01 setembro 2013

ADORAÇÃO ANTERIOR A MOISÉS

Adam, criado para adorar
Como vimos em postagem anterior (O que é o Éden?), Adam foi levado ao Santuário de Deus no Jardim para “trabalhar” e “ministrar” (Gênesis 2:15). Mas em Gênesis não deixa claro para nós que tipo de serviço sacerdotal Adam deveria realizar no Éden. Seja o que for, ele dali foi retirado e, em seu lugar, foi estabelecido provisoriamente querubins (Gênesis 3:24).

Anjos adoravam antes de nós
É bem certo que os seres celestes adoram a Deus (Neemias 9:6), mas qual o tipo de adoração que se presta no santuário pelos anjos?
Eles adoram com declarações (Isaías 6:1-7; Apocalipse 4:7-11), com o perfume das orações dos santos através de um incensário de ouro (Apocalipse 5:8; 8:3,4), com canções (Jó 38:7; Apocalipse 5:8-14) e com instrumentos musicais. Sim! Isso mesmo! Os profetas vêem instrumentos de percussão como os tambores (Ezequiel 28:13), instrumentos de sopro como o trombeta (Êxodo 19:16,19; 20:18) e o pífaro (Ezequiel 28:13), e instrumentos de cordas como a harpa (Apocalipse 5:8).
Ao contrário do que muitos pensam, a música não surgiu com os ímpios (Gênesis 4:21), mas ela já existia no santuário celeste antes do homem existir (Jó 38:4-7) e foi criada para a adoração ao Senhor. É claro que não podemos interpretar literalmente que no céu tem incensário, tambor, trombeta, pífaro ou harpa. Os profetas Moisés, Ezequiel e João, ao descreverem esses instrumentos, receberam a revelação e descreveram de forma que pudéssemos compreender. O importante é saber que os tipos de adoração atuais e do passado tem origem no mundo espiritual.

A adoração por meio de sacrifícios
Há um pensamento errado de que Moisés foi quem estabeleceu os sacrifícios, porém, esse tipo de adoração a Deus ocorria milênios antes dele.
O primeiro Abel e Caim são os primeiros a serem citados como ofertantes.
E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.” Gênesis 4:3-4
Neste pequeno trecho há muitas peculiaridades que não vamos nos deter aqui, mas preste atenção: Eles ofertaram em um tempo específico (ao cabo de dias), em um local específico (trouxe) ofertas específicas (fruto da terra e primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura). Se analisarmos os acontecimentos anteriores, podemos ver que as duas ofertas estão ligadas ao pecado de seus pais. Quando Adam e sua esposa pecaram, ao sentirem a culpa sobre si, utilizaram-se de plantas para se cobrir. Foi justamente da vegetação que Caim, o lavrador, oferta. Mas Deus havia reprovado a fragilidade das folhas de figueira e coloca no casal uma coberta de peles, provavelmente de um animal morto. Abel, o pastor, segue a linha de Deus, oferecendo um animal como sacrifício.
É claro que Deus não rejeitou a oferta de Caim por ser vegetação, até porque mais tarde Deus estabelece entre os tipos de oferta os cereais (Levítico 2:1-16). Mas percebemos posteriormente que Caim estava muito ligado ao caráter dos seus pais, pois preferia se proteger das consequências do pecado do que se arrepender (Gênesis 4:13,14).
A morte do primogênito por Abel representava que alguém teria que morrer no lugar do homem pecador. Não adiantava se esconder atrás de folhas de figueira. Além disso, Abel ofereceu seu melhor (primogênito) e Caim ofereceu “mais um” dos frutos da terra.
Outro detalhe que percebemos na oferta de Abel é que há a questão de se mencionar as palavras “e da sua gordura”. Por quê? No sacrifício pelo pecado era necessário colocar a parte a gordura do animal morto do restante do corpo (Levítico 4:8-12), mas no sacrifício voluntário, todo o corpo era queimado junto (Levítico 1). Sendo assim, a oferta de Abel representa não um pedido de perdão a Deus, um sacrifício pelo pecado, mas um ato de adoração a Deus.
A partir daí, vemos os personagens bíblicos oferecendo suas devoções ao Senhor seguindo o padrão de Abel:
- Enos, que invocou ao Senhor (Gênesis 4:26).
- Noé, que ofereceu holocausto (sacrifício queimado) sobre o altar de todo animal limpo e de toda a ave limpa (Gênesis 8:20).
- Jó, de madrugada, continuamente oferecia holocaustos de acordo com o número de seus filhos (7 homens e 3 mulheres) quando estes se juntavam para farrear, para tentar alcançar o perdão de Deus sobre eles (Jó 1:2,4-5).

Detalhes revelados na história de Abraão
Não temos muitos detalhes dos cinco personagens acima, mas com a história de Abraão conseguimos unir todos esses personagens e entender melhor como eles adoravam:
- Abrão edificava altares (Gênesis 12:7; 13:18) e invocava ao Senhor nos altares que erguia (Gênesis 12:7; 13:4). Sendo assim, pode explicar como Enos invocou ao Senhor;
- Abrão, em Jerusalém, entregou o dízimo dos despojos ao sacerdote Melquisedeque (Gênesis 14:18-20), que poderia ser tanto de animais, escravos (Gênesis 13:16; 20:14) quanto de moedas da época (Gênesis 23:16; 24:1);
- Abrão fez uma aliança com Deus matando uma bezerra de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho, repartindo-os pelo meio, colocando cada parte em frente a outra, sem repartir as aves (Gênesis 15:9-10). Unindo esses detalhes com a oferta de Abel e Noé podemos reconhecer que já havia alguns padrões nas ofertas que só nos serão informadas nos livros de Levítico, mas que faziam parte dos adoradores desde o início;
- Abraão plantou um bosque invocando ali o nome do Senhor (Gênesis 21:34);
- Abraão, novamente em Jerusalém, edificou um altar, pôs em ordem a lenha, amarrou Isaque, deitou-o sobre o altar em cima da lenha e quase o mata ali, por ordem de Deus, que no momento certo providenciou um substituto, um carneiro que foi oferecido em holocausto (Gênesis 22:1-13);
Assim prosseguiu a descendência de Abraão seguindo o exemplo de seu pai:
- Isaque edificou um altar e ali invocou o nome do Senhor (Gênesis 26:25);
- Jacó derrama azeite sobre uma pedra pondo-a por coluna de uma futura “casa de Deus” e faz um voto prometendo dar o dízimo de tudo que o Senhor lhe desse (Gênesis 28:18-22), como também levantou um altar chamando-o de Deus, o Deus de Israel (Gênesis 33:20) e outro que chamou de Deus de Betel (Gênesis 35:7). Em Betel, no local do voto anterior, levantou uma coluna derramou uma libação e azeite (Gênesis 35:14). Em Berseba ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai (Gênesis 46:1).

Quem tem coração grato sacrifica
Moisés, a mesma pessoa que escreveu Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, é intitulado como aquele que trouxe a “lei”, como se antes dele já não houvesse regulamentos, instruções e tradição de serviço ao Senhor. Na verdade, sempre houve, desde Adam. Não é porque os detalhes só aparecem em Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, que os personagens de Gênesis desconheciam aquelas orientações.
Será que foi preciso “os dez mandamentos” para o homem saber que não precisa matar, cobiçar, ou temer só a Deus? Será que os servos de Deus não sabiam que, se quisessem ofertar ao Senhor, teria que ser o melhor? Será que somente com Moisés que a humanidade conheceu a vontade de Deus?
Na verdade, o próprio Deus disse que as instruções de Moisés não eram novidades e não estavam distantes de Israel, mas em sua boca e no seu coração (Deuteronômio 30:11-14). Todo o homem tem a “Instrução escrita em seus corações” (Romanos 2:15).
Como mencionamos em outra postagem (A Lei e a Graça), Deus nunca se agradou com matança de animais. Não foi Deus quem pediu a Abel para ofertar, mas apenas aceitou a adoração desse homem que reconhecia a necessidade do Redentor que viria morrer por ele.
Muitos hoje querem encontrar algum meio para não precisarem mais ofertar, dizimar, até mesmo por culpa de uma corja de líderes corruptos que desviam o propósito das arrecadações com o fim de construir templos ostentosos para trazerem glórias para si, mas nada justifica o servo de Deus parar de ofertar.

Dois conselhos:
1º - Se teu líder não usa das contribuições conforme as Escrituras ensinam, ele está fadado a também ser reprovado por Deus. As regulamentações de Moisés mostram que as ofertas eram para serem repartidas entre a sociedade e, principalmente, entre os pobres e viúvas. Em Deuteronômio 12:6,7,10,11,17-19 Moisés orienta a nação de Israel “comer” os seus dízimos e ofertas junto dos escravos e levitas em Jerusalém e em Isaías 1 Deus reprova Israel porque o povo ofertava, mas o pobre e a viúva morriam de fome. A imagem ao lado fala por si mesmo, não é mesmo? Estão usando da Palavra e da liberalidade de pessoas que amam ao Senhor para alvos que Deus nunca determinou...

Há muito o que falar sobre isso, mas ficamos por aqui até Deus nos conceder outra oportunidade... 

2º - Não temos um templo em Jerusalém para fazer sacrifícios de animais. Nossa forma de ‘matar o cordeiro’ hoje é partir o pão na ceia. Mas se caímos no costume e não ceamos, ofertamos ou dizimamos de forma voluntária e com amor e gratidão ao Senhor, tudo é vão e Deus não recebe. Cuidado, pois Caim não teve apenas uma oferta reprovada, mas sua vida foi reprovada...
A conclusão aqui seria: Independente da forma que ofertamos, somos desafiados a dedicarmos o melhor para Deus e confirmar com nossas atitudes diárias aquilo que temos expressado com nossos dízimos e ofertas, declarações, músicas ou danças... Não podemos nos esconder de Deus!

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