Na
postagem Babilônia x Jerusalém,
falamos sobre a posição geográfica de cada localidade.
Na
postagem Babilônia x Jerusalém II,
comparamos a profanação desses dois locais.
Agora,
vamos meditar sobre a importância desses locais para o Senhor.
Meditem
nos versículos a seguir:
“E saiu Caim de diante da face do Senhor e habitou na terra de Node, da banda do
oriente do Éden.“ Gênesis 4:16
“A terra estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a
terra de violência... Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é vindo perante a minha face; porque a terra
está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.” Gênesis 6:11,13
“E este
foi poderoso caçador diante da face do
Senhor; pelo que se diz: Como Nimrod, poderoso caçador diante do Senhor. E o princípio do seu reino foi Babel, e Ereque, e
Acade, e Calné, na terra de Sinar.” Gênesis 10:9
O
que seria estar “diante da face do Senhor”?
-
Será que homens como Caim, Nimrod e os rebeldes que morreram no dilúvio estavam
literalmente diante da pessoa de Deus?
-
Será que, espiritualmente falando, esses homens sentiam a presença de Deus e
pecavam mesmo assim?
-
Será que esse termo pode ser generalizado, até porque tudo e “todos” estão
diante da face do Senhor?
Alguns
homens tementes a Deus também são reconhecidos por estarem perante a face do
Senhor, tais como: Jacó (Gênesis
32:30), Moisés (Êxodo 33:11;
Deuteronômio 34:10), o povo de Israel
(Números 14:14; Deuteronômio 5:4), o rei
Davi (I Reis 2:4; 3:6; Salmos 11:7; 17:15; 24:6; 27:9; 139:7), o profeta Elias (I Reis 17:1; 18:15), Jó (Jó 1:11; 2:5) e Daniel (Daniel 9:18,20), porém, é importante
destacar que nenhum deles viu Deus literalmente. Por exemplo, no mesmo capítulo
onde informa que o Senhor falava face a face com Moisés, também diz que ninguém
pode ver a face de Deus (Êxodo 33:11,20,23).
Éden, Local da Presença
Para
explicar essa expressão, antes de tudo, note dois detalhes tanto em Caim quanto
em Nimrod:
1. No
mesmo contexto, em Gênesis 4:16, que menciona Caim saindo para o oriente do Éden, diz que ele saiu de ‘diante
da face do Senhor’.
2. No
mesmo contexto, em Gênesis 10:8-10, que menciona Nimrod iniciando seu governo
em Sinear e Babel (que é a mesma
localidade do Éden), diz que ele exerceu seu poder ‘diante da face do
Senhor’. Além disso, em Gênesis 11:2 vemos que os fundadores de Babel vieram do
oriente, para onde Caim tinha ido.
Ou
seja, de onde Caim saiu, para ali Nimrod voltou e estabeleceu seu centro
político de rebelião contra Deus. Estar “diante da face do Senhor” não remete
apenas a uma situação espiritual, mas uma posição geográfica.
Diante da Face do Senhor
|
Oriente
|
|
Éden
|
>> Caim sai >>
|
“Terra de Node”
|
Sinear ou Babel
|
<< Nimrod volta <<
|
Gênesis 11:1
|
Para
quem tem dúvidas sobre o Éden, Sinear, Babel e Babilônia pertencerem a mesma
localidade, medite na postagem Babilônia x Jerusalém.
O Santuário é o Local da Presença
Existia
mais um local identificado à presença de Deus: o santuário. Mais precisamente,
o cômodo chamado Lugar Santo.
O
tabernáculo e o templo estavam organizados em, basicamente, três locais: o Átrio (que seria como o quintal de
nossas casas hoje, onde os sacrifícios de animais acontecia), o Lugar Santo (onde estavam o candeeiro,
a mesa com os pães e o altar de perfumes) e o Santíssimo Lugar (onde ficava a arca da aliança, representação da
presença de Deus).
Ao
chegar ao Lugar Santo, o sacerdote considerava-se diante da face de Deus, não
porque Deus aparecia ali, mas porque estava diante do Santíssimo Lugar, embora
o véu tapasse a visão da arca.
O
véu estava entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo (Êxodo 26:31-33) para
representar o pecado que fez separação entre nós e o Senhor (Isaías 59:2). Deus
habitava na escuridão do Santíssimo Lugar (I Reis 8:12).
Esse
fato também nos remete ao santuário espiritual onde, antes da criação da
humanidade, ocorreu a rebelião do Maligno e a terça parte dos anjos (Apocalipse
12:3,4). Na ocasião, Deus fez luto (Ezequiel 31:15; Gênesis 1:2) e cobriu a
face do Seu trono (Jó 26:9). Embora os anjos não vejam a face do Senhor, “até
porque Ele não tem face”, eles ministram perante a face do Senhor nos céus
(Mateus 18:10), assim como os sacerdotes ministravam diante do véu no
tabernáculo e no templo.
Os
filhos de Coré eram levitas que não tiveram o privilégio dos filhos de Arão,
pois não podiam entrar e servir no santuário (Números 16:40), mas o desejo
deles era ter acesso a face do Senhor (Salmos 42:2; 44:24), ou seja, pelo menos
estar diante do véu, no Lugar Santo.
Os
pecados dos sacerdotes que perseguiam o profeta Jeremias estavam diante da face
de Deus (Jeremias 18:18-23), isso porque os sacerdotes lançavam no véu o sangue
dos sacrifícios representando os pecados deles e do povo de Israel (Oséias 7:2).
Os
dozes pães que ficavam no Lugar Santo eram chamados de “pães da face” (no
hebraico, seria “os pães da paniym”). Êxodo 25:30; 35:13; 39:36; 40:23; Números
4:7; I Samuel 21:6; I Reis 7:48; II Crônicas 4:19.
Em
nossas traduções hoje se encontra “pães da proposição”, por causa do grego proteshis que significa “apresentação de
algo, colocar algo a vista” (Mateus 12:4; Marcos 2:26; Lucas 6:4).
A
palavra portuguesa proposição vem de ‘propor’, ‘apresentar um argumento a
alguém’, o que não remete à ideia original bíblica. Mas, unindo essa palavra ao
hebraico, podemos dizer que o sacerdote ‘apresentava diante de Deus os pães’.
Outras
palavras gregas como emprosthen, que
significa ‘diante’, ‘em frente’, em Mateus 10:32 e enopion, que significa ‘diante’, ‘na presença de’, em Lucas 1:19,
trazem conceitos semelhantes.
Literalmente,
ninguém esteve perante Deus, mas, estar no local santo, consagrado ao Senhor, diante
da arca da aliança, significava dizer que estava diante da face do Senhor, assim
como os pães.
Para
confirmar essa informação e ligar o santuário aos personagens Caim e Nimrod,
leia o versículo a seguir:
“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram
cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram
fogo estranho perante a face do SENHOR,
o que lhes não ordenara.” Levítico 10:1
Mera
coincidência? Não mesmo! Nada nas Escrituras está ali por acaso. Assim como
Caim, os dois filhos de Arão tiveram suas ofertas rejeitadas e, assim como
Nimrod, fizeram o contrário do que Deus pediu, no santuário.
Enfim,
a comparação entre o Éden e o local onde se ficava perante a face de Deus, comprova
mais uma vez, como vimos na postagem O que é o Éden? que o Éden era muito mais do que um simples território.
Ali foi estabelecido o santuário de Deus.
Do Éden para Canaã
Quando
o Paraíso esteve entre os homens, o local da presença de Deus, no Éden, o
primeiro casal traiu ao Senhor. Aquele lugar tornou-se Sinar, e, depois, Babel.
Babilônia representa a mãe das prostituições e abominações da Terra (Apocalipse
17:5).
Após
Nimrod estabelecer seu reino em Babel, tentar construir a Torre e gerar o
episódio da confusão das línguas, o local de referência para o santuário mudou-se
dali. Os pais de Abraão, moradores de Babilônia, passaram a fabricar ídolos (Josué
24:2) e, dali Deus retira o pai dos judeus.
Enquanto
isso, em Canaã, mais precisamente em Jerusalém, aparece um personagem chamado
Melquisedeque, que era rei e sacerdote do Deus Altíssimo, quem abençoa Abraão
(Gênesis 14:18-20). Nas proximidades de Jerusalém, Jacó especifica
geograficamente o “lugar onde estava a face de Deus”: Peniel (Gênesis 32:30).
Penyel é uma palavra hebraica que significa
“face de El”, “face de Deus” ou “perante Deus”. Essa palavra está ligada ao
termo usado nos casos de Caim e Nimrod, pois o termo hebraico plural paniym em Gênesis 6:11 é traduzido pela
palavra no singular “face”. A raiz dessas palavras nos remete à palavra
hebraica ayin que significa olhos
(Gênesis 6:8).
Sendo
assim, nos primeiros dois mil anos da história da humanidade, estar diante do
Senhor significava estar no Éden (ou Sinear, ou Babel). Já nos próximos dois
mil anos, a partir do tempo de Abraão e Jacó, o local da presença de Deus era Canaã.
Moisés
declarou a cerca de Jerusalém:
“... derreteram-se todos os habitantes de
Canaã... Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a
tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram. O
Senhor reinará eterna e perpetuamente;” Êxodo 15:15-18
Há
aproximadamente dois mil anos Jerusalém perdeu o santuário por ter caído espiritualmente
e os sacerdotes terem feito abominação contra o Senhor naquele lugar, como
tratamos na postagem A Profanação do Santuário de Deus. Jerusalém é comparada ao Egito e a Sodoma, que sofreram
o juízo de Deus no passado (Apocalipse 11:8).
Mas,
como há várias profecias acerca daquele território, um dia Jerusalém será
plenamente restaurada. Ali, mais uma vez, o santuário descerá e, como era no Éden,
o espiritual se unirá ao material. Anjos e homens habitarão juntos e servirão
ao Senhor juntos. Brevemente acontecerá o seguinte:
“... a santa cidade, a nova Jerusalém, que de
Deus descia do céu,... Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com
eles habitará,... E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me
a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu... E nela não vi
templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro... E
ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e
do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome.” Apocalipse
21:2,3,10,22; 22:3,4
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