
próprio Moisés confirma que havia outros livros que não fizeram parte do cânon
das Escrituras (ou seja, da relação de livros que estão na Bíblia) e ele faz
uma citação desse livro. Em Gênesis, portanto, Moisés pode ter tido um papel de
organizador dos fatos, de acordo com a vontade de Deus, como o foi Lucas, por
exemplo:
“Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos
fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o
princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a
mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem,
dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que
tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.” Lucas 1:1-4
Tem sido observado que o livro de Gênesis é estruturado em secções
divididas pela fórmula “toledot” (estas são as gerações de), que aparecem 11
vezes. Toledot, em hebraico, é traduzido “gerações” ou “história”, ou ainda
“origem”. Vejamos:
“Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados...”
Gênesis 2:4
“Este é o livro da genealogia de Adão...” Gênesis 5:1
“Eis a história de Noé...” Gênesis 6:9
“São estas as gerações dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé...”
Gênesis 10:1
“São estas as famílias dos filhos de Noé, segundo as suas gerações...”
Gênesis 10:32
“São estas as gerações de Sem...” Gênesis 11:10
“São estas as gerações de Tera...” Gênesis 11:27
“São estas as gerações de Ismael, filho de Abraão...” Gênesis
25:12
“São estas as gerações de Isaque, filho de Abraão...” Gênesis
25:19
“São estes os descendentes de Esaú, que é Edom.” Gênesis 36:1
“Esta é a história de Jacó...” Gênesis 37:2
Tem sido considerado que estas fórmulas “toledot” introduzem uma
secção. A maior parte das tabuinhas de argila mesopotâmicas tinha uma espécie
de “ficha técnica”, uma assinatura, que identificava o autor da tabuinha
através de uma árvore ou referência genealógica, colocada no final do texto, um
cólofon (“nota final de um texto ou livro”). No caso de múltiplas tabuinhas
sequenciais, havia uma frase que conectava uma tabuinha com a outra a seguir.
Muitos destes registos eram histórias sobre as origens familiares, ou seja, o cólofon
das tabuinhas de barro mesopotâmicas apresenta semelhanças com a fórmula “toledot”
utilizadas no Gênesis.
Ou seja, o livro de Gênesis poderia consistir numa
sequência de tabuinhas, cada uma escrita por uma testemunha ocular dos eventos
nelas descritos. Estas tabuinhas teriam sido finalmente compiladas por Moisés,
com a direção do Senhor.
É importante deixar claro que essa ideia é bem diferente das diversas
teorias das fontes totalmente inventadas e completamente comprometidas com
suposições e preconceitos forçados com o único objetivo de colocar o registro
da Torah para muitos séculos depois que ele foi verdadeiramente escrito.
Tentar desfragmentar os textos bíblicos, procurando passagens que
chamam Deus de Elohym e dizer que são de fontes de épocas diferentes que chamam
Deus de YHWH, e ainda outras mais tarde ainda que o chamam de Elohym YHWH,
tornam as passagens sem sentido algum.
Além disso, não há prova alguma nos textos da Torah sobre as diferenças
de época entre os relatos, não há prova alguma na arqueologia, nem menção
alguma sobre isso nos registros de judeus e cristãos do passado.
Até porque as chamadas “parelhas”, como Gênesis 1 e 2, são comuns no
hebraico. Geralmente uma descrição geral é dada, seguida por um relato
específico. Em Gênesis 1 Deus explica a sequência do que fez em cada dia até
criar Adam. Já em Gênesis 2 Deus apresenta mais detalhes sobre como criou Adam
e o que ocorreu após isso. Essa forma de contar a história pode ter sido uma
maneira de acentuar as verdades ou auxiliar a memória oral.
IX. ENTÃO, MOISÉS SÓ COPIOU E
COLOU?
Mesmo que Moisés tenha se utilizado de fontes orais ou escritas, ele
não simplesmente copiou e colou, mas sim, recebeu orientações do Senhor sobre o
que escrever, que palavras usar, que sequência seguir etc. Até porque nenhum
ser humano foi testemunha do que ocorreu principalmente nos primeiros capítulos
que revelam a criação.
Veja o que as próprias Escrituras dizem sobre o registro da Torah de
Moisés:
“É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que
lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas
para no-las transmitir... vós que recebestes a lei por ministério de anjos e
não a guardastes.” Atos 7:38
“Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das
transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi
promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.” Gálatas 3:19
“Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda
transgressão ou desobediência recebeu justo castigo,” Hebreus 2:2
Como podemos perceber acima, quem transmitiu a Moisés as orientações
que ele registrou na Torah foram os próprios anjos de Deus.
Vejamos mais alguns textos que falam sobre a inspiração ao registrar as
Escrituras:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” II Timóteo 3:16
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de
particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de
homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo.” II Pedro 1:20,21
Sendo assim, confirmamos que Moisés só incluiu na Palavra de Deus
aquilo que o próprio Senhor confirmava para ele registrar.
Em Gênesis 36:31, lemos: “Estes foram os reis que reinaram no
território de Edom antes de haver rei entre os israelitas”.
Perceba que o texto faz referência à monarquia de Israel. Então essa
lista de reis parece ter sido um complemento acrescentado após a época de Saul.
De qualquer forma, Deus é o grande autor do livro de Gênesis. Ele cuidou de
cada detalhe para que hoje tivéssemos esse livro da forma em que ele se
encontra.
Então fica a pergunta: Como Moisés poderia ter falado sobre “reis
israelitas” se estes só vieram a existir mais de 400 anos depois dele? (1 Rs
6:1)
Entretanto, em Gênesis 17:15-16 o próprio Deus já afirma a Abraão que
surgiriam reis de sua descendência, assim como fala o mesmo para Jacó em 35:11.
Além disso, em Gênesis 49:10 Deus aponta o futuro reino da tribo de Judá.
Além disso, o próprio Moisés em Deuteronômio 17:14-15 já havia predito,
por revelação divina, exatamente o que aconteceu em I Samuel 8, que foi o
pedido de um rei humano sobre os israelitas, como era com as outras nações.
Logo, tendo Moisés conhecimento de que haveriam reis futuramente em Israel
(pois o próprio DEUS havia afirmado), ele poderia escrever com toda segurança
“E estes são os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei
algum sobre os filhos de Israel.”
É assim que se encerra a Torah, elogiando a vida de Moisés, o escriba
profético através do qual Deus trabalhou:
“E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o
Senhor conhecera face a face; nem semelhante em todos os sinais e maravilhas,
que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus
servos, e a toda a sua terra. E em toda a mão forte, e em todo o grande
espanto, que praticou Moisés aos olhos de todo o Israel.” Deuteronômio 34:10-12
X. QUEM TERMINOU A TORAH?
“Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo;
então, voltava Moisés para o arraial, porém o moço Josué, seu servidor, filho
de Num, não se apartava da tenda.” Êxodo 33:11
Josué era servo de Moisés, seu fiel seguidor que o sucedeu após sua
morte, como foi revelado em Números e confirmado no livro que damos o nome de
Josué:
“Então falou Moisés ao Senhor, dizendo: O Senhor, Deus dos espíritos de
toda a carne, ponha um homem sobre esta congregação, que saia diante deles, e
que entre diante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar; para que a
congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor. Então disse o
Senhor a Moisés: Toma a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e
impõe a tua mão sobre ele. E apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e
perante toda a congregação, e dá-lhe as tuas ordens na presença deles. E põe
sobre ele da tua glória, para que lhe obedeça toda a congregação dos filhos de
Israel.” Números 27:15-20
“E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR
falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, é
morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo... como
fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.”
Josué 1:1-5
Um fato muito interessante e importante é que Josué é orientado pelo
Senhor a continuar escrevendo e incluir os seus registros no “livro da Lei de
Deus”, ou seja, ele prosseguiu o trabalho de Moisés:
“Josué escreveu estas palavras no livro da Lei de Deus; tomou uma
grande pedra e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava em lugar santo do
SENHOR.” Josué 24:26
Aqui, como em outros estudos, priorizamos sempre o que está registrado
nas Escrituras Sagradas. Infelizmente hoje existem pessoas ensinando o contrário
do que na Bíblia está escrito. Eu creio que Moisés escreveu o Gênesis e toda a
Torah, não porque eu sinto, ou porque acho, mas porque a própria Palavra de
Deus assim afirma.
Moisés tinha a educação necessária para escrever (foi educado com todo
o conhecimento do Egito), o material necessário (o papiro era retirado do rio
Nilo), a tradição necessária (seus antepassados preservaram a história), a
familiaridade com a geografia (ele conhecia tanto o Egito quanto os arredores
de Canaã), a motivação necessária (ele precisou prover os alicerces morais e
espirituais para a nova nação), o tempo necessário (ele passou 40 anos com o
povo no deserto), gente necessária (estava cercado de muitas pessoas
habilitadas para auxiliá-lo na escrita e cópia dos registros) e o Deus absoluto
(que o guiou a escrever).
Em uma época em que escravos egípcios que trabalhavam nas minas de
turquesa no Sinai e gravavam seus registros nas paredes dos túneis, como
apresentamos no início desse estudo, é inconcebível que um homem com a formação
de Moisés não pudesse registrar os pormenores das épocas mais significativas do
seu povo.
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