09 junho 2025

ENSINO BÍBLICO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES


I. Preparando um Legado


A formação de valores e princípios é um dos pilares essenciais para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, a fim de que tenham um futuro promissor em todas as esferas possíveis da vida, e tenham êxito no convívio em sociedade. Ao afirmar isso, não se trata de estimular riquezas, poder, fama ou algo do tipo, mas prepará-los para alcançar um bom potencial naquilo em que cada um foi criado por Deus para viver, de acordo com seus limites e habilidades. Gozar a vida de maneira satisfatória, independente das circunstâncias que estão à sua volta. Isso é a real prosperidade!


E a Palavra de Deus nos ensina que é dever das famílias e da comunidade instruir as novas gerações nos caminhos do Senhor:


“Os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez. Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos; Para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos;” Salmos 78:3-6


O Salmo acima ressalta a importância de passar às novas gerações as maravilhas de Deus: O ensino bíblico é um compromisso intergeracional. Os feitos de Deus devem ser ensinados para que as futuras gerações ponham a sua confiança no Senhor e não se esqueçam de Seus feitos. Não é correto um grande homem de Deus reter para si somente tudo que ele recebeu de Deus, mas sim, compartilhar, preparando sucessores que continuarão testemunhando do Senhor sobre a terra. Um exemplo disso foi a família do evangelista Timóteo:


“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.” II Timóteo 1:5


“E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” II Timóteo 3:15


O exemplo de Timóteo reforça o poder do ensino bíblico no lar. O apóstolo Paulo reconhece a fé sincera que habitava em sua avó Lóide e em sua mãe Eunice, e destaca que desde a infância ele aprendeu as sagradas letras, que poderiam fazê=lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Isso mostra como a formação espiritual começa no ambiente familiar e deve ser reforçada por toda a comunidade dos que servem a Deus.





II. Como Fazer?


Deus revelou em Sua Palavra como instruir a próxima geração. Ele deixou claro que não é simplesmente levando uma criança para o culto, muito menos “jogando” ela numa salinha para que elas fiquem apenas desenhando, pintando ou ouvindo canções ditas gospels sem conteúdo bíblico que falam de pinguim, pula pula etc. Ao contrário disso:


“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” Deuteronômio 6:6-9



… Estarão no teu coração…


Na passagem bíblica acima, o Senhor instrui Israel a guardar as Suas palavras no coração, ou seja, tê-la como centro da sua vida, das suas emoções e do seu pensamento e, a partir daí, transmiti-las diligentemente aos filhos. Primeiro viver, depois pregar o que se vive…


“Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.” Esdras 7:10



… As ensinarás e delas falarás…


Falar andando, deitando, levantando e assentando mostra que esse ensino deveria acontecer de forma contínua, em todos os momentos do cotidiano. Sendo assim, verbalizar com palavras na linguagem da criança qual o caminho correto a seguir é extremamente importante. Não se deve apenas fazer o correto, mas falar o que é o correto.


“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15


“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação do mundo. Amém.” Mateus 28:19,20


Quando Jesus determinou a ordem acima, Ele falou para os Seus discípulos pregarem apenas para adultos? As crianças também precisam que a Igreja as ensine? Com certeza que sim! Todas as criaturas estão englobadas as crianças, adolescentes e jovens também. E, na verdade, eles, principalmente, como é possível visualizar nas passagens a seguir:


“Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, e não os impeçais de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.” Mateus 19:14


“E, lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou.” Marcos 9:36,37


O Senhor Jesus demonstrou o imenso valor que dá às crianças. Ele não apenas as acolhe, mas as aponta como exemplo de humildade e pureza. Ao tomar uma criança nos braços e declarar que quem receber uma criança em Seu nome é o mesmo que recebê-Lo, mostra que há um profundo valor espiritual na atenção, cuidado e ensino voltados às crianças.


O ensino bíblico deve abranger todas as faixas etárias, e a formação espiritual de crianças e adolescentes é parte vital da Grande Comissão. Ensinar a guardar tudo o que o Senhor ordenou começa pelo evangelho no lar e se estende ao ensino nas comunidades de fé, por meio de professores, líderes e voluntários.



… Assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te…


A ideia aqui é que o ensino bíblico não se restringe a um momento isolado, mas permeia o viver diário da criança e do adolescente, orientando suas decisões e atitudes desde os primeiros anos de vida. O tempo todo, de forma constante!


“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele.” Provérbios 22:6


O ensino da Bíblia desde a infância é também uma forma de guiar a criança para uma vida de retidão. O sábio conselho do rei Salomão em Provérbios nos orienta a ensinar os princípios bíblicos desde cedo. E isso não se trata apenas de um investimento espiritual, mas também social e emocional, pois ajuda a criança a desenvolver caráter, empatia, respeito e temor a Deus. 

Instruir no caminho é diferente de instruir o caminho. Quem instrui o caminho diz: “É por ali. Vai lá!” Já quem instrui no caminho, diz: “É por ali. Vamos juntos que eu te ensino como chegar!” Deu para entender? Instruir no caminho não é deixar a criança ir para um prédio onde a Igreja se reúne. Mas sim, ir com ela e demonstrar como é ser Igreja!

Se o pai e a mãe pede para o filho mentir, dizendo que não está em casa quando o cobrador chega, seu comportamento tende a não ser diferente no futuro. Vai aprender a enganar, inclusive, aos próprios pais. Agora, se os pais oram e lêem as Escrituras diariamente, isso deixará marcas positivas na vida dos filhos para sempre.


Por um longo tempo, minha mãe orava junto com o líder dela pela rádio todos os dias ao meio dia e às 18h da tarde, e até o fim da vida dela, ela orava e lia a Bíblia todos os dias antes de dormir. Lembro da minha irmã ajoelhada na cama orando todos os dias antes de dormir também. Recordo-me da minha avó que até quando podia, mesmo com pouca força andava muito até o seu local de culto. Quando começou a enfraquecer, às vezes até caía no meio do caminho. Mas isso não a deixava de frequentar os cultos. Tanto minha mãe, minha avó e minha tia, muitas vezes me pediam para escrever pedidos de oração para levar a fim de que a Igreja orasse. Mas não foram só exemplos religiosos, mas de caráter de filhas de Deus. A solidariedade quando alguém precisava, o perdão para aqueles que as ofendiam etc. O que você acha que tudo isso gerou em mim? Marcas eternas! 





… Atarás por sinal na mão, e por frontais entre os olhos, as escreverás nos umbrais da casa, e nas portas… 


Atar na mão e nos olhos e escrever na porta revela que o ensino não é só verbal, mas sim, é visual e simbólico. Deus não mandou apenas praticar e falar os mandamentos, mas também demonstrá-los de formas visuais e práticas. Portanto, os objetos, roupas e móveis também precisam, de alguma forma, transmitir mensagens sobre Deus. A ideia é proporcionar um ambiente-formador: a casa ensina, os objetos ensinam e o visual ensina!


Imagina que alguém pinta o muro, tem adesivo na porta, quadros, objetos nos móveis e roupas que fazem referência às Escrituras, porém maltratam os filhos com palavras e ações, dão mal testemunho comprando e não pagando, são avarentos, mexeriqueiros e todo tipo de comportamento social e espiritual reprovável, o que adianta a passagem bíblica colada na parede? Ou, no caso dos adultos serem aparentemente uma bênção na igreja, porém não oram e nem ensinam aos filhos a Palavra de Deus? Entende que tudo precisa ser um conjunto? Uma vez conheci um adolescente que alegou que seu pai, um líder importante na Igreja, nunca tinha orado por ele quando estava doente… Complicado!


Uma vida de fé genuína, que reflete em ações de fé genuína resultam em roupas e objetos que demonstrem essa fé. Jamais apenas esse último, pois, senão, é hipocrisia. Como dizem: As nossas ações falam mais alto que nossas palavras.





Pensando agora em um contexto de Igreja, o uso de sinais nas mãos, frontais nos olhos e inscrições nas portas podem ser também aplicados atualmente com cartazes, ilustrações, figuras, objetos concretos, cores e até dramatizações. Todas essas são maneiras modernas de aplicar esse princípio, mas que remontam a tempos antigos. Os próprios desenhos nas paredes das catacumbas de Roma, as ilustrações nos códices, os quadros, paredes e vitrais antigos com cenas bíblicas, até as atuais alto produções cinematográficas, se forem fiéis às Escrituras, contribuíram e ainda podem colaborar bastante com o ensino da Bíblia.


Deus costumava pedir aos profetas para através de roupas, objetos e ações transmitir a mensagem que Ele queria compartilhar. Abaixo, apenas alguns exemplos disso:


“Sucedeu, ao final de muitos dias, que me disse o Senhor: Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto que te ordenei que o escondesses ali. E fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o cinto do lugar onde o havia escondido; e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Assim diz o Senhor: Do mesmo modo farei apodrecer a soberba de Judá, e a muita soberba de Jerusalém.” Jeremias 13:6-9


“Tu, pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pô-lo-ás diante de ti, e grava nele a cidade de Jerusalém. E põe contra ela um cerco, e edifica contra ela uma fortificação, e levanta contra ela uma trincheira, e põe contra ela arraiais, e põe-lhe aríetes em redor. E tu toma uma sertã de ferro, e põe-na por muro de ferro entre ti e a cidade; e dirige para ela o teu rosto, e assim será cercada, e a cercarás; isto servirá de sinal à casa de Israel.” Ezequiel 4:1-3


O próprio Jesus, em Seu contexto, convidava os discípulos para fazer comparações simbólicas com o que eles visualizavam, com os ensinos que Ele queria transmitir:


“Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta… Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam…” Mateus 6:26-28


A pedagogia moderna confirma o que a Bíblia já mostrava: o ser humano aprende melhor com estímulos visuais e interativos. Deus sabia disso ao mandar o povo usar elementos visíveis e constantes, como escrever nas portas ou prender nas mãos. Uma criança que vê todos os dias versículos ilustrados na parede da casa ou na sala da igreja tende a memorizar com mais facilidade. Um recurso como um livro visual com figuras ou dramatizações reforça a conexão emocional com o conteúdo.


Quando Deus manda escrever as palavras nos umbrais da casa e nas portas, está mostrando que o ambiente da criança deve ensinar também. Decoração bíblica nas salas infantis da igreja, materiais com imagens visuais de histórias bíblicas e uso de recursos como fantoches, teatro, painéis e maquetes. 


Lembro dos livros ilustrados (alguns tenho até hoje) que minha mãe comprava na Igreja Universal e eu pintava, as histórias bíblicas em quadrinho da aula de religião da escola sobre o livro de Gênesis. Lembro-me até hoje das cartolinas desenhadas com as letras das canções infantis e versículos nos dias de EBF - Escola Bíblica de Férias, na Igreja Batista Nova Filadélfia da VK, com desenhos do personagem Smilinguido. E, já na adolescência, as cartolinas com desenhos dos móveis do tabernáculo que a professora de EBD Simone Galvão levava.


O ensino multissensorial (ouvir, ver, tocar) facilita a aprendizagem. Portanto, usar recursos visuais como ilustrações, objetos concretos, materiais gráficos e visuais criativos não é modernismo, mas uma forma bíblica e eficaz de comunicar a Palavra de Deus às crianças, exatamente como Deus instruiu Israel.





III. Até que idade ensinar?


Na atualidade, dependendo do tipo de análise, uma criança pode ser aquela até seus 10, 11, 12 ou, no máximo 14 anos. Já a adolescência, pode ser a fase da vida até os 18, 19, 20 ou 24 anos, segundo as diferentes visões:

  • Segundo teóricos tradicionais da Psicologia do Desenvolvimento Humano, a infância vai até aos 11 anos e a adolescência vai até aos 20 anos de idade, aproximadamente. 

Fonte: PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

  • De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são consideradas crianças os indivíduos de 0 a 12 anos incompletos e adolescentes aqueles de 12 a 18 anos incompletos. O Código Penal estica um pouco a infância ao definir como vulneráveis aqueles até os 14 anos. A penalidade é aumentada em vários casos em que o crime for cometido contra um menor de 14 anos.

  • Já para a OMS - Organização Mundial da Saúde, a adolescência é a fase da vida entre a infância e a idade adulta, dos 10 aos 19 anos.

Fonte: https://www.who.int/health-topics/adolescent-health/#tab=tab_1

  • Atualmente, há quem defenda que o cérebro só está totalmente formado aos 25 anos, e assim, a definição de adolescência passa a ser considerada de 11 até os 24 anos, segundo a revista científica Lancet Child & Adolescent Health.

Fonte: https://afnoticias.com.br/curiosidades/adolescencia-agora-dura-ate-os-24-anos-entenda-o-porque


Para as Escrituras, o que hoje é chamado de adolescência terminava aos 19 anos, pois a fase adulta iniciava a partir dos 20 anos, quando o homem era considerado apto para servir no exército, ou seja, um adulto para cumprir as responsabilidades civis:


“Da idade de vinte anos para cima, todos os que em Israel podem sair à guerra, a estes contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão.” Números 1:3 (ver também Levítico 27:3)


Porém, quando se trata das questões espirituais, o serviço sacerdotal só poderia iniciar aos 30 anos de idade, o que se exigia uma maturidade mais estabelecida:


“Da idade de trinta anos para cima até aos cinquenta anos, será todo aquele que entrar neste serviço, para fazer o trabalho na tenda da congregação.” Números 4:3


Esta é a idade que José começou a governar o Egito (Gênesis 41:46) e Jesus começou o Seu ministério:


“E este mesmo Jesus estava como que começando os trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli,” Lucas 3:23


Sendo assim, o contexto bíblico não foge às análises mais modernas com relação à classificação das fases do desenvolvimento humano. Até os vinte e poucos anos, nossas crianças, adolescentes e jovens precisam ser muito orientados e conduzidos, para se tornarem homens e mulheres que entendam e cumpram da melhor maneira possível o seu papel como ser humano.


Mas recordo que um servo de Deus por nome Mauro, que fora meu líder da época da adolescência por dois anos, e que foi como um pai para mim, mesmo sem ser meu líder oficialmente depois desse período, durante muitos anos continuou me ajudando e me corrigindo quando ele considerava necessário. Quando completei 18 anos, a Igreja me concedeu o cargo de líder de jovens. Foi um grande desafio! Mas quem estava lá para me apoiar? Ele. E como isso foi importante para mim!


E, para falar a verdade, no que se refere a questão espiritual, não há idade física para os que geram filhos na fé... Cada novo discípulo, um bebê gerado que vai precisa aprender a engatinhar, caminhar, andar de bicicleta até aprender a dirigir seu próprio veículo!






III. Ensinar, um Desafio!


“Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;” Romanos 12:5-7


No corpo de Cristo, cada um recebe dons diferentes. No texto acima o apóstolo Paulo descreve a diversidade de ministérios e a importância de cada função. Ensinar é um desses dons, e quem o faz deve fazê-lo com dedicação. Ensinar a Bíblia a crianças e adolescentes é um ministério essencial, pois prepara o coração para uma vida centrada em Deus.

Ler a lição a ser ministrada no dia da aula, não é um bom exemplo de dedicação. É preciso ler a passagem bíblica a ser ministrada, reler, buscar reforço em dicionários, enciclopédias, comentários bíblicos, preparar recursos visuais, pensar em exemplos práticos para facilitar o entendimento, elaborar dinâmicas para ajudar na compreensão e desafios a serem praticados pelos alunos após a aula. Ufa! Não é fácil ensinar…


Já percebeu alguma vez quando um professor está perdido por ensinar de forma insegura? Quão trágico é quando um docente passa a aula toda lendo o conteúdo da matéria! Não produz interação, não sabe responder nada do que os alunos perguntam, não faz questão de testar o conhecimento dos alunos, até porque ele mesmo não sabe o conteúdo… Tenso!


O desafio de todo mestre é a dedicação ao que vai ser ensinado. Mesmo que se tenha ensinado determinada matéria diversas vezes e saiba tudo de cabeça, cada turma e aluno é diferente. É preciso avaliar o contexto e se adequar a cada realidade. Que desafio!





“E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,” II Timóteo 2:24,25


O que significa “sofredor”? A palavra traduzida como sofredor nesse texto vem do grego ἀνεξίκακος (anexikakos), que significa alguém paciente no sofrimento, tolerante, capaz de suportar o mal sem revidar, longânimo diante da oposição.

Ou seja, não se trata de "gostar de sofrer", mas de suportar com firmeza e paciência as dificuldades, especialmente no contexto de ensino, correção e discipulado. Ao ensinar, especialmente a quem resiste (como crianças inquietas ou adolescentes em crise), o servo do Senhor precisa ser paciente, tolerante e persistente, sem se irritar, mesmo diante de rejeição ou desinteresse.

Ensinar como Cristo ensinou exige essa mesma postura de sofrer com paciência o processo até que a verdade alcance o coração do outro. Alguns não entenderão de primeira, outros resistirão, haverá comportamentos difíceis e pode haver desinteresse ou até zombaria.

Muitas vezes o professor não terá o apoio da família da criança e do adolescente. Pelo contrário, temos pais que não determinam que o filho aprenda a Palavra (obriga o filho a tomar banho, comer, escovar os dentes, ir para a escola etc. porém, na questão espiritual relaxa. Vou ver se meu filho vai querer ir… Como se a criança não tivesse o raciocínio perfeito para decidir se deve ou não comer, se vestir, tomar um remédio, mas na questão espiritual, deixa à cargo dele. O que pesará mais para uma criança? Ir para o ensino bíblico ou passar o dia todo na rua brincando com os vizinhos? Será que esses pais também perguntam ao filho se eles querem doce ou arroz e feijão? Se querem acordar cedo para ir para escola ou se continuam dormindo? Por que negligenciam tanto a formação do caráter e da espiritualidade da criança e do adolescente? 

Mas o educador é chamado para ser manso, não desistir, insistir com amor e sofrer o processo com paciência, na esperança de que Deus dê arrependimento e entendimento no tempo certo, tanto aos responsáveis quanto aos alunos.


Acima de todas as técnicas pedagógicas, acima de todo conteúdo, está o amor ao ensino e o carinho para com os alunos. O cuidado e acolhimento deixa mais marcas do que qualquer ação!


Por fim, ensinar a Bíblia às crianças e adolescentes não é apenas transmitir informação, mas formar discípulos. É plantar sementes que frutificarão com o tempo, preparando uma nova geração que ame, tema e sirva ao Senhor. Não é sobre preparar pessoas educadas e que façam o bem. Isso será uma consequência como estilo de vida daquele que aprendeu a amar e a servir a Deus.

Em tempos de tantos desafios morais, sociais e espirituais, o ensino bíblico se revela como um alicerce seguro que conduz à verdade, à justiça e à vida eterna. Vamos proclamar!





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