Adam, criado para adorar
Como vimos em postagem anterior
(O que é o Éden?), Adam foi levado ao Santuário de Deus no Jardim para “trabalhar”
e “ministrar” (Gênesis 2:15). Mas em Gênesis não deixa claro para nós que tipo
de serviço sacerdotal Adam deveria realizar no Éden. Seja o que for, ele dali
foi retirado e, em seu lugar, foi estabelecido provisoriamente querubins
(Gênesis 3:24).
Anjos adoravam antes de nós
É bem certo que os seres celestes
adoram a Deus (Neemias 9:6), mas qual o tipo
de adoração que se presta no santuário pelos anjos?
Eles
adoram com declarações (Isaías 6:1-7;
Apocalipse 4:7-11), com o perfume das orações dos santos através de um incensário de ouro (Apocalipse 5:8;
8:3,4), com canções (Jó 38:7; Apocalipse
5:8-14) e com instrumentos musicais.
Sim! Isso mesmo! Os profetas vêem instrumentos de percussão como os tambores (Ezequiel
28:13), instrumentos de sopro como o trombeta (Êxodo 19:16,19; 20:18) e o pífaro
(Ezequiel 28:13), e instrumentos de cordas como a harpa (Apocalipse 5:8).
Ao contrário do que muitos
pensam, a música não surgiu com os ímpios (Gênesis 4:21), mas ela já existia no
santuário celeste antes do homem existir (Jó 38:4-7) e foi criada para a
adoração ao Senhor. É claro que não podemos interpretar literalmente que no céu
tem incensário, tambor, trombeta, pífaro ou harpa. Os profetas Moisés, Ezequiel
e João, ao descreverem esses instrumentos, receberam a revelação e descreveram
de forma que pudéssemos compreender. O importante é saber que os tipos de
adoração atuais e do passado tem origem no mundo espiritual.
A adoração por meio de sacrifícios
Há um pensamento errado de que
Moisés foi quem estabeleceu os sacrifícios, porém, esse tipo de adoração a Deus
ocorria milênios antes dele.
O primeiro Abel e Caim são os
primeiros a serem citados como ofertantes.
“E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto
da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos
das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a
sua oferta.” Gênesis 4:3-4
Neste pequeno trecho há muitas
peculiaridades que não vamos nos deter aqui, mas preste atenção: Eles ofertaram
em um tempo específico (ao cabo de dias), em um local específico (trouxe)
ofertas específicas (fruto da terra e primogênitos das suas ovelhas e da sua
gordura). Se analisarmos os acontecimentos anteriores, podemos ver que as duas
ofertas estão ligadas ao pecado de seus pais. Quando Adam e sua esposa pecaram,
ao sentirem a culpa sobre si, utilizaram-se de plantas para se cobrir. Foi
justamente da vegetação que Caim, o lavrador, oferta. Mas Deus havia reprovado
a fragilidade das folhas de figueira e coloca no casal uma coberta de peles,
provavelmente de um animal morto. Abel, o pastor, segue a linha de Deus, oferecendo
um animal como sacrifício.
É claro que Deus não rejeitou a
oferta de Caim por ser vegetação, até porque mais tarde Deus estabelece entre
os tipos de oferta os cereais (Levítico 2:1-16). Mas percebemos posteriormente que
Caim estava muito ligado ao caráter dos seus pais, pois preferia se proteger
das consequências do pecado do que se arrepender (Gênesis 4:13,14).
A morte do primogênito por Abel
representava que alguém teria que morrer no lugar do homem pecador. Não
adiantava se esconder atrás de folhas de figueira. Além disso, Abel ofereceu
seu melhor (primogênito) e Caim ofereceu “mais um” dos frutos da terra.
Outro detalhe que percebemos na
oferta de Abel é que há a questão de se mencionar as palavras “e da sua gordura”.
Por quê? No sacrifício pelo pecado era necessário colocar a parte a gordura do
animal morto do restante do corpo (Levítico 4:8-12), mas no sacrifício voluntário,
todo o corpo era queimado junto (Levítico 1). Sendo assim, a oferta de Abel
representa não um pedido de perdão a Deus, um sacrifício pelo pecado, mas um
ato de adoração a Deus.
A partir daí, vemos os
personagens bíblicos oferecendo suas devoções ao Senhor seguindo o padrão de
Abel:
- Enos, que invocou ao Senhor
(Gênesis 4:26).
- Noé, que ofereceu holocausto
(sacrifício queimado) sobre o altar de todo animal limpo e de toda a ave limpa
(Gênesis 8:20).
- Jó, de madrugada, continuamente
oferecia holocaustos de acordo com o número de seus filhos (7 homens e 3
mulheres) quando estes se juntavam para farrear, para tentar alcançar o perdão
de Deus sobre eles (Jó 1:2,4-5).
Detalhes revelados na história de Abraão
Não temos muitos detalhes dos
cinco personagens acima, mas com a história de Abraão conseguimos unir todos
esses personagens e entender melhor como eles adoravam:
- Abrão edificava altares
(Gênesis 12:7; 13:18) e invocava ao Senhor nos altares que erguia (Gênesis
12:7; 13:4). Sendo assim, pode explicar como Enos invocou ao Senhor;
- Abrão, em Jerusalém, entregou o
dízimo dos despojos ao sacerdote Melquisedeque (Gênesis 14:18-20), que poderia
ser tanto de animais, escravos (Gênesis 13:16; 20:14) quanto de moedas da época
(Gênesis 23:16; 24:1);
- Abrão fez uma aliança com Deus matando
uma bezerra de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma
rola e um pombinho, repartindo-os pelo meio, colocando cada parte em frente a
outra, sem repartir as aves (Gênesis 15:9-10). Unindo esses detalhes com a
oferta de Abel e Noé podemos reconhecer que já havia alguns padrões nas ofertas
que só nos serão informadas nos livros de Levítico, mas que faziam parte dos
adoradores desde o início;
- Abraão plantou um bosque
invocando ali o nome do Senhor (Gênesis 21:34);
- Abraão, novamente em Jerusalém,
edificou um altar, pôs em ordem a lenha, amarrou Isaque, deitou-o sobre o altar
em cima da lenha e quase o mata ali, por ordem de Deus, que no momento certo
providenciou um substituto, um carneiro que foi oferecido em holocausto
(Gênesis 22:1-13);
Assim prosseguiu a descendência
de Abraão seguindo o exemplo de seu pai:
- Isaque edificou um altar e ali
invocou o nome do Senhor (Gênesis 26:25);
- Jacó derrama azeite sobre uma
pedra pondo-a por coluna de uma futura “casa de Deus” e faz um voto prometendo dar
o dízimo de tudo que o Senhor lhe desse (Gênesis 28:18-22), como também
levantou um altar chamando-o de Deus, o Deus de Israel (Gênesis 33:20) e outro
que chamou de Deus de Betel (Gênesis 35:7). Em Betel, no local do voto
anterior, levantou uma coluna derramou uma libação e azeite (Gênesis 35:14). Em
Berseba ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai (Gênesis 46:1).
Quem tem coração grato sacrifica
Moisés, a mesma pessoa que
escreveu Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, é intitulado como
aquele que trouxe a “lei”, como se antes dele já não houvesse regulamentos,
instruções e tradição de serviço ao Senhor. Na verdade, sempre houve, desde
Adam. Não é porque os detalhes só aparecem em Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio, que os personagens de Gênesis desconheciam aquelas orientações.
Será que foi preciso “os dez
mandamentos” para o homem saber que não precisa matar, cobiçar, ou temer só a
Deus? Será que os servos de Deus não sabiam que, se quisessem ofertar ao
Senhor, teria que ser o melhor? Será que somente com Moisés que a humanidade
conheceu a vontade de Deus?
Na verdade, o próprio Deus disse
que as instruções de Moisés não eram novidades e não estavam distantes de
Israel, mas em sua boca e no seu coração (Deuteronômio 30:11-14). Todo o homem
tem a “Instrução escrita em seus corações” (Romanos 2:15).
Como mencionamos em outra
postagem (A Lei e a Graça), Deus nunca se agradou com matança de animais. Não
foi Deus quem pediu a Abel para ofertar, mas apenas aceitou a adoração desse homem
que reconhecia a necessidade do Redentor que viria morrer por ele.
Muitos hoje querem encontrar
algum meio para não precisarem mais ofertar, dizimar, até mesmo por culpa de
uma corja de líderes corruptos que desviam o propósito das arrecadações com o
fim de construir templos ostentosos para trazerem glórias para si, mas nada
justifica o servo de Deus parar de ofertar.
Dois conselhos:
1º - Se teu líder não usa das
contribuições conforme as Escrituras ensinam, ele está fadado a também ser
reprovado por Deus. As regulamentações de Moisés mostram que as ofertas eram
para serem repartidas entre a sociedade e, principalmente, entre os pobres e
viúvas. Em Deuteronômio 12:6,7,10,11,17-19 Moisés orienta a nação de Israel “comer”
os seus dízimos e ofertas junto dos escravos e levitas em Jerusalém e em Isaías
1 Deus reprova Israel porque o povo ofertava, mas o pobre e a viúva morriam de
fome. A imagem ao lado fala por si mesmo, não é mesmo? Estão usando da Palavra e da liberalidade de pessoas que amam ao Senhor para alvos que Deus nunca determinou...
Há muito o que falar sobre isso,
mas ficamos por aqui até Deus nos conceder outra oportunidade...
2º - Não temos um templo em Jerusalém para fazer sacrifícios de animais. Nossa forma de ‘matar o cordeiro’ hoje é partir o pão na ceia. Mas se caímos no costume e não ceamos, ofertamos ou dizimamos de forma voluntária e com amor e gratidão ao Senhor, tudo é vão e Deus não recebe. Cuidado, pois Caim não teve apenas uma oferta reprovada, mas sua vida foi reprovada...
A conclusão aqui seria: Independente da forma que ofertamos, somos desafiados a dedicarmos o melhor para Deus e confirmar com nossas atitudes diárias aquilo que temos expressado com nossos dízimos e ofertas, declarações, músicas ou danças... Não podemos nos esconder de Deus!
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