10 junho 2020

DANIEL, O HOMEM QUE APRENDEU A DESEJAR A ETERNIDADE



O menino Daniel

Daniel era muito novo quando a Babilônia, atual Iraque, atacou sua terra e levou escravizados muitos jovens como ele. Em um só dia Daniel perdeu seus pais, sua família, seus líderes e professores, o santuário, sua terra natal, sua casa, seus sonhos de vida e de uma futura família, sua herança.

“No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de babilônia, a Jerusalém, e a sitiou. E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus. E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes, jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus.” Daniel 1:1-4

“Os quais Nabucodonosor, rei de babilônia, não levou, quando transportou de Jerusalém para Babilônia a Jeconias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, como também a todos os nobres de Judá e de Jerusalém;” Jeremias 27:20



Não sabemos quantos anos Daniel tinha quando foi levado cativo. As Escrituras nos relatam que ele era ainda novo, de forma que pudesse aprender a cultura e conhecimento de Babilônia, e ele era rico (nobre), e trabalharia como escravo e eunuco servindo ao rei em seu palácio.


Daniel e sua obediência a Deus

Fico pensando o que poderia vir à mente de Daniel aqueles dias...
Todos os projetos de vida que fora estabelecido para ele foram frustrados em um só dia. Poderia ter pensamentos de medo, raiva, decepção, incertezas, solidão, saudades, tristeza, ansiedade... angústia!

Talvez outros meninos, em seu lugar, se revoltariam. Rebelar-se-iam contra Deus. Pensariam em fazer o que “lhe desse na telha”, já que agora está longe da visão de seus pais e sacerdotes. Mas Daniel não era um menino qualquer. Ele tomou a melhor decisão de sua vida: continuar servindo a Deus!

“E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim destes pudessem estar diante do rei. E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias; E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego. E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.” Daniel 1:5-8



O mesmo Deus que Daniel aprendeu a adorar em Jerusalém, é o Deus que também o via em Babilônia. Ele poderia estar longe dos olhos de seus pais, de seus líderes, dos sacerdotes, mas não estava longe dos olhos de Deus. E os três próximos anos de estudos intensos e muita dedicação a Deus e aos homens, tornou Daniel e seus amigos, judeus de destaque.

“Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos. E ao fim dos dias, em que o rei tinha falado que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor. E o rei falou com eles; entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram assistindo diante do rei. E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino. E Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro.” Daniel 1:17-21

É maravilhoso quando temos em quem nos espelhar. Amo a história de Daniel porque ela me desafia a ser melhor. Induz-me a dedicar-me em todas as áreas da vida, estudos, trabalho etc. Mas, em primeiro lugar, a servir a Deus, nas melhores e nas piores circunstâncias.

A passagem acima diz que “Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro”. Ou seja, foram setenta anos de dedicação a Deus e aos homens, com constância, com perseverança. Daniel não apenas serviu a Deus nos momentos bons. Ele passou dias de glória e de vergonha, mas não se desviou do seu propósito de amar e buscar ao Senhor.


Daniel, o amigo querido de Deus

“Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer... Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Daniel, que é dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração.” Daniel 6:10,13



Daniel orava três vezes ao dia voltado para Jerusalém. Seu sonho sempre foi ver sua terra natal, Jerusalém, restaurada. Mesmo após sua velhice, ele não parou de orar. E ele se dedicava à oração, não por ser uma pessoa desocupada, pois tinha muitos compromissos reais. A tal ponto que, mesmo depois que Babilônia foi vencida, o novo reino da Pérsia, confiou a Daniel novamente cargo de confiança. Mas não era só os olhos dos homens que chamavam atenção de Daniel. 
A oração de Daniel não era egoísta. Ele não pedia coisas para si mesmo. Ele era um intercessor e alcançou pela oração intimidade com Deus. 
Deus o amava, como seu querido amigo!

“Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus, estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio, voando rapidamente, e tocou-me, à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a palavra, e entende a visão.” Daniel 9:20-23

“E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado...” Daniel 10:11

Imagina você orar muito por uma pessoa, ou por uma causa, mas, conforme os anos se passam, você não percebe mudanças para melhor. É um desafio permanecer em oração, não é mesmo? Mas Daniel permaneceu em oração, mesmo setenta anos depois. Seu sonho era ver sua terra restaurada e seu povo também servindo a Deus.

Daniel sabia que a causa de toda sua história ter sido alterada foi o pecado de Judá, o Reino do Sul. Jerusalém foi destruída por desprezar a Deus e servir aos falsos deuses, cometendo todo tipo de abominação contra Deus e contra o próximo.

Mas Daniel não nutria ódio contra os seus. Como vimos na passagem acima, ele orava por seu povo. E seu desejo era ver a restauração de Israel.


A Pedra cortada e o Reino eterno

Depois de um tempo em Babilônia, Daniel foi usado por Deus para milagrosamente revelar o sonho e a interpretação do sonho que Nabucodonosor tivera. Tenho certeza que aquele sonho renovou as forças de Daniel, pois prometia que, após se levantar quatro reinos mundiais sobre a terra, Deus iria estabelecer seu Reino para sempre!

“Quando estavas olhando, uma pedra [EVEN - אבן] foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra [AVENA - אַבְנָא] que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra. Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao rei... Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra [EVEN - אבן], sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação.” Daniel 2:34-36,44,45



O sonho com certeza foi um projeto de Deus para dar ainda mais destaque ao seu servo Daniel em Babilônia, e também para mostrar o Seu poder e glória, pois nenhum falso deus foi capaz de revelar aos feiticeiros, magos, astrólogos etc. o sonho e sua interpretação.
Mas, além de tudo isso, um sonho foi gerado em Daniel: Babilônia vai cair, outros três impérios virão, mas depois de tudo isso o Reino de Deus será estabelecido! Maranata!

Assim que Daniel e os nobres de Judá foram levados como escravos, alguns falsos profetas se levantaram para dizer que o cativeiro babilônico duraria apenas dois anos (Jeremias 28:3,11). Mas outro homem de Deus da época chamado Jeremias havia desmascarado aquela mentira e sentenciou os judeus a setenta anos prisioneiros em Babilônia (II Crônicas 36:21; Jeremias 25:11,12; 29:10; Zacarias 1:12; 7:5).

As cartas do profeta Jeremias chegaram em Babilônia e, com certeza, Daniel teve acesso a elas. Por mais que não visse mudanças aparentes, Daniel confiou e esperou no Senhor todo este tempo, até que chegou o ano septuagésimo:

“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.” Daniel 9:2 (ler Daniel 9:1-19)



Chegou o tempo em que Daniel tanto esperou. Cumpriram-se os setenta anos e Daniel implora o favor do Senhor. Porém, de fato, uma parte das orações desse amado irmão foi ouvida. Naquele ano os judeus foram libertos do cativeiro pelo novo império que havia se levantado, a Pérsia, atual Irã. Mas, o anjo Gabriel vem até o profeta Daniel esclarecer que ainda faltaria muito para que o pecado do povo israelita fosse removido e sobre Jerusalém e o santuário fossem cheios da glória de Deus!
Como Deus havia revelado antes, depois de Babilônia, se levantou a Pérsia, mas ainda faltava se levantar mais dois impérios: o grego e o romano.

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” Daniel 9:24-27



Semanas aqui não se refere a sete dias. Nas Escrituras Sagradas, uma semana equivale à sete anos:
Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que ainda outros sete anos comigo servires. E Jacó fez assim, e cumpriu a semana de Lia; então lhe deu por mulher Raquel sua filha.” Gênesis 29:27,28
“Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.” Levítico 25:8

Sendo assim, Daniel teria que fazer alguns cálculos. Naquele ano os judeus voltariam para sua terra natal. Mas haveria um outro tempo a se iniciar.
Desde o ano em que os muros de Jerusalém começassem a ser reconstruídos (o que relata o livro de Neemias), até ao Messias ser cortado, haveria sessenta e nove semanas. Ou seja, 69 x 07 = 483 anos.
Sem contar mais uma semana que ocorrerá nos tempos do fim, para completar as setenta semanas... Mas vamos deixar essa última semana para um outro estudo...

Assim como a pedra do sonho de Nabucodonosor foi cortada, assim também o Messias seria cortado:
“... uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou...” Daniel 2:34
“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias...” Daniel 9:26

Sendo assim, o Messias é comparado à Rocha, que precisaria ser cortado para estabelecer o reino de Deus sobre a terra.




Daniel aprende a almejar a eternidade

Eis a questão: Daniel suportou e esperou setenta anos para ver seu povo ser liberto, e viu. Mas ele não suportaria mais de quatrocentos anos para ver o seu Rei e Messias.
Ele conseguiu ver a Babilônia cair e um novo reino se levantar, mas não aguentaria ver todos os novos impérios que viriam.
Na “altura do campeonato” ele já estava com mais de oitenta anos, quem sabe, já tinha ultrapassado os noventa.
Deve ter sido difícil para ele saber que morreria antes de ver o que tanto pediu acontecer...

Mas o Deus que cumpriu a Sua promessa e libertou os judeus do cativeiro babilônico através dos medo-persas, é poderoso para cumprir com as outras promessas, no tempo certo, da forma certa.

A seguir, alguns anos se passam e Daniel está triste (Daniel 10:2,3). Deus envia mais uma vez Gabriel para consolá-lo e fortalece-lo (Daniel 11:1) revelando mais detalhes sobre como seriam os reinos que viriam sobre a terra.
Deus revelou ao seu amigo Daniel coisas extraordinárias! Detalhes que ocorreriam desde os reis da Grécia, de Roma e o futuro rei que virá sobre o mundo, ao qual as Escrituras chamam de Anticristo. Então, o anjo diz ao idoso Daniel:

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente... e jurou por aquele que vive eternamente ... Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.” Daniel 12:2,3,7,13

Aquele que vive eternamente, o El Olam, o Deus eterno, há de ressuscitar seu amigo Daniel nos tempos do fim, e, ainda que ele tenha perdido suas riquezas na juventude, havia uma herança reservada para ele! A sabedoria e justiça de Daniel teria recompensa, até porque a nossa história não termina aqui. Assim como Daniel soube governar os negócios dos caldeus e dos persas, assim Deus tem reservado para ele uma glória ainda maior do que a dos reinos desse mundo. Quem sabe Daniel será um dos que estará ao lado do Messias para auxiliar na administrar do reino dos céus. Grande será a honra que virá de Deus para ele. Como o fulgor do firmamento e como as estrelas sempre e eternamente!



Assim como Jesus ressuscitou e a pedra do sepulcro rolou, assim também Daniel há de ressuscitar!

Esse texto bíblico também se encaixa perfeitamente na vida de Daniel:

“Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” Hebreus 11:13-16

Agora, Daniel não tinha mais esperança das coisas perecíveis. Ele tem um sonho: ver o reino eterno sobre a terra e, como o anjo disse, ele precisava perseverar até o fim dos seus dias aqui, pois a Rocha que do sonho de Nabucodonosor exatamente 483 anos depois foi cortada, ferida, a fim de trazer perdão, não apenas para os judeus, mas para todo o que nEle crer...

E assim como Deus cumpriu a primeira parte da profecia, em que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Ele cumprirá a segunda parte da profecia. Jesus virá estabelecer o Seu Reino sobre a terra.

O estudo continua...

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