25 fevereiro 2018

JESUS, SACERDOTE PARA SEMPRE SEGUNDO A ORDEM DE MELQUISEDEQUE




I. QUEM É MELQUISEDEQUE, DE ACORDO COM GÊNESIS 14?

“... até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” Gênesis 14:17-20

De repente, no meio da história de Abraão, surge e desaparece um personagem denominado Melquisedeque. Vamos analisar as informações que temos sobre ele:

Melquisedeque, duplamente REI DE PAZ

“... Melquisedeque, rei de Salém...” Gênesis 14:18
- Este personagem das Escrituras era rei duas vezes. Isso porque, além de ter a autoridade de rei (rei de Salém), seu próprio título (Melquisedeque) significa “rei de justiça” (Hebreus 7:2).
O que significa ser rei de justiça? Melquisedeque era justo? O que significa ser justo? Na segunda parte deste estudo nos deteremos ao termo “justiça”.

- Ele também era rei de paz duas vezes. Salém é a mesma palavra no hebraico para “Shalom”, que significa “Paz” (Hebreus 7:2). Além da questão territorial, note que, embora Melquisedeque fosse rei, e habitasse em Canaã, ele não se envolve com a guerra que ocorreu naquele lugar, entre os quatro reis do Oriente e os cinco reis de Canaã : “E aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, e a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).” Gênesis 14:1,2 Até o Abraão se meteu nessa guerra e beneficiou os reis cananeus, porém Melquisedeque em nada teve participação neste evento.
Salém é o território da cidade de Jerusalém (Gênesis 33:18; Salmo 76:2). É justamente nesse texto a primeira citação clara sobre a cidade de Jerusalém, futuramente conquistada pelo rei David e instituída como a capital da nação de Israel.

Salomão, filho do rei David, tem esse nome também originado da palavra “shalom”: “Eis que te nascerá um filho, que será homem de repouso; porque lhe darei repouso de todos os seus inimigos ao redor; portanto Salomão será o seu nome, e eu darei paz e descanso a Israel nos seus dias.” I Crônicas 22:9 Salomão foi também o rei de Salém, e rei de Paz! Diferentemente de David, seu pai, Salomão nunca precisou se armar para o combate a fim de expandir o seu exército. Suas únicas guerras enfrentadas durante o seu reinado foi apenas quando este se afastou de Deus (I Reis 11). Tanto Melquisedeque quanto Salomão apontam para Jesus como o rei de paz que reinará o mundo a partir da cidade de Jerusalém!

- Diante de Salém ficava o Vale de Savé, que é o vale do rei, por onde Abrão passou para se encontrar com Melquisedeque. Mais tarde será chamado de Vale de Cedrom (I Reis 15:13; II Reis 23:4,6; II Crônicas 15:16; 30:14; Jeremias 31:40). David, também rei de Jerusalém, também passou nesse vale e subiu ao monte das Oliveiras para adorar, quando fugiu, traído por seu filho Absalão com beijos, que acabou numa noite morto pendurado numa árvore (II Samuel 15 – 18). Da mesma forma, Jesus, o príncipe da paz e futuro rei de Jerusalém, passou por este vale na noite em que foi traído por um beijo de Judas e subiu o monte das Oliveiras para adorar. Na mesma noite, Judas morreu ao se pendurar numa árvore para se suicidar (João 18:1-3 etc.). Tanto a história do encontro de Abraão com Melquisedeque, e a história da traição de David por seu filho Absalão, apontam para os sofrimentos de Jesus na noite antecessora à Sua morte...

- E não é só isso. Essa região de Salém era tão importante para Deus que as duas maiores experiências de Abraão vão ocorrer ali. Primeiro, a sua aliança com Deus (Gênesis 15) e, anos depois, ele volta ali para “sacrificar” seu “único” filho, Isaque (Gênesis 22). Para quem não sabe, Moriá (Gênesis 22:2) é o mesmo território de Jerusalém (II Crônicas 3:1).

- Melquisedeque parece ter um respeito ou autoridade diferenciada dentre os outros reis. Isso porque quando Bera, o rei de Sodoma vai até Abraão pedir que este liberte os sodomitas que ele resgatou, Melquisedeque aparece, ceia com Abraão, o abençoa, recebe o dízimo e desaparece novamente. Só depois da atuação de Melquisedeque que o rei de Sodoma ‘recebe a palavra’: “E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho... E o rei de Sodoma disse a Abrão...” Gênesis 14:17-21

- Décadas depois, no episódio da morte de Sara, esposa de Abraão, este é revestido de autoridade semelhante em Canaã: “Responderam-lhe os filhos de Hete: Ouve-nos, senhor; príncipe de Deus és tu entre nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu morto.” Gênesis 23:5,6 Abraão é tratado como príncipe dentre os cananeus, devido sua devoção a Deus. Embora Abraão nunca exercera autoridade monárquica em Israel, espiritualmente ele foi reconhecido como o primeiro governante dentre os israelitas. Além de outros motivos, foi Abraão quem salvara a terra dos cananeus das mãos dos povos de Babel em Gênesis 14. Toda a Canaã lhe devia a sua liberdade...

- Abrão já tinha muitos servos (Gênesis 12:16; 13:7; 14:14; 15:3). Quando guerreou contra os reis caldeus para salvar seu sobrinho Ló e sua família, também, trouxe consigo todos os despojos da guerra e aqueles que tinham se tornado escravos dos caldeus. Abrão poderia ficar com todo aquele povo resgatado como seus escravos. Mas, após o encontro com Melquisedeque, Abraão não faz questão de nada que o remeta àquela guerra:
“E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti. Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte.” Gênesis 14:21-24

É exatamente isso o que o futuro rei justo de Jerusalém fará: nova aliança e libertação aos presos: “Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.” Isaías 42:6,7
“Naqueles dias e naquele tempo farei brotar a David um Renovo de justiça, e ele fará juízo e justiça na terra.” Jeremias 33:15




Melquisedeque, o Sacerdote

“... Melquisedeque... era este sacerdote do Deus Altíssimo.” Gênesis 14:18

- Melquisedeque é identificado como um sacerdote. Mas o que faz um sacerdote? “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Malaquias 2:7 Cabe, portanto, ao sacerdote, representar o homem diante de Deus, e Deus diante dos homens.
Melquisedeque é aquele que trás a bênção de Deus para Abraão, ceia trazendo o pão e o vinho, e recolhe o dízimo de Abraão para Deus. Sendo assim, o primeiro é maior, ou seja, tem mais autoridade espiritual, do que o segundo (Hebreus 7:6,7).

- Embora seja um sacerdote, Melquisedeque não aparece realizando sacrifícios de animais. Sua única forma de adoração ali é uma expressão de louvor ao Senhor: “... bendito seja o Deus Altíssimo...” É interessante comentar que muitos afirmam que Abraão é o pai do monoteísmo (crença em um único Deus), porém isso não é verdade. Tanto Melquisedeque quanto tantos outros que vieram antes dele serviram ao único Deus, como as Escrituras registram.

- Melquisedeque trouxe pão e vinho na noite em que Deus pediu a Abraão que cortasse os animais na tarde do próximo dia para estabelecer a aliança, em meio à trevas mesmo sendo ainda de tarde (Gênesis 15).
Sabemos que o momento da ceia entre Melquisedeque e Abraão era noite porque está escrito:
“Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em sua casa, 318, e os perseguiu até Dã. E dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus criados, e os feriu, e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.” Gênesis 14:14,15 Além disso, Deus disse para Abraão logo após o episódio com Melquisedeque: “Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.” Gênesis 15:5
Profeticamente, foi o mesmo que Jesus fez. Partiu o pão e o vinho que representa a nova aliança para seus discípulos na noite anterior à Sua morte (Mateus 26:26-31), quando tudo também escureceu em pleno dia e morreu à tarde (Mateus 26:45-50).

- Quem lê as Escrituras, sabe muito bem que é fácil identificar a linhagem sacerdotal da tribo de Levi. Mas, quando não existia ainda a nação de Israel, Deus tinha sacerdotes que o cultuavam? A vida de Melquisedeque é uma prova de que, sim, havia. E ele não era o único, como vamos ver a seguir...


II. A PROFECIA DE SALMOS 110, E A ORDEM DE MELQUISEDEQUE

“Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.” Salmos 110:4

O rei David compôs o Salmo 110 (Marcos 12:35-37) e, ao falar sobre o reino do Messias, cantou que este seria um sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque. É fácil, pelas Escrituras, percebermos a ordem, ou seja, a linhagem sacerdotal da tribo de Levi. Mas, que ordem era essa do rei e sacerdote Melquisedeque? Ele estava inserido em alguma genealogia?
Como falamos anteriormente, Melquisedeque significa rei de justiça. Mas, de que forma essa justiça, segundo as Escrituras, era “herdada”?

A Bênção que se transmite
Quando a gente vê nas Escrituras Sagradas um pai abençoando um filho, por causa de nossa cultura ‘cristã’, achamos que é simplesmente uma palavra bonita que o pai ou mãe deseja para o filho toda vez que esse vai para casa, ou para o trabalho, ou simplesmente um gesto de respeito. Mas o que acontece na Bíblia não é um simples: “– Bênção, mãe. – Deus te abençoe, meu filho!” É maior do que isso...

“Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera; e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos. Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Viveu Noé, depois do dilúvio, 350 anos. E foram todos os dias de Noé 950 anos; e morreu.” Gênesis 9:24-29
Noé simplesmente estava cumprimentando Sem, ao dar a bênção para ele, ou o estava consagrando como o herdeiro de sua autoridade espiritual sobre o mundo, antes de sua morte? Por que Noé não abençoou os três filhos, ou pelo menos, Sem e Jafé? A “bênção” da autoridade espiritual só foi herdada por Sem, o único dentre os três que temia a Deus. Perceberemos a importância desse tipo de bênção na sucessão da família de Abraão, principalmente com seu neto Jacó.

Abraão
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12:1-3
“Ora, Melquisedeque... e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra!” Gênesis 14:18,19

Isaque
“Abraão, porém, deu tudo quanto possuía a Isaque;” Gênesis 25:5
“Depois da morte de Abraão, Deus abençoou a Isaque, seu filho...” Gênesis 25:11
“E apareceu-lhe o Senhor e disse: ... serei contigo e te abençoarei... confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai; e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;” Gênesis 26:2-4

Jacó
“Jacó havia feito um guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado; e disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou muito cansado. Por isso se chamou Edom. Respondeu Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura. Então replicou Esaú: Eis que estou a ponto e morrer; logo, para que me servirá o direito de primogenitura? Ao que disse Jacó: Jura-me primeiro. Jurou-lhe, pois; e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Jacó deu a Esaú pão e o guisado e lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu caminho. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.” Gênesis 25:29-34
“E Jacó lho trouxe, e ele comeu... Disse-lhe mais Isaque, seu pai: Aproxima-te agora, e beija-me, meu filho. E ele se aproximou e o beijou; e seu pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse: ... sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem. Tão logo Isaque acabara de abençoar a Jacó, e este saíra da presença de seu pai, chegou da caça Esaú, seu irmão;” Gênesis 27:25-30

José e seus filhos
“E abençoou a José, dizendo: O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque... abençoe estes mancebos... Vendo José que seu pai colocava a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isso desagradável... E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a sua cabeça. Mas seu pai, recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele também será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência se tornará uma multidão de nações. Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Por ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim e como Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.” Gênesis 48:15-20
“José é um ramo frutífero... pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos dos céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos seios e da madre. As bênçãos de teu pai excedem as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros; sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos.” Gênesis 49:22-26

Noé abençoou Sem, seu filho primogênito, com autoridade sobre seus irmãos mais novos (Gênesis 9:24; 10:21). A primogenitura era algo valioso, porém, no caso de Jacó, o que falou mais alto foi o temor deste pelo Senhor. Enquanto Esaú desprezou a primogenitura, Jacó a almejava, embora tenha falhado tanto (Gênesis 25:21-23; Salmos 47:4; Malaquias 1:2,3). O mesmo vai se repetir com os filhos de José. Embora Manassés fosse o filho mais velho de José, é Efraim que recebe a autoridade. Jacó transmitirá o que ocorreu com ele para os seus netos. Sendo assim, Jacó entende que a bênção da autoridade de Deus não está limitada ao costume da primogenitura.
E não é apenas em sua vida que isso ocorre. Na própria história de Caim e Abel, o mais velho é reprovado por Deus, enquanto o mais novo é aceito e honrado (Gênesis 4:1-5). O mesmo ocorre entre Abraão e Isaque. Embora Ismael fosse o filho mais velho de Abraão, Isaque era o filho da promessa... Jacó conhecia estes fatos? Com certeza, sim.
Para Deus, não são os laços genéticos o mais importante no momento de receber a herança espiritual, mas sim, um determinado comportamento que qualifica o futuro herdeiro...

Herdeiros da Justiça
Vimos acima que Melquisedeque, o “rei de justiça”, que tinha autoridade espiritual sobre Abraão, lhe abençoou, como que “passando a bola” (transferindo a sua autoridade), e Abraão se torna o “príncipe espiritual” de Canaã.
“Ora, Melquisedeque... abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo...” Gênesis 14:18,19
“Responderam-lhe os filhos de Hete: Ouve-nos, senhor; príncipe de Deus és tu entre nós...” Gênesis 23:5,6

Mas como Abraão recebeu ali no episódio de Melquisedeque a herança dessa justiça, senão pela fé?
“E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.” Gênesis 15:6

Abel, Noé, Sem, Melquisedeque, Abraão, Isaque, Jacó, José etc. eram perfeitos? Com certeza, não. É justamente essa fé que torna Abraão, e todos os outros, justos, que marca os escolhidos de Deus na Palavra.
“Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.” Romanos 4:1-5
Deus tornar alguém justo, não significa que Ele simplesmente ignorou as falhas dessa pessoa. O termo “imputar” em Gênesis 15:6 significa “lançar na conta de outro”. Alguém pagou pelos pecados de Abraão. Os erros do patriarca foram lançados na conta de alguém...
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.” Isaías 53:5,6

A seguir, os personagens bíblicos ficaram marcados pelo termo justiça, ou seja, TSEDEQ em hebraico (צדק), antes de surgir o sacerdote levítico:


1. Abel, o justo

“E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o Senhor disse a Caim:... Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? ... E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou. E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.” Gênesis 4:2-10

Não foi apenas o sangue do sacrifício dos animais de Abel que agradou a Deus. Antes da oferta, a sua vida era aprovável (se bem fizeres). Atentou o Senhor para Abel (primeiro) e para a sua oferta (por último). O sangue da vida de Abel em sacrifício falou mais (a voz do sangue do teu irmão clama) do que o sangue derramado dos primogênitos de suas ovelhas.

“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” Hebreus 11:4
“Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar.” Mateus 23:35
Assim como no caso de Abraão que já citamos, a justiça de Abel não foi alcançada por um comportamento perfeito, embora vivesse de maneira que buscava agradar a Deus. A justificação veio sobre a sua vida, conforme nos afirma o escritor aos hebreus, pela fé. Ele é o primeiro justo das Escrituras por meio da fé.

“Para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; Desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração.” Lucas 11:50,51
Abel é chamado pelo Senhor Jesus de profeta. Sendo assim, ele não era um simples crente. Ele foi o proclamador da vontade de Deus para a sua geração. Aparentemente, Abel morreu sem deixar herdeiros. Não somente filhos naturais, mas também, filhos na fé. Mas, de algum modo, a sua vida marcou. As suas ofertas de sacrifícios de animais e sua própria história, com seu sangue derramado, falou para as próximas gerações, sobre o juízo para os rebeldes e sobre o perdão para os que creem no Salvador...
Profeticamente, Caim era o sacerdócio ímpio (representado pelo sacerdócio levítico da época de Jesus) que mataria o sacerdote justo (o próprio Senhor Jesus)...
Para maiores informações sobre esse evento profético, leia a postagem Sanguinários Levitas.

“E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus; A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra, senão também o céu.” Hebreus 12:24-26



“E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor.” Gênesis 4:25,26
É através da linhagem de Sete, aquele que nasce após a morte de Abel, que a justiça é herdada... Enquanto a família de Caim se afasta cada vez mais de Deus e se aproxima cada vez mais da perversão, a segunda geração de Sete, ao ouvir a história de que sua família surgiu após a morte do justo Abel, eles passam a adotar a mesma fé e a invocar o nome do Senhor... (Gênesis 4). Segue abaixo o quadro com essa genealogia:

Adam (0 – 930 d.A.)
Sete (130 – 1.042 d.A.)
Enos (235 – 1.140 d.A.)
Cainã (325 – 1.235 d.A.)
Maaleel (395 – 1.290 d.A.)
Yarede (460 – 1.422 d.A.)
Enoque (622 – 987 d.A.)
Matusalém (687 – 1.565 d.A.)
Lameque (874 – 1.651 d.A.)
Noé (1.056 – 2.006 d.A.)

“E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.” Gênesis 5:24
É importante deixar claro que, como a “ordem de Melquisedeque” não tem uma genealogia específica que passou de pai para filho, da mesma forma, não podemos ser inocentes ao ponto de achar que toda a descendência de Sete invocou a Deus. Quando se trata de fé, não necessariamente “filho de peixe, peixinho é”. “Filho de crente não é crente.” O capítulo 05 de Gênesis é claro ao dizer que Enoque andou com Deus. De alguma maneira, a mensagem sobre o Criador passou de um para o outro, mas nem todos necessariamente seguiram o mesmo caminho.


2. Noé, o herdeiro da justiça

“Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e reto em suas gerações: Noé andava com Deus.” Gênesis 6:9
“Depois disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque te hei visto justo diante de mim nesta geração.” Gênesis 7:1
“Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS.” Ezequiel 14:14
“Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça.” Ezequiel 14:20
“Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.” Hebreus 11:7
“E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;” II Pedro 2:5

Como podemos ver nos seis versículos acima, Noé é citado várias vezes como o justo, em textos diversos por todas as Escrituras. Mas, embora ele buscasse ser agradável a Deus diante daquela sociedade corrupta, não era perfeito. Teve seus erros. E a Bíblia não esconde suas falhas. Contudo, pela fé, alcançou a justificação, e se tornou herdeiro e pregador dessa justiça, que não vem do homem, mas é alcançada em Deus pela fé.

Identificamos Noé, assim como Abel, como sacerdote, por meio do altar que ergueu após o dilúvio:
“E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar.” Gênesis 8:20
O conceito de animal limpo e imundo só nos é explicado bem depois, nos dias de Moisés (Levítico 5:2; 7:21; 11; 20:25; 22:5; 27:11,27; Números 18:15; Deuteronômio 14:3-21). Embora o foco nos dias de Moisés seja falar sobre os animais que poderiam se comer e os que não poderiam se comer, a base para isso era o sacrifício ao Senhor (Levítico 27:11), até porque os sacrifícios eram comidos pelas pessoas após serem apresentados ao Senhor (Êxodo 29:32,33; Levítico 2:3,10; 6:16; 24:9; Deuteronômio 14:22-29; Ezequiel 44:29).
Esta separação entre os animais que poderiam ser sacrificados e os animais que não poderiam ser sacrificados ao Senhor já havia desde os dias de Noé. Sendo assim, embora não tenha uma genealogia ligada a Abel, ele aparece como um sucessor dessa prática.



Vejamos agora a genealogia de Noé:
Noé (1.056 – 2.006 d.A.)
Sem (1.556 – 2.158 d.A.)
Arfaxade (1.658 – 2.096 d.A.)
Sala (1.693 – 2.126 d.A.)
Héber (1.723 – 2.187 d.A.)
Pelegue (1.757 – 1.996 d.A.)
Reú (1.787 – 2.026 d.A.)
Serugue (1.819 – 2.049 d.A.)
Naor (1.849 – 1.997 d.A.)
Terá (1.878 – 2.083 d.A.)
Abraão (1.948 – 2.123 d.A.)

“E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” Gênesis 9:26
Por que Deus não é Deus de Cão ou de Jafé? Por que apenas de Sem? Porque, dentre os três, é Sem quem teme a Deus e recebe a bênção da herança sacerdotal.

“Então Josué disse a todo o povo: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Além do rio habitaram antigamente vossos pais, Terá, pai de Abraão e pai de Naor; e serviram a outros deuses. Eu, porém, tomei a vosso pai Abraão...” Josué 24:2,3
Da mesma forma que falamos sobre a genealogia de Sete até Noé, entre Noé e Abraão se passaram vários personagens e eles não seguiram a fé de Noé. Como podemos ver no versículo acima, a família de Abraão tinha se afastado de Deus e caído em idolatria. Por isso Deus chama Abraão para viver uma nova história na presença dele nas proximidades da terra onde morava Melquisedeque... Será que Melquisedeque outrora viveu nas terras babilônicas (terra separada para os semitas) e depois, saiu para Canaã, como Abraão?


3. Jó, o justo sofredor

“Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS.” Ezequiel 14:14
“Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça.” Ezequiel 14:20
Jó é o próximo da lista citado como justo nas Escrituras. Sabemos que ele viveu entre os dias de Sem e Abraão por três motivos:

1. Jó ele cita o dilúvio e a torra de Babel: “Multiplica as nações e as faz perecer; dispersa as nações, e de novo as reconduz.” Jó 12:23 Sendo assim, ele viveu no período após a torre de Babel.
2. Jó tinha idade dos homens anteriores a Abraão, próximos da torre: “E depois disto viveu Jó 140 anos; e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até à quarta geração.” Jó 42:16 Se, além dos bens de Jó, sua idade também foi dobrada (Jó 42:10), ele viveu no máximo uns 280 anos. Seria uma idade aproximada aos seguintes personagens: Pelegue viveu 239 anos, Reú viveu 239 anos, Serugue viveu 230 anos (Gênesis 11:18-25). “E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra...” Gênesis 10:25
3. Sem, o filho de Noé, teve 05 filhos. “Os filhos de Sem são: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã. E os filhos de Arã são: Uz, Hul, Geter e Más.” Gênesis 10:22,23 Abraão é descende do filho de Sem chamado Arfaxade, como vimos anteriormente. Porém o outro filho de Sem, Arã, gerou um personagem chamado Uz. Jó vinha justamente do território desse homem, sendo assim, possivelmente Jó era semita, como Abraão. “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.” Jó 1:1

Noé (1.056 – 2.006)
Sem (1.556 – 2.158)
Arfaxade (1.658 – 2.096)
Arã
Sala (1.693 – 2.126)
Uz
Héber (1.723 – 2.187)
Pelegue (1.757 – 1.996)
Reú (1.787 – 2.026)
Serugue (1.819 – 2.049)
Naor (1.849 – 1.997)

Terá (1.878 – 2.083)

Abraão (1.948 – 2.123)


Tendo em vista que Jó é anterior a Abraão, é ele que faz a primeira citação de homens com o cargo de sacerdotes: “Aos sacerdotes leva despojados, aos poderosos transtorna.” Jó 12:19 Isso comprova a ideia que Melquisedeque não foi o primeiro sacerdote. Havia antes dos dias de Melquisedeque um grupo sacerdotal, não necessariamente ligados a uma genealogia específica.

“Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente.” Jó 1:5
“Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó.” Jó 42:8
Jó é o justo que, como um sacerdote, intercede a Deus por sua família e por todos os que chegam a ele com ofertas de sacrifício. Em Abel e Noé, só percebemos o ato de Deus aceitar o sacrifício. Mas em Jó entendemos a lógica do sacrifício: a intercessão. O animal não era apenas uma oferta para Deus, mas uma representação de quem se aproximava do sacerdote.
E, além de sacerdote, ele era o “maior” de todo o Oriente: “E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente.” Jó 1:3
“E prosseguiu Jó no seu discurso, dizendo: Ah! quem me dera ser como eu fui nos meses passados... quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;... Quando eu saía para a porta da cidade, e na rua fazia preparar a minha cadeira, os moços me viam, e se escondiam, e até os idosos se levantavam e se punham em pé; Os príncipes continham as suas palavras, e punham a mão sobre a sua boca; A voz dos nobres se calava, e a sua língua apegava-se ao seu paladar. Ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim; Porque eu livrava o miserável, que clamava, como também o órfão que não tinha quem o socorresse. A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que rejubilasse o coração da viúva. Vestia-me da justiça, e ela me servia de vestimenta; como manto e diadema era a minha justiça. Eu me fazia de olhos para o cego, e de pés para o coxo. Dos necessitados era pai, e as causas de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligência. E quebrava os queixos do perverso, e dos seus dentes tirava a presa.” Jó 29:1-17
Quão grande era a autoridade deste homem antes dos males que lhe sobreveio...!!! Jó não era apenas um homem rico que sacrificava, mas uma autoridade espiritual, um sacerdote real...

A vida de Jó nos impressiona tanto que, mesmo em seus dias, pelo menos dois mil anos antes de Jesus nascer, ele já clamava por sacerdote superior, que pudesse alcançar Deus e o homem. Alguém que fosse ao mesmo tempo Deus e homem. Para maiores informações sobre isso, leia a postagem Jó clamou por Jesus.




4. Melquisedeque, o rei de justiça

“A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;” Hebreus 7:2
“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.” Gênesis 14:18

Se Abraham o honra, ele o conhece, ou conhece sua fama, ou algo nesse sacerdote o identifica a uma ordem sacerdotal.

Melquisedeque, portanto, não traz pão e vinho por mera conscidência. É dessa maneira que o encontro dos dois é marcado. Havia um rito conhecido de Abraham ocorrendo ali...
Melquisedeque não trouxe pão e vinho simplesmente porque Abraham precisava se alimentar. Ou porque esses eram os únicos tipos de alimentos que havia ali em Salém. Ele trouxe para Abraham pão e vinho justamente porque era parte de um rito. As Escrituras dizem que Melquisedeque trouxe pão e vinho porque era sacerdote do Deus Altíssimo:

"Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo;" Gênesis 14:18

Este ritual é tão importante para o Senhor Jesus que Ele o institui como um memorial eterno:

"E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós." Lucas 22:14-20

Para mais detalhes desse evento, leia a postagem O Segredo da Páscoa.

Não é apenas o momento da ceia que liga o episódio do encontro de Abraham e Melquisedeque com o episódio da ceia de Jesus e Seus discípulos.Vejamos as semelhanças:
- Era noite (Gênesis 14:15; Mateus 26:20,31);
- Noite anterior à aliança (Gênesis 15:18; Mateus 26:28);
- Ceia com pão e vinho (Gênesis 14:18; Mateus 26:26-29);
- Local da ceia: Jerusalém (Gênesis 14:18; Mateus 20:17);
- Passagem pelo vale/ribeiro de Cedrom (Gênesis 14:17; João 18:1);
- Morte à tarde (Gênesis 15:9-12; Mateus 27:45,46);
- Escuridão em pleno dia (Gênesis 15:12,17; Mateus 27:45,46);
- Encontro com um sacerdote (Gênesis 14:18; João 18:13-24);
- Encontro com o governador de Jerusalém (Gênesis 14:18; Lucas 23:1);
- Houve um confronto (Gênesis 14:1-16; João 18:10,11);
- Repetição do número três (Gênesis 15:9; Marcos 14:30,41,72; 15:25,33).
Isso explica um pouco do interesse de Jesus em celebrar aquela ceia. Aquele momento foi profetizado 2 mil anos no episódio de Melquisedeque.

Interessante que não ficou só nisso. Mil anos antes também ocorreu outro episódio que profetizou esse momento de ceia entre Jesus e os doze:
- Davi foi traído (II Samuel 15:1-6; Mateus 26:14-16);
- Davi foi traído por alguém que amava, seu próprio filho (II Samuel 13:39; 18:33; Mateus 26:23-25,50);
- Davi foi traído com beijos (II Samuel 15:5,6; Mateus 26:48,49);
- Era noite (II Samuel 17:1,8,16; Mateus 26:20,31);
- Davi, rei de Jerusalém (II Samuel 15:14,15; Mateus 27:11,37);
- Davi passa pelo ribeiro/vale de Cedrom (II Samuel 15:23; João 18:1); 
- Davi sobe o Monte das Oliveiras (II Samuel 15:30; Mateus 26:30);
- Davi adora (II Samuel 15:32; Mateus 26:30);
- Davi é perseguido por um exército (II Samuel 15:1; Mateus 26:47);
- Davi encontra-se com um sacerdote (II Samuel 15:24-29; João 18:13-15,19,24);
- Davi come pão e vinho, além de outros alimentos (II Samuel 16:1; Mateus 26:26-29);
- Um dos traidores se enforcou (II Samuel 17:23; Mateus 27:5);
- O traidor morre pendurado numa árvore (II Samuel 18:9-14; Mateus 27:5; Atos 1:16-19);
- Davi é zombado (II Samuel 16:7-13; Mateus 27:28-30,39-49);
- Davi repreende quem quer atacar seu inimigo (II Samuel 16:9,10; Mateus 26:50-53);
- Houve uma batalha (II Samuel 18:1-8; Mateus 26:50-53).


Sobre o dízimo, leia a postagem O Dízimo.

Já falamos um pouco sobre Melquisedeque no início do estudo e continuaremos falando depois. Portanto, nesse momento, não vamos entrar em outros detalhes, senão frisar que é ele o próximo da listagem dos justos que vai ‘passar a bola’ para o Abraão.



5. Abraão, justificado pela fé

“E creu ele no SENHOR, e foi-lhe imputado isto por justiça.” Gênesis 15:6

Abraão falhou muito em sua vida, mas foi justificado pela fé, entrando na lista dos que exerceram o sacerdócio. Vejamos alguns momentos em que ele atua sacrificando ao Senhor:
“E apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua descendência darei esta terra. E edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera.” Gênesis 12:7
“E moveu-se dali para a montanha do lado oriental de Betel, e armou a sua tenda... e edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.” Gênesis 12:8
“Até ao lugar do altar que outrora ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.” Gênesis 13:4
“E Abrão mudou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor.” Gênesis 13:18
“E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha... Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho.” Gênesis 22:9-13

Seu filho, Isaque, e seu neto, Jacó, seguiram o mesmo caminho:
“Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço.” Gênesis 26:25
“E levantou ali um altar, e chamou-lhe: Deus, o Deus de Israel.” Gênesis 33:20
“Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu... E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão.” Gênesis 35:1-7
Interessante que, após Jacó e os 70 descendentes entrarem no Egito, não se fala mais de sacrifícios, de altares ou qualquer outra atitude que remeta a um sacerdócio ao Deus Criador. Mas Deus não fica sem um intercessor/representante na terra. Nos arredores de Canaã surge mais um personagem identificado como sacerdote, novamente com linhagem desconhecida:

 “... Moisés fugiu de diante da face de Faraó, e habitou na terra de Midiã, e assentou-se junto a um poço. E o sacerdote de Midiã tinha sete filhas... E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Zípora...” Êxodo 2:15-22
“E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe.” Êxodo 3:1
“Ora Jetro, sacerdote de Midiã, sogro de Moisés... disse: Bendito seja o Senhor, que vos livrou das mãos dos egípcios e da mão de Faraó; que livrou a este povo de debaixo da mão dos egípcios. Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses; porque na coisa em que se ensoberbeceram, os sobrepujou. Então Jetro, o sogro de Moisés, tomou holocausto e sacrifícios para Deus; e veio Arão, e todos os anciãos de Israel, para comerem pão com o sogro de Moisés diante de deus.
E aconteceu que, no outro dia, Moisés assentou-se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até à tarde. Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse:... Não é bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo... E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro, e fez tudo quanto tinha dito; E escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo; maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez. E eles julgaram o povo em todo o tempo; o negócio árduo trouxeram a Moisés, e todo o negócio pequeno julgaram eles. Então despediu Moisés o seu sogro, o qual se foi à sua terra.” Êxodo 18:1-27
Há os que querem atribuir a Jetro, sogro de Moisés, um sacerdócio aos deuses estranhos, um sacerdote idólatra qualquer. Porém não é isso que a Bíblia afirma. Jetro foi o homem que acompanhou Moisés durante seus 40 anos como pastor de ovelhas na terra de Midiã. Ali, Moisés teve contato com os sacrifícios ao Senhor, com os conselhos de seu sogro e foi ali que Deus o chamou após o período de tratamento/treinamento.
Possivelmente é com Jetro que Moisés aprende a adorar a Deus através dos sacrifícios. Justamente é o Moisés que vai passar o bastão do sacerdócio para a tribo de Levi.

Outro ponto interessante é o fato de Midiã ser o território nas proximidades onde Jó habitava. Uz era na terra de Edom (Jeremias 25:19; Lamentações 4:12) e Midiã também (I Reis 11:14-18). Será que Jetro herdou o sacerdócio de Jó? Será que Melquisedeque, rei de Jerusalém, teria alguma ligação com esses personagens? Jerusalém é uma cidade dentro da antiga Canaã, mas a localização de Jerusalém é muito próxima à antiga Edom...



O que une todos esses personagens, se nem estão necessariamente na mesma linhagem genética? Se existe uma justiça como herança concedida a Noé, ele herdou de alguém. Se existe uma ordem sacerdotal de Melquisedeque, o rei da justiça, ele a recebeu e transmitiu para outro alguém. Na lista acima destacamos os personagens que estejam ligados à palavra “justiça”, seus herdeiros e os sacerdotes ligados a eles. Se colocássemos numa ordem, ficaria mais ou menos assim:

Adam (0 – 930)
Abel
Sete (130 – 1.042)

Enos (235 – 1.140)
?
?

Cainã (325 – 1.235)

Maaleel (395 – 1.290)

Yarede (460 – 1.422)

Enoque (622 – 987)

Matusalém (687 – 1.565)

Lameque (874 – 1.651)

Noé (1.056 – 2.006)

Sem (1.556 – 2.158)

Arfaxade (1.658 – 2.096)
Arã

Sala (1.693 – 2.126)
Uz

Héber (1.723 – 2.187)
?

Pelegue (1.757 – 1.996)

Reú (1.787 – 2.026)

Serugue (1.819 – 2.049)

Naor (1.849 – 1.997)

Melquisedeque

Terá (1.878 – 2.083)


Abraão (1.948 – 2.123)



Isaque (2.048 – 2.228)



Jacó (2.108 – 2.255)



Levi



Coate



Anrão


Jetro

Arão




Só para esclarecer, Jó não viveu necessariamente nos dias de Pelegue até Serugue. A imagem é só para dizer que ele viveu em algum período relacionado a esses três personagens.

Para concluir essa segunda parte do estudo, voltamos para o Salmo 110. Como David entendeu que o Messias seria sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque? Por que David reconhece a autoridade de Melquisedeque?
Um dos seus primeiros esforços como rei de Israel é tomar Jerusalém, a cidade de Melquisedeque, e instituir ali a capital do reino (II Samuel 5:6); Não somente isso, mas, além disso, transfere a arca da aliança para lá, instituindo Jerusalém também como o centro de culto de Israel (II Samuel 6:15). Foi ali que David ergueu uma tenda para a arca, o que também Deus promete reerguer:
“David também fez casa para si na cidade de David; e preparou um lugar para a arca de Deus, e armou-lhe uma tenda.” I Crônicas 15:1
“Porque o trono se firmará em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de David se assentará em verdade um que julgue, e busque o juízo, e se apresse a fazer justiça.” Isaías 16:5
“Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de David, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade;” Amós 9:11 (Atos 15:16)

David demonstra desejar viver esse sacerdócio real (II Samuel 6:14; I Crônicas 15:27), mas enquanto o sacerdócio de Levi estivesse erguido, o sacerdócio da ordem de Melquisedeque não poderia retornar (Mateus 21:43-45).
Entendemos que um outro personagem influenciou muito a vida de David. Este se chama Samuel. Samuel era da tribo de Levi (ok), da família de Coate (ok), porém, não era descendente de Arão (sujou!). Sendo assim, jamais Samuel poderia exercer o sacerdócio. Mas, o que aconteceu? 454
Samuel era da família de Corá: I Crônicas 6:33-38. Os filhos de Corá são justamente o grupo que não foi condenado durante a rebelião contra o sacerdócio de Arão (Números 16:1-50; 26:9-11). Corá queria o sacerdócio levítico, mas os filhos de Corá desejaram outro tipo de sacerdócio. Eles entraram no ‘Santo dos Santos’, não através das cortinas do tabernáculo de Moisés com sacrifícios de animais, mas através da adoração com cânticos ao Senhor. São dos filhos de Corá pelo menos doze salmos: 42 - 49; 84 - 85; 87 - 88.
Nos dias de Samuel, enquanto o sacerdócio levítico estava corrompido, Samuel é chamado pelo Senhor para representá-lo na terra (I Samuel 2:11-36; 3:1-21). Embora Samuel não fosse da linhagem de Arão, ele foi profeta, ‘sacerdote’ (I Samuel 9:12-14; 13:8-12) e ainda foi ‘rei’ (na verdade, juiz: I Samuel 7:15-17). É Samuel quem vai dizer:
“Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.” I Samuel 15:22
O que o rei David vai repetir em outras palavras depois:
“Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres.” Salmo 40:6
“Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.” Salmo 51:16,17
Samuel compreendeu que o sacerdócio levítico de sua época estava falido, e que havia um sacerdócio mais excelente... David entendeu que haveria um Sacerdote mais excelente... não segundo uma ordem genética, mas uma ordem que segue um certo padrão de comportamento...
“Moisés e Arão entre os seus sacerdotes, e Samuel entre os que invocavam o seu nome, clamavam ao Senhor, e Ele os ouvia.” Salmos 99:6


III. O SACERDÓCIO DE JESUS REVELADO EM HEBREUS
O ideal divino era que Adam fosse o rei (“... enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai...” Gênesis 1:28) e sacerdote (“...o pôs no jardim do Éden para trabalhar e o guardar...” Gênesis 2:15) de toda a terra. Mas a vida de Adam é reprovada. Deus coloca em seu lugar querubins (“E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden...” Gênesis 3:24), até que surja o último Adam, o sumo sacerdote, que reinará sobre a terra (I Coríntios 15:45).
Melquisedeque, na verdade, apareceu como uma parábola, um sinal, uma profecia sobre quem será o último Adam. O sacerdote perfeito que reinará a partir de Jerusalém todo o planeta.

Jesus, sacerdote?
Em toda a carta aos Hebreus, Jesus é mencionado como o nosso sumo sacerdote (Hebreus 2:14-18; 3:1; 4:14,15; 5:1-10; 6:19,20; 7:1-28; 8:1-6; 9:6-25; 10:11; 13:11). Parte da carta é para provar/explicar a superioridade do sacerdócio de Jesus com relação ao sacerdócio levítico. Parte da carta é para reforçar o direito de Jesus ao sacerdócio, utilizando-se da profecia do Salmo 110 e da história de Gênesis 14.
Vejamos as comparações que o escritor ao Hebreus faz entre Jesus e Melquisedeque:


“aonde Jesus, como precursor, entrou por nós, feito sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” Hebreus 6:20
Jesus foi reconhecido como sacerdote após Sua morte e ressurreição, quando ascendeu aos céus, diante da presença do Pai.

“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo,” Hebreus 7:1,2a
Abraão estava em pecado ao encontrar-se com Melquisedeque, porém logo em seguida é justificado pela graça de Deus, por meio da fé (Gênesis 15:6). Jesus é o sacerdote que nos torna justo, não por nossos méritos, mas pelo Seu próprio sangue derramado na cruz somos limpos.

“e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;” Hebreus 7:2b
Jesus é quem nos torna justos. Jesus é quem nos dá a paz!
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.” Isaías 53:5,6

“Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.” Hebreus 7:3 Melquisedeque, logicamente, teve um pai e uma mãe, porém não citados. Sendo assim, Melquisedeque é sacerdote, não por causa de uma herança genética, como os levitas, mas por conta de uma forma de viver.

“Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.” Hebreus 7:4-10
O escritor aos hebreus prova a superioridade da ordem sacerdotal de Melquisedeque sobre o da tribo de Levi, mostrando que o pai dos levitas, Abraão, se submeteu à Melquisedeque, recebendo a bênção e entregando-lhe o dízimo. Se a família de Levi recebeu o sacerdócio, poderia entregar um dia para outro...

“De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.”

“Porque aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar, visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio.” Hebreus 7:14
Jesus não nasceu sacerdote. Ele era da tribo de Judá. Mas o Seu estilo de vida o faria um sacerdote da ordem de Melquisedeque.
“E fala-lhe, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é RENOVO; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do SENHOR. Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e ele levará a glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos os ofícios.” Zacarias 6:12,13
Um dia o povo de Israel quis um rei. Separou o sacerdócio do governo. Mas um dia Jesus trará a união do sacerdócio real novamente... Maranatha!



“E muito mais manifesto é ainda, se à semelhança de Melquisedeque se levantar outro sacerdote, que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.” Hebreus 7:15,16
O que faz alguém ser sacerdote semelhante à Melquisedeque, ou, segundo a ordem de Melquisedeque? O sacerdócio levítico dependia, segundo o mandamento (Torah), ser de uma determinada genealogia, da tribo de Levi, família de Coate, descendente de Arão...
Esse texto nos dá base para entender e provar que, por exemplo, houve homens que herdaram o sacerdócio, não porque eram filhos do sacerdote anterior, mas sim, porque tiveram o mesmo entendimento, a mesma fé, o mesmo comportamento e o rei David entendeu isso. Como já falamos antes, Abel não deixou descendentes que o seguissem, mas na linhagem de Sete vão surgir homens com a mesma fé...
Esse texto bíblico acima mostra que o que habilitou Jesus para ser da ordem de Melquisedeque não foi grau de parentesco. Não foi necessariamente uma determinada genealogia. Mas sim, um modo de vida, comportamentos de sacerdotes como Melquisedeque...


“E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque, de tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador.” Hebreus 7:20-22
Vemos muitas vezes nas Escrituras Deus jurando por Ele mesmo que a descendência de Abraão, Isaque e Jacó herdariam a terra de Canaã (Gênesis 22:16; 24:7; 26:3; 50:24; Êxodo 13:5; 13:11; 32:13; 33:1; Levítico 5:22; Números 11:12; 14:16,23; 32:11; Deuteronômio 1:8,35; 2:14; 4:31; 6:10,18; ). E ainda que muitas adversidades tenham ocorrido desde os dias de Josué, nunca os inimigos de Israel conseguiram eliminar totalmente os israelitas de suas terras. Mesmo nas guerras nos dias dos juízes, nos dias dos reis, no período de cativeiro babilônico, nos dias do império persa, grego, nos dias em que Roma expulsou os judeus, nas perseguições católicas, nas guerras árabes etc. Sempre Deus preservou um grupo, uma resistência, um remanescente naquele território.
Mas não encontramos na Bíblia Deus jurando que o sacerdócio levítico seria perpétuo. Somente o sacerdócio do Messias no Salmos 110.

“E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.” Hebreus 7:23,24
Deus não jurou que o sacerdócio de Arão seria eterno (Êxodo 28:1-3), nem de seu filho Eleazar (Números 20:22-29). Mas Deus prometera ao neto de Arão, filho de Eleazar, Fineias, que seus descendentes seriam sacerdotes para sempre (Números 25:7-13).
Arão tinha dois filhos: Eleazar e Itamar eram filhos de Arão (Êxodo 6:23). E, embora houvesse a promessa sobre o sacerdócio de Fineias, houve um tempo em que os descendentes de seu tio Itamar que ministrava o sacerdócio: Pelo menos da época de Eli até os dias de David e Salomão. Os sacerdotes da linhagem de Itamar (I Crônicas 24:3,6) eram: Abiatar, filho de Aimeleque (I Samuel 23:6), filho de Aitube (I Samuel 22:11), filho de Finéias, filho de Eli (I Samuel 14:3). É importante reforçar que este Fineias não é o filho de Eleazar, mas um descendente de Itamar.
O rei David trouxe novamente à evidência o sacerdócio dos filhos de Eleazar, mas é Salomão que reconhece finalmente de volta a descendência de Eleazar (I Samuel 2:30-36; I Reis 2:27).
Esse parêntese aberto do sacerdócio eterno dos descendentes de Fineias (note, não é que Fineias seria sacerdote eterno, mas sim, sua descendência teria um sacerdócio eterno, o que ainda é possível) indica que a promessa era condicional. Se os descendentes de Fineias agissem como seu pai, servindo ao Senhor, herdariam o seu sacerdócio. Mas isso não é o que ocorreu...

“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” Hebreus 7:25-28
O sacerdócio de Arão, Eleazar, Fineias era constituído de homens falhos, que precisavam oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, antes de interceder pelo povo (Levítico 4:3). Mas Jesus nunca falhou. Ele venceu o pecado, a morte e hoje intercede por nós como um eterno sacerdote!

Mas quem e quando passou o sacerdócio da ordem de Levi para Jesus?
Assim como o sacerdote Melquisedeque ungiu Abraão, o que foi confirmado depois com o sacerdote Jetro sobre Moisés, e este ungiu a Arão e seus descendentes, assim também, da mesma maneira, um levita teria que ungir Jesus como sacerdote. Isso ocorreu?

“E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias.” Lucas 3:1,2
João Batista era da linhagem sacerdotal (Lucas 1:5-13). É ele quem reconhece a autoridade de Jesus. Jesus não seria apenas um sacerdote que levaria o sangue de um animal, mas Ele mesmo seria o cordeiro que tiraria o pecado do mundo:
“João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.” João 1:15
“João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio de vós está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.” João 1:26,27
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus. No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos; E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.” João 1:29-37

Que características podemos identificar o sacerdócio de Jesus durante Sua primeira vinda?

A Idade do Sacerdócio
Um sacerdote começava seu ministério aos 30 anos (Números 4:3,23,30,35,39,43,47), assim como Jesus (Lucas 3:23).

A Roupa do Sacerdócio
A orla do sacerdote era especial (Salmos 133:2), assim como a de Jesus (Mateus 9:20,21; 14:36; Marcos 5:28; 6:56; Lucas 8:44).
“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo.” Isaías 6:1
Interessante que no ano em que o rei Uzias morreu, justamente o rei judeu que foi condenado com a lepra por tentar exercer a função sacerdotal (II Crônicas 26:16-21), o profeta Isaías tem uma visão em que ele estava dentro do templo, no Santo dos Santos verdadeiro, diante dos serafins, e o Rei (o futuro Messias, da tribo de Judá) estava naquele lugar e a orla de suas vestes enchia o santuário! Essa visão marcou todo o ministério de Isaías... O futuro Rei realmente será um eterno sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, como cantou David...
A túnica utilizada pelo sacerdote era toda bordada, ou seja, não tinha costura (Êxodo 28:4), assim como a túnica de Jesus (Mateus 27:35; João 19:23)

Declaração de cura
“E este o examinará... então o sacerdote declarará limpo o que tem a praga; limpo está.” Levítico 13:17
Era apenas o sacerdote que poderia avaliar o leproso e o declarar limpo (Levítico 13 – 14).
“E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra.” Mateus 8:2,3
Jesus não apenas declarava o leproso limpo após a sua cura, mas Ele mesmo é quem declarava a cura. E não somente de lepra, mas de todo o tipo de enfermidade (Mateus 4:24; Lucas 4:40; 6:19).

Messias
“Depois derramou do azeite da unção sobre a cabeça de Arão, e ungiu-o, para santificá-lo.” Levítico 8:12”
Muitos pensam que para ser Messias tem que ser rei. Na verdade, muito antes dos reis serem ungidos (Messias significa ungido em hebraico e Cristo em grego), os sacerdotes eram os únicos a serem ungidos (Êxodo 29:7; Levítico 4:3). Sendo assim, para ser Messias, antes de ser rei, é necessário que seja sacerdote. E isso que Jesus fez. Assumiu o sacerdócio para, no futuro ainda ser rei das nações, no trono em Israel...

Local de atuação
"E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro." Apocalipse 1:12,13
João vê Jesus vestido como um sacerdote no Lugar Santo do santuário celeste. Sabemos que é este lugar devido os castiçais de ouro. Mas o que Jesus faz lá? Eis aí a resposta:
"Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo." I João 2:1,2

Que maravilha! Temos um sumo sacerdote que levou Seu próprio sangue e intercede por nós!

"Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós." Romanos 8:34


O sacerdócio da Igreja

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Pedro 2:5
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” I Pedro 2:9
“E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra.” Apocalipse 5:10
“E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.” Apocalipse 1:6

Jesus, sendo nosso sumo sacerdote, tem levantado/ungido pessoas aqui na terra como parte de Seu sacerdócio. Todos os que amarem a Deus, como Abel, Noé, Jó, Melquisedeque, Abraão etc. estão sendo convocados para interceder por este mundo que está cada vez mais longe do Criador... E você? Já orou pelas nações hoje?

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