Em 1853, Hormuzd Rassam escavava, na cidade de Nínive, as
ruínas da biblioteca do imperador assírio Assurbanipal e dentre as milhares de
placas de argila com escritas cuneiformes encontradas, havia 12 que formam a
versão mais completa de um poema que conta as aventuras de Gilgamesh, o rei de
Uruki.
Uriki é a atual Warka, localizada no Iraque, estudada entre
os anos 1849 e 1852 por W. K. Loftus, membro da Comissão de Fronteira
Turco-Persa. Esta cidade foi identificada como a cidade vizinha de Ur (Gênesis
11:28,31; 15:7; Neemias 9:7) e na Bíblia é chamada de Ereque: “... Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor.
E o princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar.
Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou a Nínive...” Gênesis 10:8-12
Notem a similaridade entre Warka, Uriki, Ereque e Iraque.
A escrita cuneiforme é um tipo de escrita feito com auxílio
de objetos em formato de cunha. As placas de argila com esse tipo de escrita eram
tostadas em forno para prover um registro permanente. Esses registros só foram decifrados
devido a descoberta da "Inscrição de Dario" (cerca de 521 a 486 a.C.),
encontrada na rocha de Behistun, perto de Kermanshah, na Pérsia, escrita em
caracteres cuneiformes em três línguas — o persa, o babilônico e o elamita
arcaicos, estudadas entre 1835 a 1843 por Sir Henry Rawlinson, um oficial do
exército britânico.
A importância das placas contendo a Epopeia de Gilgamesh só
foi percebida quando em dezembro de 1872, num encontro da recém fundada
Sociedade de Arqueologia Bíblica, George Smith anunciou que, embora o relato
não estivesse completo, devido a falta de tábuas, falhas nas tábuas encontradas
e dificuldades de interpretação, descobrira entre as tábuas assírias no Museu
Britânico um relato do dilúvio.
Neste poema, o nome da pessoa que se salva do dilúvio é Utnapishtim.
OUTRAS VERSÕES DA EPOPEIA DE GILGAMESH
Após Smith publicar um resumo da narrativa de Gilgamesh, muitas
outras tábuas foram achadas para unir a maior parte possível da versão assíria
sobre o dilúvio.
A versão na língua assíria é
datada em cerca de cerca de 668 a 627 a.C., período em que reinou Assurbanipal,
o dono da biblioteca onde a Epopeia foi encontrada. Este é “o grande e afamado
Asnapar” citado em Esdras 4:10 responsável pela deportação e a mistura de
israelitas e gentios que gerou os samaritanos, conforme registrado
em II Reis 17:24-28.
Depois, fragmentos da Epopeia escritos nas línguas
acadiana semítica, hitita indo-europeu e hurrita foram
encontrados nos arquivos da capital imperial hitita em Boghazköy, na Anatólia,
no centro da Ásia Menor. Como os arquivos pertenciam a uma rainha que manteve
correspondência com o faraó Amenófis IV e seu filho, data-se então esses escritos
em cerca de 1372 a 1354 a.C.
A versão na língua suméria
da Epopeia de Gilgamesh foi encontrada numa expedição americana da Universidade
da Pensilvânia, no monte de Niffer, a antiga Nippur, no sul do Iraque,
comandada por John Punnet Peters, ao final do século XIX e estão distribuídas
em tábuas entre museus na Filadélfia e Istambul.
Embora haja diversos sites na
internet dizendo que o dilúvio consta na versão suméria da Epopeia de
Gilgamesh, estão enganados. Nenhum dos cinco poemas relacionados à Epopeia de
Gilgamesh na versão suméria retrata a história do dilúvio.
Os livros atuais que traduzem a
Epopeia de Gilgamesh para o Português se utilizam da mistura de diversas
versões para compor uma história que seja entendível para nós atualmente.
O DILÚVIO NA EPOPEIA DE GILGAMESH
A seguir, apresentamos um resumo do dilúvio na Epopeia de
Gilgamesh:
Entraram no barco a família de Utnapishtim, seus parentes e
todos os artesãos. Puzur-Amurri foi o timoneiro. Naquela noite, deuses macabros
provocaram o dilúvio. Diante disso, os povos não podiam ser vistos do céu. E até
mesmo os deuses temeram e se esconderam do dilúvio. Ishtar, a Rainha do Céu, lamentou
pelo que fez e os grandes deuses do céu e do inferno choraram. Choveu por 7
dias. Toda a humanidade havia virado argila.
Utnapishtim avistou que só havia água por todos os lados e,
14 léguas de distância depois, surgiu a montanha de Nisir onde o barco
encalhou. No sétimo dia, ele soltou uma pomba e uma andorinha, que retornaram.
Depois soltou o corvo e, como não voltou, ele abriu as portas e janelas, preparou
uma oferenda aos deuses que se juntaram como moscas sobre ele. Ishtar suspendeu
seu colar com as jóias do céu, lamentando a morte dos homens e proibindo o deus
Enlil, o causador da catástrofe de provar do sacrifício. Este se revolta por
alguns terem ainda sobrevivido. O deus Ea informa que o dilúvio foi grave, pois
o castigo poderia vir sobre os homens de outras maneiras, tais como por um leão,
lobo, fome ou peste. Ea mente, dizendo que não foi ele quem contou para Utnapishtim
como sobreviver. Enlil, para que sua palavra de destruição total da humanidade
fosse cumprida, transformou Utnapishtim e sua esposa em imortais e ordenou que morassem
longe.”
A VERSÃO SUMÉRICA DO DILÚVIO
Sumer, ou Suméria, é chamada na Bíblia de Sinear, ou Sinar
(Gênesis 10:10; 11:2; 14:1,9; Isaías 11:11; Daniel 1:2). Os sumérios se destacaram
nos campos da matemática, engenharia, irrigação, agricultura, astronomia,
medicina e na escrita.
Temos nos textos sumérios pelo menos dois tipos de documentos
que falam do dilúvio:
1. Lista dos Reis Sumérios
- Foram encontrados na Mesopotâmia pelo menos 18 listas de nomes, nenhuma igual
à outra, contendo a relação dos 10 primeiros reis sumérios antes e depois do
dilúvio, a maioria delas datando da segunda metade da dinastia Isin (cerca de
2017-1794 a.C.). Depois
dos 10 primeiros reis, surgem as palavras: “Veio o dilúvio...” E a lista
continua, então. Interessante que Noé, o sobrevivente do dilúvio descrito na
Bíblia, é o décimo personagem listado em Gênesis 5, a partir de Adam, o
primeiro homem do planeta.
O primeiro fragmento contendo essa lista foi um tablete encontrado,
no início de 1900, pelo estudioso alemão-americano Hermann Hilprecht, no local da
antiga Nippur, e o achado foi publicado em 1906. A versão mais extensa dessa
lista é o prisma Weld-Blundell da coleção cuneiforme do Museu Ashmoleano, em
Oxford. As 8 polegadas (20 centímetros) de altura do prisma contém quatro lados,
com duas colunas escritas de cada lado e foi escrita por um escriba que se
assinava Nur-Ninsubur.
De acordo com tal lista, Gilgamesh
foi o quinto rei de Uruki, da Segunda Dinastia, tendo governado por 126 anos,
aproximadamente entre os anos de 2800 a 2700 a.C. Embora cite tanto Gilgamesh
quanto o fato de um dia ter ocorrido o dilúvio, esses achados não descrevem
detalhes sobre o dilúvio.
2. Gênesis de Eridu – É um texto sumeriano fragmentado que descreve
parte da criação e do dilúvio, sendo que neste, porém, o humano que se salva da
catástrofe é chamado de Ziusudra.
Como a versão suméria da Epopeia de Gilgamesh não contém a história do dilúvio, alguns afirmam que os babilônicos e assírios uniram as histórias da Epopeia de Gilgamesh com o Gênesis de Eridu e, assim, apareceu com o tempo a história do dilúvio na Epopeia de Gilgamesh. A questão é que não há data estabelecida para os poemas sumérios. Isso porque a influência do povo sumério nas leis, na língua e no campo das ideias persistiu por muito tempo após a invasão de seus vizinhos semitas. Esta influência tem sido comparada à de Roma sobre a Europa medieval. Seu idioma continuou sendo utilizado na escrita, como o latim na Idade Média, por muitos séculos após a perda de sua identidade política.
Para termos uma ideia do quanto o texto pode ser muito mais
recente que imaginamos, o herói de uma versão do século III a.C. recebeu o nome
de Xisuthros ou Sisuthros, que não pode ser senão o Ziusudra sumério. O
provável autor dessa versão grega pode ser Beroso, um sacerdote caldeu da Babilónia
que escreveu em língua grega a “História da Babilónia” composta por três
livros. Esse texto completo está agora perdido, e o que restou vem de fontes
secundárias de escritores clássicos (como Flávio Josefo e Jorge Sincelo).
A VERSÃO BABILÔNICA DO DILÚVIO
Assim como a Epopeia de Gilgamesh, foram encontradas várias versões
da Epopeia de Atrahasis: duas foram escritas por escribas assírios (um na
Assíria, um no dialeto babilônico), mas um terceiro (em três fragmentos) foi escrito
na língua babilônica arcaica durante o reinado de Ammi-saduqa, da
Babilônia (1647-1626 a.C.), o quarto governante depois de Hamurabi.
Neste, o sobrevivente da catástrofe não é Utnapishtim, nem Ziusudra,
mas Atrahasis, que dá nome ao poema.
Assim
como no Gênesis de Eridu, o conto acadiano chamado Epopeia de
Atrahasis apresenta poucos fragmentos.
CENTENAS DE OUTRAS VERSÕES
Em 2009, o Dr. Irving Finkel, curador no Departamento de Oriente Médio do famoso British Museum de Londres, adquiriu de um oficial da Força Aérea Britânica chamado Leonardo Simmonds, que servia no Oriente Próximo no final da Segunda Guerra, um tablete com uma versão do dilúvio diferente daquela do tablete decifrado por Smith no século dezenove, especialmente pelo fato de conter instruções pormenorizadas sobre como a embarcação (a arca) deveria ser construída.
Segundo a narrativa do ‘tablete da arca’ decifrado por
Finkel, a arca era uma enorme caracola de quase 230 pés de diâmetro, tamanho
que equivale a dois terços de um campo de futebol. A embarcação era redonda e
rasa, semelhante a uma gigantesca cesta flutuante, e deveria ser confeccionada
com cordas de fibra de palma, reforçada por vigas de madeira em forma de ‘J’, e
impermeabilizada com betume. O seu interior era dividido por paredes (formadas
pelas escoras), a fim de criar compartimentos para separar os animais
predadores de suas presas e possibilitar um deck superior. O deus também
especifica que os animais deveriam entrar na arca de dois a dois.
O intrigante dessa placa de argila é que são mencionados os
‘judeus’ (Judeans, em inglês). Para Finkel, essa palavra é usada com o sentido
de indivíduos originários da Judeia e não no sentido do judaísmo, porém, como
pode, se o território da Judeia foi assim denominado para diferenciar o local
da tribo de Judá, em detrimento das outras dez tribos que se rebelaram e
deixaram de seguir ao neto do rei Davi (I Reis 12)?
Bom, o fato é que as versões sobre o dilúvio não foram
salvas apenas pelo registro textual. No mundo todo, foram identificadas
centenas de relatos sobre essa catástrofe (alguns contabilizam mais de 200, já
outros somam por volta de 500 versões), seja nos poemas, nas canções, na
cultura etc. Vamos citar aqui apenas algumas dessas versões:
1. O Dilúvio na Índia
O personagem principal na versão hindu da história do
dilúvio é Manu, considerado o primeiro rei da Terra e do pai da humanidade.
Enquanto Manu está lavando suas mãos em uma tigela pequena um dia nota um
pequeno peixe. O peixe pede para Manu salvá-lo, colocando-o em uma panela de
barro grande com água. Como o peixe continua a crescer, Manu coloca-o em cada
vez maiores potes de barro. Eventualmente, torna-se muito grande e Manu coloca-o
no oceano. O peixe é grato, então ele avisa Manu sobre uma enchente iminente e
instrui-o a construir um grande navio que vai trazer dois de cada animal e
vegetal a bordo. O dilúvio destrói o mundo, e o navio de Manu é guiado pelo
peixe até chegar ao topo das montanhas do Himalaia.
2. O Dilúvio na China
A China tem diferentes versões do dilúvio. A versão mais
conhecida é a história da família de Hihking Fuhi. O mundo inteiro está
inundado e apenas Fuhi, sua esposa, seus três filhos e três filhas sobrevivem
num barco. Nesta tradição, Fuhi é considerado o pai da civilização chinesa.
A segunda lenda da inundação chinesa vem do povo Miao.
Apenas duas pessoas, um irmão e uma irmã, sobreviveram ao grande dilúvio. O
irmão quer se casar com sua irmã, mas ela se recusa. Após uma série de testes,
o casal se casa e tem um filho, mas a criança é severamente deformada. O marido
mata o bebê e corta-o em vários pedaços. Um dia depois as peças são transformadas
em seres humanos que repovoam a terra.
3. O Dilúvio no México
Na tradição tolteca do México a criação original durou 1716
anos e, em seguida, foi destruída por uma grande inundação. Apenas uma família
sobreviveu.
Os astecas tinham uma história muito semelhante: O criador
diz para um homem muito piedoso chamado Tapi construir um barco para salvar a
si mesmo, sua família e um par de cada animal. Naturalmente todos pensavam que
ele era louco. Então a chuva começou e veio o dilúvio. Os homens e os animais
tentaram escalar para as montanhas, mas estas ficaram inundadas também.
Finalmente a chuva terminou. Tapi decidiu que a água havia secado quando ele
deixou uma pomba solta que não retornou.
Na versão Inca, durante um período de tempo, o povo
Pachachama tornou-se muito mal. Eles ficaram tão ocupados com realizar más
ações que se esqueceram dos deuses. Apenas aqueles no alto dos Andes permaneceram
incorruptos. Dois irmãos que viviam nas terras altas notaram suas lhamas agindo
de forma estranha. Ao questionarem, foram informados de que as estrelas haviam
dito às lhamas que um grande dilúvio estava vindo. Esta inundação iria destruir
toda a vida na Terra. Os irmãos levaram suas famílias e rebanhos em uma caverna
nas montanhas altas. Começou a chover e continuou por quatro meses.
Eventualmente, a chuva parou e as águas baixaram. A montanha manteve sua altura
original. Os pastores repovoaram a terra. As lhamas lembram-se do dilúvio e,
por isso, elas preferem viver nas terras altas.
4. O Dilúvio na Austrália
Existe uma lenda de uma inundação chamada o dilúvio
Dreamtime. Montada sobre este dilúvio foi a Woramba, ou a Arca Gumana. Neste
arca estavam o sobrevivente, aborígines e vários animais. A arca descansou na
planície de Djilinbadu.
5. O Dilúvio na Grécia
Há muito tempo atrás, os seres humanos tornaram-se
orgulhosos. Isso incomodava Zeus e, como eles continuaram a piorar, Zeus
decidiu destruí-los. Antes disso, Prometheus, o criador dos seres humanos,
advertiu seu filho humano Deucalião e sua esposa Pirra, colocando-os em uma
grande caixa de madeira. As chuvas começaram, duraram nove dias e noites até
que o mundo inteiro foi inundado. A única coisa que não foi inundada foram os
picos do Monte Parnaso e do Monte Olimpo, a morada dos deuses. A caixa de
madeira veio descansar no monte Parnaso. Deucalião e sua esposa Pirra saiu e
viu que tudo estava inundado. Eles então repovoaram a Terra.
O filósofo grego Platão (428-347 a.C.), que em dois dos seus
diálogos (Timeu e Crítias, escritos por volta de 360 a.C.), se refere à maior
enchente de todas duas vezes:
" Houve um tempo, Sólon, antes do maior dilúvio de
todos, quando a cidade que hoje é Atenas era a primeira nas guerras e
proeminente pela excelência de suas leis, pelos feitos notáveis, pela
constituição magnífica de seus cidadãos. " Timeu 23c
"E então ocorreu a inundação extraordinária, que foi o
terceiro, antes da grande destruição de Deucalião." Critias 112a
6. O Dilúvio nos Estados
Unidos
Os nativos Ojibwe que viveram em Minnesota EUA cerca do ano
1400, também têm uma história da criação e dilúvio. Num momento em que a
harmonia terminou, homens e mulheres passaram a não mais se respeitarem, famílias
brigavam e aldeias começaram a discutir. Quando parecia que não havia mais
esperança, o Criador decidiu purificar a Mãe Terra através do uso de água. A
água veio, inundando a Terra. Só um pouco de cada coisa viva sobreviveu. Waynaboozhoo,
por exemplo, sobreviveu flutuando em um tronco na água com vários animais.
Segundo os índios Delaware, numa era antiga, o mundo viveu
em paz, mas um espírito maligno veio e causou uma grande inundação. A terra
estava submersa. Algumas pessoas se refugiaram na parte de trás de uma
tartaruga. Um mergulhão voava sobre suas cabeças e resolveu mergulhar sob a
água procurando terra. Depois de alguns insucessos, o pássaro voou longe,
voltou com uma pequena porção de terra em sua conta, e guiou a tartaruga a um
lugar onde havia um pedaço de terra seca.
Veja abaixo um mapa contendo os locais onde foram encontrados algum tipo de memória sobre uma antiga inundação, como o dilúvio:
Para ler/ouvir a Epopeia de Gilgamesh, clique aqui.
Para ler o Gênesis de Eridu, clique aqui.
Para ler a Epopeia de Atrahasis, clique aqui.
POR QUE TANTAS VERSÕES?
Mas, no mundo pós-diluviano, Deus afirmou que uma rebelião
estava nascendo... “e disse: Eis que o
povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não
haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos, e
confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.”
Gênesis 11:5-7
Deus havia abençoado os descendentes de Noé para que os
mesmos se multiplicassem e se espalhassem sobre a terra (Gênesis 9:1). Mas,
como uma forma de rebelião, justamente em Babel (Babilônia), atual Iraque, na
terra de “Gilgamesh” (ou Sinar, como queiram chamar, o território dos
sumérios), que a humanidade se uniu para contrariar a vontade de Deus.
Para que a humanidade não alcançasse uma força tamanha de
modo que aniquilasse a verdade, Deus dividiu as línguas. Assim, a família de Abraão
pode guardar a verdade, de alguma forma.
Não importa quantas línguas existam. Não importa quantas
versões existam. Cada povo saiu de Babel com a sua versão sobre o passado e
Deus permitiu isso para que a verdade não fosse totalmente sufocada pela mentira
e para que, de alguma forma, ao ser defrontado com a mentira, a verdade
prevalecesse. E tem prevalecido, independente de qualquer oposição atual (ainda
que uma Babel esteja se reerguendo novamente).
GÊNESIS SERIA MAIS UMA DAS VERSÕES?
Há diversas literaturas, bem como vídeos e textos na
internet, que concluem, através destas descobertas, que a Bíblia,
especificamente o livro de Gênesis, seria apenas mais uma versão do dilúvio.
Moisés teria supostamente plagiado esta lenda tão conhecida pelos povos
antigos. Será que eles estão certos disso? Óbvio que não. Explicaremos aqui o
porquê.
1. Deus Inspirou o
registro de Gênesis
O primeiro ponto é: Como crentes que somos na Bíblia, não
temos problema algum em aceitar o fato de que Deus possa ter ditado para Moisés
letra por letra do que ele escreveu nos primeiros cinco livros da Bíblia. E, da
mesma forma, não vemos problema algum em entender que o Gênesis é o verdadeiro
relato do que aconteceu nos dias anteriores e posteriores ao dilúvio, seja ele
transmitido de que forma for até chegar a Moisés. Todos esses achados
arqueológicos só comprovam que os homens do passado um dia tiveram acesso à
verdade, e, infelizmente, a distorceram, pois seguir ao Criador implica em
renúncia e o ser humano tem provado dia após dia que não gosta de obedecer,
seja a que custo for.
2. A História Bíblia
do Dilúvio pode ter sido Passado Oralmente
O segundo ponto é: Moisés pode ter recebido a maior parte do
relato do Gênesis por transmissão oral. Reafirmamos aqui que, com exceção do
primeiro capítulo de Gênesis, a maioria dos relatos das Escrituras foi testemunhada
por homens e pode, sim, ter sido transmitida oralmente.
A questão é que, bem sabemos, toda cultura transmitida oralmente pode sofrer alterações com o tempo. Como a brincadeira chamada ‘telefone sem fio’, até chegar ao destinatário final a mensagem sofre várias modificações devido as falhas na comunicação.
Sabendo que, de Adam até Moisés, se passaram 26 gerações e
aproximadamente 2.500 anos, como podemos garantir que as informações chegaram a
Moisés, tanto tempo depois, sem mistura?
De acordo com o calendário que temos nos capítulos 5 e 11 de
Gênesis, podemos fazer cálculos e, assim, identificar quais personagens foram
contemporâneos entre si. Para exemplificar, abaixo estão alguns nomes com o ano
de nascimento e morte de cada um:
Adam (0-930) > Lameque (874-1651) > Sem (1556-2158) > Jacó (2108-2255) > Coate (?-?) > Moisés (2353-2473)
Comparando as datas, Adam foi contemporâneo de Lameque por 56
anos, este viveu com Sem por 93 anos, que conviveu com Jacó por 95 anos. Durante
os 133 anos de vida de Coate, ele viveu com Jacó, conforme consta em Gênesis
49:8,11 e, como avô de Moisés, pode ter transmitido a ele as informações
necessárias. Sendo assim, de 26 gerações, diminuímos para 6 pessoas! Isso
diminui muito a probabilidade de falhas na comunicação.
Caso um descendente de Adam, seja neto, bisneto ou o bisneto
de seu bisneto mudasse algum detalhe da história, o próprio Adam estava ali
para reparar os erros e explicar o que ocorreu de fato.
É bem verdade que nos tempos de Moisés a humanidade já
poderia ter inventado milhares de versões sobre a verdade, mas os que
estivessem próximos a Sem poderiam conhecer os fatos tanto do período pré-
quanto pós-diluviano.
3. Moisés, Inspirado
por Deus e Respaldado por Testemunhas, pode ter Usado Documentos
A terceira questão é: Moisés teria aprendido as versões
relatadas no Gênesis apenas pela oralidade ou já havia um relato escrito antes
dele?
Se observarmos, veremos as seguintes referências: “Esta é a
história das origens dos céus e da terra...” Gênesis 2:4; “Este é o registro da
descendência de Adão...” Gênesis 5:1; “Esta é a história de Noé:...” Gênesis
6:9; “Este é o registro de Sem, Cam e Jafé, filhos de Noé:...” Gênesis 10:1;
“Este é o registro de Sem:...” Gênesis 11:10; “Estas são as gerações de
Esaú:...” Gênesis 36:1; “Estas são as gerações de Jacó:...” Gênesis 37:2
A palavra, no original hebraico, para “história”, “registro”, “gerações”, também é traduzida por “genealogia”, “rolo”, ou “livro”. A repetição desses termos por todo o livro de Gênesis trás a ideia de que Moisés, embora seja reconhecido como o escritor do primeiro livro da Bíblia, pode ter, pela orientação divina, unido o material escrito e guardado pelos filhos de Deus.
O próprio Moisés usou fontes terceiras, por exemplo, em
Números 21:14: “Pelo que se diz no livro
das guerras do Senhor:...” Não conhecemos este livro das guerras do Senhor,
mas isso não é um problema para nós. Entendemos que o que foi registrado na
Bíblia foi inspirado e é suficiente necessário para a salvação do homem.
Cada personagem, local e data registrado, saído direto da
boca de Deus, ou transmitido de pai para filho até chegar a Moisés oralmente ou
escrito, nada muda para nós.
4. Moisés Não Utilizou
as Versões Mesopotâmicas do Dilúvio, pois São Muito Diferentes
Embora entendemos que Moisés pode ter usado relatos falados
ou escritos a cerca do dilúvio, nenhuma dessas versões sumérias, babilônicas,
assírias ou qualquer outra citada acima foi a fonte inspiradora do Gênesis
bíblico.
Ainda que a internet contenha muitas postagens descrevendo
que a Epopeia de Gilgamesh, Gênesis de Enridu, Epopeia de Atrahasis dentre
outros poemas tenham inspirado o Gênesis, as semelhanças não comprovam isso. Até
porque as diferenças entre essas lendas e o relato bíblico são gritantes.
Vamos primeiro falar das semelhanças:
- Em 95% das mais de 200 lendas
de dilúvios, o mesmo foi global (em toda a Terra):
- Em 88%, uma certa família foi
favorecida;
- Em 70%, a sobrevivência da
espécie humana foi garantida por um barco;
- Em 67%, os animais foram também
salvos;
- Em 66%, o dilúvio foi
consequência da maldade do homem e os sobreviventes foram avisados;
- Em 57%, no final do Dilúvio
eles encontravam-se numa montanha;
- Em 35%, pássaros foram enviados
do barco;
- Em 9% das histórias em torno do
Dilúvio, exatamente 8 pessoas foram poupadas.
Essas semelhanças só comprovam uma coisa: Um dia, toda a
humanidade teve acesso à verdade, mas se afastou de Deus e se inclinou aos
ídolos que cada um inventou.
Como diz o apóstolo Paulo, “... tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador...” Romanos 1:21-25
Vamos agora falar das diferenças:
Para começar, nessas lendas, há a crença em vários deuses e
estes, limitados que são, não conseguem dormir por causa do barulho do homem, temem
o próprio dilúvio que provocaram, em dado momento não enxergam os homens no
planeta e são dependentes dos sacrifícios que os homens ofertam (ou seja, não
são todo-poderosos).
Outra questão é o motivo chulo para a destruição da
humanidade, sem nenhum tipo de ensino moral para quem lesse (ou cantasse) esses
mitos.
Há muitas outras diferenças na essência, mas fiquemos aqui
apenas com mais algumas, tais como o nome do sobrevivente, o motivo pelo qual
ele foi escolhido, a sequência dos fatos no momento do dilúvio, o tempo e
proporção do dilúvio, o tamanho da arca, a origem dos novos povos a partir dos
sobreviventes. Não tem como comparar a Bíblia com essas versões ridículas.
5. Moisés Não Utilizou
as Versões Mesopotâmicas do Dilúvio, pois Escreveu Primeiro
Toda a questão envolvendo a data e a natureza destes poemas mitológicos
asiáticos ainda está sob discussão e se mantém envolta em incertezas. Porém, as
versões mais antigas, como citamos antes, são os fragmentos da versão babilônica arcaica da Epopeia de Atrahasis, datada do reinado de Ammi-saduqa, da Babilônia (1647-1626 a.C.).
Sendo assim, não difere muito do livro de Gênesis, pois Moisés o escreveu por volta de 1.600 a.C., de acordo com os cálculos das genealogias
bíblicas. Na internet circula um boato que o livro de Gênesis tenha sido
escrito no sétimo século a.C., mas isso não é verdade. Foi apenas uma forma de
retardar a escrita da Bíblia a fim de dizer que as profecias foram escritas
apenas depois que certos fatos ocorreram. O problema para quem afirma isso é
que centenas de outras profecias continuaram se cumprindo (e continuam se
cumprindo até hoje), mesmo que Gênesis tivesse supostamente sido escrito no
sétimo século a.C.
Além do mais, Moisés estava muito distante da Babilônia para se inspirar nessa epopeia.
Além do mais, Moisés estava muito distante da Babilônia para se inspirar nessa epopeia.
Outro detalhe é que, mesmo que os textos sumérios, por
exemplo, fossem datados, como sugerem, no início do segundo milênio a.C., ainda
assim, não haveria problema para quem acredita na Bíblia, pois, como explicamos
anteriormente, os povos deixaram a torre de Babel, com suas novas línguas, já
inventando as suas crenças, a fim de não servir ao Deus que julgou a humanidade
no dilúvio. A própria torre de Babel foi uma forma do homem protestar contra o “Deus
do dilúvio”. Ou seja, não é de agora que o homem tenta fingir que pode viver
sem Deus.
A cronologia bíblica antiga situa a época de Noé e sua arca por volta do ano 2.500 a.C., ou seja, há 4.500 anos. Qualquer que seja o critério escolhido, o dilúvio descrito na Bíblia é anterior às placas de argila e anterior a algum período em que os povos tenham desenvolvido oralmente versões diferentes.
5. Moisés Relatou a
Verdade, Pois Jesus Confirmou Seu Relato
Quem não acredita nas Escrituras poderá inventar o máximo de
argumentos para não reconhecer a veracidade do dilúvio, mas os que seguem a Jesus
eliminaram qualquer tipo de dúvida porque Ele confirmou a existência de Noé e
confirmou o fato do dilúvio:
“E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.” Mateus 24:37-39
Jesus, o Filho de Deus, o mesmo que curou enfermos,
ressuscitou mortos, venceu o pecado e o diabo, venceu a morte ao terceiro dia,
não chama o sobrevivente do dilúvio de Ziusudra, Atrahasis ou Utnapishtim, mas
sim, Noé, conforme o Gênesis.
“A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.” Gênesis 6:11
“A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.” Gênesis 6:11
O dilúvio ocorreu porque a maldade humana chegou ao ápice,
ao extremo. E ainda hoje , Deus conclama a humanidade a se arrepender de seus
pecados e a se voltar para Ele e para o próximo.
Sabemos que a perversão e violência tem aumentado cada vez
mais, porém o mesmo Deus que trouxe o juízo com o dilúvio, continua dando
chances para que os homens mudem seus atos... Você que leu até aqui agora é
convidado por Deus a mudar de atitude. Parar de tentar se justificar ou mesmo evitar
que Deus tome a direção da sua vida.
Concluindo, os achados arqueológicos se aproximam da data do fato; as descobertas das centenas de versões pelo mundo evidenciam que todas as versões são consequências de um fato ocorrido; a Bíblia dá-nos base para entender racionalmente que Moisés pode ter recebido o relato tanto oralmente quanto textual sem alterações; e, por último, e o mais importante, Jesus confirmou que o dilúvio é real.
Concluindo, os achados arqueológicos se aproximam da data do fato; as descobertas das centenas de versões pelo mundo evidenciam que todas as versões são consequências de um fato ocorrido; a Bíblia dá-nos base para entender racionalmente que Moisés pode ter recebido o relato tanto oralmente quanto textual sem alterações; e, por último, e o mais importante, Jesus confirmou que o dilúvio é real.
Portanto, volte-se para Jesus. Pare de fugir de Deus. Repense como
tens tratado o teu próximo. Jesus está às portas!
Para ler maiores informações sobre a causa do dilúvio, clique aqui.
Para ler informações sobre os seres vivos salvos na arca, clique aqui.
Para ler maiores informações sobre as nações que surgiram após o dilúvio, clique aqui, ou aqui, ou aqui.
Para ler maiores informações sobre a influência da torre de Babel no planeta, clique aqui.
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