30 dezembro 2013

O DÍZIMO



Qual o significado da palavra ‘dízimo’?
Já ouvi uma pessoa me contar que seu líder religioso ensinou que não tem relação alguma ao número dez. Que dízimo não é dez por cento do que alcançamos.
Em outra ocasião, um jovem me pediu para mostrar-lhe onde ele poderia se guiar para saber se realmente dízimo é o que os pastores evangélicos ensinam.
Vamos responder primeiramente a esta pergunta. Depois, analisaremos o fato se a Igreja precisa dizimar, ou não.


Etimologia da palavra ‘Dízimo’

Não precisamos forçar muito a mente para perceber, mesmo em Português, que a palavra dízimo está ligada à palavra dez. Isso é indiscutível. Mas, o termo para dízimo, nos originais das Escrituras Sagradas, está ligado ao décimo número?

A resposta é sim! A palavra hebraica ma’aser aparece mais de vinte e cinco vezes (Gênesis 14:20; Levítico 27:30,31,32; Números 18:21,24,26,28; Deuteronômio 12:6,11,17; 14:23,28; 26:12; II Crônicas 31:5,6,12; Neemias 10:37,38; 12:44; 13:5,12; Amós 4:4; Malaquias 3:8,10), sem contar suas variantes, que citaremos a seguir.
Traduzindo esse termo literalmente ficaria mais ou menos assim: ‘dos dez’ ou ‘de dez’.

Isso porque a raiz dessa expressão é a palavra hebraica para o número dez, aser (עשר) – Gênesis 16:3; 18:32; 24:10,22,55; 31:7,41; 32:15; 42:3; 45:23; Êxodo 18:21,25; 26:1,16; 27:12; 34:28; 36:8,21; 38:12; Levítico 26:26; 27:5,7; Números 7:14,20,26, 32,38, 44, 50,56, 62,68, 74, 80,86; 11:19,32; 14:22; 29:23; Deuteronômio 1:15; 4:13; 10:4 etc.
Só para complementar, a expressão ‘no décimo’ (relacionada ao décimo dia) é be’asewr (בעשור) – Levítico 16:29; 23:27; 25:9; Números 29:7

Enfim, ma’aser é a décima parte, o pagamento do dízimo. Abaixo seguem as variações desta palavra:
Aser a’asernw (עשר אעשרנו) – Gênesis 28:22
Asernym (עשרנים) – Levítico 14:10; 23:13,17; 24:5; Neemias 10:38
Aseyry (עשירי) – Levítico 27:32
Ma’aser mon hu’ma’aser (מעשר מן המעשר) – Números 18:26 (o dízimo dos dízimos)
Aser to’aser (עשר תעשר) – Deuteronômio 14:22
Yaser (יעשר) – I Samuel 8:15,17

Um dízimo também era uma forma de medir a quantidade de ingredientes numa receita de alimento, como em Levítico 14:10; 23:13,17; 24:5, onde é pedido três dízimos da oferta de cereais.

Caso alguém precise de mais alguma confirmação, vamos para os originais gregos do chamado Novo Testamento:
Ao citar a entrega do dízimo de Abrão, são utilizadas três palavras:
Apodekatoo (αποδεκατουτε) – Mateus 23:23; Lucas 11:42; 18:12; Hebreus 7:5
Dekatoo (δεκατωκεν) – Hebreus 7:6
Dekatin (δεκατην) – Hebreus 7:2,4
Dekatas (δεκατας) – Hebreus 7:8,9 (décimo)
Todos esses três termos estão ligados ao numeral dez, em grego deka (δεκα) – Mateus 20:24; 25:1,28; Marcos 10:41; Lucas 15:8; 17:12,15,17; 19:13,16,17,24,25; Atos 25:6; Apocalipse 2:10; 12:3; 13:1; 17:3,7,12,16.


Quando foi instituído o Dízimo?

O termo aparece a primeira vez em Gênesis 14:17-24, quando Abraão acabara de voltar de uma guerra onde tinha recuperado os bens de cinco reinos de Canaã e encontra-se com o sacerdote de El Elion, Melquisedeque, rei de Salém.
Primeiramente, se Abraão voltava com toda essa riqueza e deu a décima parte de tudo que estava em suas mãos, então é um ato de expressão muito forte. Ele não faria isso para qualquer pessoa.
Quem era Melquisedeque? O que ele faria com toda essa riqueza ofertada por Abraão? Porque ele celebrou o encontro com Abraão com pão e vinho?
Em Salém, que futuramente veio a ser chamada de Jerusalém, o local do templo construído por Salomão, já era um local onde havia ministração muito antes do que imaginávamos. Além disso, ao contrário do que se ensina por aí, o dízimo é bem anterior a Moisés. Dízimo não é ‘instituição da Lei’. Entregar a décima parte ‘na casa do tesouro’ é, pelo menos, 500 anos mais antigo que a escrita da Torah pelo profeta Moisés. Na verdade, Abraão e Melquisedeque aprenderam sobre essa atitude com seus antepassados.

Depois deste fato, o termo para dízimo somente é mencionado pelo neto de Abraão, o patriarca Jacó (Gênesis 28:18-22), quando este, partindo para uma jornada duvidosa, após Deus já ter prometido através de sonho, abençoá-lo, vota que se a sua bênção se cumprisse, faria daquele lugar “Betel” (casa de Deus) e daria o dízimo de tudo que alcançasse. Mais uma vez há a associação do lugar consagrado ao Senhor com o ato da entrega dos dez por cento.
Até aqui não havia nação de Israel. Não havia as normas de culto instituídas pelo Senhor no monte Sinai. Sendo assim, é notório que a prática antecede a Moisés.

Quem ensinou Abraão e Jacó o que é dizimar? Seja quem for, provavelmente foi quem os ensinou a levantar altares em adoração, oferecer holocaustos e reconhecer a autoridade sacerdotal. Podemos ver nas Escrituras que havia aproximadamente dois mil anos, ou seja, desde Abel, que Deus recebia culto através de sacrifícios materiais, em épocas específicas (Gênesis 4:3), seja por ofertas de cereais (Gênesis 4:3), seja pelas primícias (Gênesis 4:4), holocaustos, ou seja, animais completamente queimados (Gênesis 4:4), já havia relação de animais limpos e impuros para o sacrifício (Gênesis 7:2; 8:20), altar para adoração (Gênesis 8:20; 12:7) e, como vemos nos casos de Abraão e Jacó, um sacerdócio (Gênesis 14:18), celebração através do pão e vinho (Gênesis 14:18), dízimo (Gênesis 14:20) etc.

Moisés, durante o livro do Êxodo, não cita o dízimo, porém, cada vez que se aproximava mais de Canaã, aumentava suas menções sobre tal procedimento. Em Levítico, o dízimo é citado em quatro versículos, no final do livro. Em Números, o dízimo é citado em pelo menos dez versículos. Já em Deuteronômio, há três citações diferentes, com um total de uns trinta versículos.
Isso acontece porque, se é que o povo de Israel tinha o costume de dizimar, o fazia de maneira incorreta. Ao ensinar sobre o dízimo Moisés falou:
Não procedereis em nada segundo estamos fazendo aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos, porque, até agora, não entrastes no descanso e na herança que vos dá o SENHOR, vosso Deus. Mas passareis o Jordão e habitareis na terra... Então, haverá um lugar que escolherá o SENHOR, vosso Deus, para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar fareis chegar tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos,...” Deuteronômio 12:8-11
Essa passagem não é base para se afirmar que Israel não dizimava no deserto, ou mesmo no Egito. Porém, uma coisa é certa: no deserto, eles não tinham como consagrar a décima parte de sua colheita, até porque eles não plantavam no deserto. Ali eles viviam como peregrinos, alimentando-se do maná que caía diariamente do céu.


O que deveria ser Dizimado?

Há quatro tipos de bens que Deus esperava receber como dízimo:

1- A colheita dos cereais do campo – Levítico 27:30; Deuteronômio 14:22,23
2- A colheita dos frutos das árvores – Levítico 27:30; Deuteronômio 14:23
3- O gado – Levítico 27:32
4- O rebanho – Levítico 27:32


E o Senhor mostra como deveria ser a separação da décima parte desse tipo de oferta:
No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR. Não se investigará se é bom ou mau, nem o trocará; mas, se dalgum modo o trocar, um e outro serão santos; não serão resgatados.” Levítico 27:32,33
No momento da escolha, o dízimo era diferente de outros tipos de oferta como, por exemplo, a Páscoa, onde se devia procurar um cordeiro sem mancha, de um ano, macho etc. (Êxodo 12:5). Para se separar o dizimo, no momento em que o pastor estivesse contando o se gado ou rebanho (Lucas 15:4), deveria, de dez em dez, separar um animal para ser oferecido, independente se era considerado um dos melhores ou dos piores. Não caberia ao pastor escolher se era um animal que lhe trazia benefícios, pois tinha saúde, era gordo, reproduzia bastante, tinha boa lã etc. Se Deus permitisse que esse deveria ser dizimado, estava decidido.

Para separar a décima parte dos cereais e frutos, poderia ser feito de três formas. Ou seguiríamos o mesmo critério da separação dos animais descrita acima, ou seja, ao contar os vegetais, separar o décimo grão ou fruto, porém isso daria um trabalho terrível para o lavrador. A outra maneira seria contar os molhos ou cestos de frutas. Porém, há ainda outra forma, e esta é a que mais concorda com as Escrituras, que seria separar a décima parte do terreno onde estava a plantação e, todo cereal ou fruto que se produzisse naquela parte, seria levado ao templo. Isso estaria de acordo com o seguinte versículo:
Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor.” Levítico 27:30

Note que naquela época já existia a comercialização por dinheiro (Gênesis 20:16; 23:15,16; 37:28; Êxodo 21:32; Levítico 5:15; 27:3-7,16; Números 3:47,50; 7:13-86; 18:16; Deuteronômio 22:19,29; Josué 7:21) e em alguns momentos Deus aceitava como forma de oferta (em caso de resgate do primogênito, por exemplo), mas em nenhum momento é pedido de Israel o dízimo das suas moedas.
Para deixar claro, o valor atribuído aos metais no passado não era necessariamente como hoje. Atualmente, consideramos as moedas de prata e bronze de acordo com o que está modelado nela (o número 1, 5, 10, 25, 50 centavos ou 1 real). Há quatro mil anos atrás, na época de Abraão, o valor era de acordo com o peso do mineral, o que é feito na atualidade apenas com o ouro.
Enfim, Deus não pediu prata, ouro ou pedras preciosas como dízimo porque em Israel não havia exploração de minerais. Quando os hebreus desejavam esse tipo de material, recorriam a outras regiões como Ofir (Gênesis 10:29; I Reis 9:28; 10:11; 22:48; I Crônicas 1:23; 29:4; II Crônicas 8:18; 9:10; Jó 22:24; 28:16; Salmos 45:9; Isaías 13:12), Parvaim (II Crônicas 3:6), Sabá (Salmos 72:15; Isaías 60:6), Társis (I Reis 10:22) etc.

Há um caso curioso em que, quando os israelitas estivessem distantes do templo de Jerusalém, poderiam separar o seu dízimo, vendê-lo e, ao chegar a Jerusalém, deveria comprar tudo que pudesse para distribuir entre sua família (Deuteronômio 14:24-26). Esse fato é justificado porque, digamos que uma pessoa levasse muitos dias para chegar ao local de culto, todo o seu dízimo poderia estragar e, assim, não teria o que ofertar ao Senhor e comer. Seja como for, Deus não aceitaria o dinheiro.

Para Deus, o dízimo não seria retirado dos bens que eles adquirissem após alguns investimentos comerciais. Deus espera o dízimo do que Ele deu, em primeira estância, das primícias de seu trabalho.  Ou seja, se um israelita preparou um campo, plantou e, após determinado tempo, colheu os molhos com grãos e/ou os frutos, se ele quisesse vender parte daqueles grãos e frutos para trocar por territórios, ouro, vestes, objetos e demais riquezas Deus não esperaria para receber o dízimo dessa comercialização.
Deus desejava ser lembrado no início de tudo, quando esse israelita colhesse seus primeiros grãos e frutos, e seus animais nascessem. O dízimo é uma forma de demonstrar gratidão ao Senhor.

Aplicando, se Deus ainda hoje deseja receber o dízimo de alguém, não é do que sobra e não após tentar fazer investimentos ou mesmo após começar a gastar. De alguma maneira Deus quer ser lembrado quando o fruto do nosso trabalho chega a nossas mãos.

Após essa análise, podemos entender porque Abraão e Jacó são mencionados com relação ao dízimo. Eles foram além do comum. Eles não dizimaram apenas dos cereais, frutos, vacas ou ovelhas. Abraão deu o dízimo DE TUDO (Gênesis 14:20) e Jacó prometeu ofertar o dízimo DE TUDO (Gênesis 28:22). Eles foram além do padrão e, por isso, foram citados por Moisés, o escritor de Gênesis. Isso porque Abraão não tinha em mãos o resultado de uma plantação na qual ele trabalhara. Ele acabara de vir de uma guerra em que conquistara despojos de quatro reinos, dentre eles, Babilônia, ou Sinear, na época (Gênesis 14:1-17). Ele deveria ter em mãos todo o tipo de gado, comida, vestimentas, jóias, metais, armamento etc. Mesmo antes disso, Abraão já era um homem rico (Gênesis 13:2) e, de tudo isso, ele ofereceu para Deus o dízimo.
Depois voltaremos a falar sobre esses casos.


Quando Dizimar?

Se considerarmos o tempo de gestação de uma ovelha ou de uma vaca, saberemos que, dependendo do tamanho de nosso rebanho, não necessariamente teremos novos filhotes todos os meses. A ovelha tem um tempo de gestação de cinco meses, ou seja, pode ter filhotes duas vezes ao ano. Já a vaca, como o ser humano, tem um tempo de gestação de nove meses. Sendo assim, os dízimos desses animais não poderiam ser mais do que duas vezes ao ano.

Com relação aos cereais e frutos, em Israel há dois períodos no ano para a colheita:



Na Primavera, ou seja, nos três primeiros meses do ano, quando ocorriam as festas de Páscoa, Primícias e Pentecostes, era o tempo de colher os cereais: primeiro a cevada e o linho, e depois, também o trigo e o centeio. Foi neste período que Israel foi liberto do Egito (Êxodo 9:31,32), que Josué entrou com Israel em Canaã (Josué 5:10,11), que Israel pediu um rei e Saul foi consagrado pelo profeta Samuel (I Samuel 12:17) e que Jesus morreu, período tal que não  era época dos frutos (Marcos 11:13; 14:14).
A festa de Pentecostes era exatamente após Israel colher a sua messe, ou seja, o resultado do que plantou de cereais, no terceiro mês do ano (Levítico 23:22). Sendo assim, esse era o período ideal para Israel oferecer o dízimo, o que concorda com Deuteronômio 26:12.

No Outono, mais precisamente no mês sétimo, quando aconteciam as outras três celebrações, Trombetas, Expiação e Tabernáculos, era o tempo de colher os frutos: azeite, uva, figos, maçã, romã etc. (Levítico 23:3,40) e, se Deus também queria o dízimo dos frutos, então nessa época também deveria se dizimar. Foi neste período em que Salomão inaugurou o templo em Jerusalém (I Reis 8:65; II Crônicas 7:9) e que os judeus voltaram a Jerusalém para reconstruírem o templo por decreto de Ciro (Esdras 3:1-4).

Cada vez mais, no mundo todo, o cenário urbano está sendo deixado de lado. As cidades estão crescendo em toda parte. Com isso, não sobrevivemos mais dependendo de nossas próprias colheitas ou gado. O trabalho administrativo, industrial, tecnológico, a oferta de serviços etc. fazem com que não tenhamos mais como recompensa de nossos esforços um pagamento em cereais, frutos e animais. A enxada, pá e o arado deram lugar à caneta, ao computador e à mente. Não esperamos mais a primavera, para colhermos os cereais, e o outono, para colhermos os frutos. Nosso salário é mensal, quinzenal, semanal e até diário.

O dízimo dos israelitas não era algo constante como pode ser o nosso dízimo. Como vimos, tanto pelos animais que eram dizimados, quanto pelos cereais e frutos, o dízimo só acontecia, no máximo, duas vezes ao ano. Isso também, sem mencionar a distância que eles tinham de percorrer para poder oferecer o dízimo. Para confirmar isso, leia os versículos a seguir:

Logo que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias do cereal, do vinho, do azeite, do mel e de todo produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância. Os filhos de Israel e de Judá que habitavam nas cidades de Judá também trouxeram dízimos das vacas e das ovelhas e dízimos das coisas que foram consagradas ao SENHOR, seu Deus; e fizeram montões e montões. No terceiro mês, começaram a fazer os primeiros montões; e, no sétimo mês, acabaram.” II Crônicas 31:5-7

O profeta Amós ironiza ao dizer que Israel oferecia o dízimo de três em três dias:
Vinde a Betel e transgredi, a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e, cada manhã, trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos dízimos; e oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai ofertas voluntárias, e publicai-as, porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o SENHOR Deus.” Amós 4:4,5
O texto é uma ironia porque Deus nunca convidaria ninguém para cometer transgressões. E, independente de Israel oferecer mesmo os seus dízimos de três em três dias em Betel e Gilgal, ali não se seguia as datas das festas que o Senhor Deus havia instituído. Nestes dois lugares havia dois bezerros de ouro colocados ali justamente para que o povo não seguisse a vontade de Deus (I Reis 12:27-33).
Quem morava fora de Jerusalém, não teria como ir ao templo do Senhor de três em três dias dizimar. Até porque ninguém colhia de três em três dias o resultado de sua colheita.


Onde dizimar?

O dízimo poderia ser entregue em qualquer local? A resposta é: Não!
Abraão entregou o dízimo em Salém (Gênesis 14:18,20) e Jacó prometeu entregar em Betel, que significa ‘casa de Deus’ (Gênesis 28:21,22). Antes mesmo de entrar em Canaã, quando Israel estava no deserto, Deus afirmou que eles deveriam levar a décima parte de sua colheita e animais no local que Ele consagraria para ser seu santuário, ou seja, em Jerusalém (Números 18:21; Deuteronômio 12:5-20,26,27; 14:22-23).

Desde o princípio, sempre houve um local especial onde se levava a oferta para Deus:
Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste...” Gênesis 4:2,3

E quem nunca ouviu falar no versículo a seguir?
Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa...” Malaquias 3:10

Mas hoje não há um templo em Jerusalém para dizimarmos o vegetal ou animal. E, mesmo que ainda existisse, não teríamos como levar até lá. A Torah de Moisés previa isso?
A resposta é: sim! Havia duas exceções: uma para os que estivessem longe e outra para os que, de tão longe, não conseguiriam levar os dízimos até lá. Vejamos:

* Os que desejassem levar os dízimos até Jerusalém, mas não pudessem, pois suas doações estragariam devido o tempo da caminhada e a distância, poderiam separar o dízimo, vender por uma determinada quantia, ir até Jerusalém e lá comprar, com este valor, o que pudesse para celebrar a entrega da décima parte de tudo que alcançou do Senhor (Deuteronômio 14:24-26).
* Os que não pudessem levar seus dízimos até o templo de Jerusalém de forma alguma, poderiam consagrar e comer suas dádivas em sua própria cidade (Deuteronômio 12:21).

Aproveitando a questão das exceções mencionadas acima, é importante também lembrarmos que de três em três anos, os dízimos não deveriam ser levados a Jerusalém. Neste período os dízimos deveriam ser entregues aos levitas de sua própria cidade para ser repartido e comido pelos de sua família, os levitas, os escravos e os necessitados (Deuteronômio 14:27-29; 26:12,13). Mais à frente falaremos novamente sobre essa questão.

Em nossos dias as chamadas ‘igrejas’, independentes da denominação, que ocupam cada esquina (pelo menos em muitas cidades da América do Norte e do Sul) assumiram o lugar do ‘templo em Jerusalém’ e assumirem para si a responsabilidade de coletora dos dízimos dos chamados ‘cristãos’. O próximo tópico responderá se entregar os dízimos aos líderes das igrejas é correto, ou não, mas aqui quero afirmar que nossas igrejas possuem mais semelhanças com as sinagogas judaicas do que com o templo, em si.
O Templo de Jerusalém, também chamado de Casa de Deus, Santuário, ou o Tabernáculo, equivalem hoje ao nosso corpo, que é morada do Espírito Santo, e não às quatro paredes que chamam de Igreja. As estruturas, compartimentos, rituais, ministros, frequentadores etc. de um não se equivalem aos do outro.

Como havia a possibilidade de não se oferecer os dízimos no templo, então hoje não estamos presos a um local físico, mas é importante lembrarmos o que vem no próximo tópico:


A quem dizimar?

O dízimo poderia ser simplesmente usado para investir em algo para o templo, ou entregue aos pobres diretamente? Não! O dízimo não tinha o propósito de colaborar para construção ou reforma do templo (para isso existiam as ofertas) e um israelita não poderia por conta própria repartir o seu dízimo entre os necessitados. Mesmo que a finalidade fosse essa última, os dízimos deveriam ser entregues nas mãos dos levitas.
Mas, quem eram os levitas? Quem são os levitas hoje? É certo entregarmos nossos dízimos nas mãos dos pastores, diáconos, tesoureiros ou demais líderes, como queiram ser chamados?

Os levitas eram os descendentes de Levi. Compunham uma das doze tribos de Israel, contada a parte, consagrada ao Senhor, separada para se dedicarem exclusivamente à obra de Deus. Por causa disso, não tinham um território fixo, não tinham herança e não acumulavam bens. Dependendo da família em que nascessem, tinham a responsabilidade de ministrar no lugar mais santo do templo (os filhos de Arão), ministravam no templo cuidando dos móveis, do perfume, dos sacrifícios, da adoração pela música, da intercessão, da segurança e limpeza do templo, bem como consagravam o novo rei, examinavam os doentes, aconselhavam, julgavam, faziam cópias manuais das Escrituras e as ensinavam etc. (Números 2:47-54; 3:1-39).

E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.” Números 18:21

Hoje, na maioria das igrejas, o líder, chamado de pastor, é quem recebe uma ajuda de custo, ou salário, para se dedicarem a obra do Senhor, porém, muitas vezes, esses só ministram nos cultos a noite, quando há maior público, em uma ou duas horas de culto, isso quando o fazem todos os dias. Muitos estão ganhando uma boa quantia em dinheiro, mas seus dias não são dedicados a Deus. Não conhecem as Escrituras, pois, ao pregar, cometem erros bíblicos repetindo simplesmente o que ouviram de outros, tornam-se ditadores dando ordens para os membros e vão acumulando riquezas. Há muita coisa errada em nosso meio...
Mas não são apenas os pastores que recebem. Hoje os cantores e instrumentistas são chamados de levitas (porque erradamente associam os levitas só com os músicos) e estão confundindo a adoração com profissão. Os cachês dos cantores e pregadores estão cada vez mais disputados no mundo ‘cristão’, repito, independente das denominações. Sem falar sobre os diversos troféus, prêmios etc. para honrar aqueles que não deveriam estar ali para agradar mais ou menos o público, mas tocar o coração de Deus, independente do gosto da plateia.

Aproveitei esse espaço para desabafar um pouco, mas quero lembrar que há líderes honestos. Há muitos que não foram seduzidos pela fama, riquezas e conforto secular. Se você procurar, encontrarás homens de Deus, seja pastores, presbíteros, missionários etc. que se entregaram completamente a Deus. As contribuições que chegam em suas mãos são para favorecer o Reino de Deus pela construção de centros de recuperação de viciados, educação infantil, orfanatos, asilos, ajuda aos pobres e viúvas em comunidades carentes, alfabetização de adultos, discipulado pessoal, auxílio médico em países que passaram pela guerra, distribuição de literatura, vídeo e áudio gratuitos ou, no máximo, a preço de custo, irmãos e irmãs que vivem em consagração e oração, tradutores da Bíblia para novas línguas etc.
Como é lindo saber que uma pessoa, casal ou família abriu mão de emprego, casa própria, planejamento de vida, conforto etc., para ir a um lugar distante, longe dos amigos, numa vida insegura, cheia de infortúnios, perseguições, milhões de desafios, perigo de morte, com o objetivo de pregar a Palavra de Deus aos povos que não conhecem a luz do Evangelho restaurador.
Olhando para as Escrituras, esses são os que podem ser comparados aos levitas. Até porque, a tribo de Levi apenas substituiu os primogênitos de todas as tribos de Israel. O propósito inicial de Deus era que em cada casa de Israel tivesse um, ou seja, o primogênito, que fosse separado para o serviço do Senhor (Números 3:45). Para lideres como esses, que se dedicam exclusivamente à causa de Deus, nós devemos entregar nossos dízimos.
Lembrem-se: Melquisedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo, não era da tribo de Levi, e recebeu o dízimo de Abraão (Gênesis 14:18-20). Nem o avô de Levi nesta época ainda tinha nascido. E, sacerdote por sacerdote, todos nós hoje o somos, em Cristo Jesus (I Pedro 2:5,; Apocalipse 1:6; 5:10).
Antes que queiram aproveitar-se desse parágrafo acima para se auto-intitularem ‘merecedores de recolherem ou administrarem os dízimos’, é importante lembrar que há uma unção especial para exercer esse ministério.

Os levitas precisavam, sim, de um sustento porque eles não tinham o produto da eira (que nos remete ao resultado da separação dos grãos, no começo do ano, na Primavera) e o produto do lagar (que nos remete ao vinho, o resultado do trabalho de espremer o fruto da videira, a uva, no sétimo mês, no Outono), mas, em Números 18:30, diz que, ao trabalhar para o Senhor, é como se eles estivessem trabalhando para ter esse resultado.
Até porque, se o sacerdote não se dedicasse ao aprendizado das Escrituras, para ensinar o povo a vontade de Deus, e não corrigisse o pecador, nem intercedesse por ele, a ira do Senhor viria sobre a nação de Israel, e, com isso, eles sofreriam prejuízo em suas plantações e criação de animais. Consecutivamente, o sacerdócio sofreria as consequências.

Guarda-te, que não desampares ao levita todos os teus dias na terra.” Deuteronômio 12:19

A disponibilização do dízimo nas mãos de uma liderança nos ensina a questão da obediência, submissão, tanto para o israelita quanto para o levita. Isso porque, além do israelita entregar o dízimo ao levita, este deveria entregar o dízimo dos dízimos ao sacerdote (Números 18:21-32). E, ainda que o hebreu não pudesse escolher o melhor ou pior no momento da oferta (Levítico 27:33), o levita teria que fazê-lo, entregando o melhor dos dízimos ao sacerdote.


O propósito do Dízimo

Há pelo menos dois motivos para que alguém oferte:

1 Gratidão e Obediência
Já mencionamos no início deste estudo que o dízimo era uma forma do servo de Deus ser grato ao Senhor por tudo que chegou às suas mãos. Além disso, este demonstrava sua obediência ao sair de sua casa e ir até Jerusalém dedicar a décima parte de tudo que recebeu naquele ano. Como tudo que fazemos em nossa vida, antes de mostrar qualquer favorecimento ao próximo, acima de tudo está nosso amor ao Senhor, com todo o nosso coração, alma e força (Deuteronômio 6:5).
A décima parte de tudo que um israelita alcançasse, após ser separado, tornava-se santo:
Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor... Tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor.” Levítico 27:30,32

Dependendo do que era oferecido para Deus, não poderia ser resgatado depois (Levítico 27:28,29,32,33). Para mostrar a importância do dízimo, Deus permite que os cereais e frutos fossem resgatados, porém quem quisesse fazê-lo, teria de pagar cinco vezes mais pelo que dizimou (Levítico 27:30,31), diferente do valor devido furto, quando se deveria pagar quatro vezes mais (Êxodo 22:1) ou perda em que deveria se pagar o dobro (Êxodo 22:9).

Para finalizar o primeiro e mais importante dos propósitos do dízimo, deixamos o versículo a seguir:
E, perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o SENHOR, teu Deus, todos os dias.” Levítico
O ato de agradecer a Deus por tudo que Ele nos tem concedido, devolvendo a Ele parte do que recebemos, nos aproxima dEle. E, ao obedecê-lo neste ponto, temos somos encorajados a obedecê-lo em outras áreas também.


2 Comunhão e Ajuda aos Necessitados
Assim como todas as outras festas em Israel, o ato de levar os dízimos até Jerusalém permitiria cada israelita ter contato com todo o tipo de pessoas que moravam o mais distante possível.
Por exemplo, quando os discípulos de Jesus foram revestidos com o Espírito Santo, havia em Jerusalém pessoas de todas as partes (Atos 2:9-11), pois era época da Festa de Pentecostes.
Além disso, o dízimo não era um tipo de presente que se dava a Deus para construção ou reforma do templo. O propósito do dízimo era alimentar o faminto. Trazer alegria aos que não tinham condições. Veja os versículos a seguir:

Lá, comereis perante o SENHOR, vosso Deus, e vos alegrareis em tudo o que fizerdes, vós e as vossas casas, no que vos tiver abençoado o SENHOR, vosso Deus... e vos alegrareis perante o SENHOR, vosso Deus, vós, os vossos filhos, as vossas filhas, os vossos servos, as vossas servas e o levita que mora dentro das vossas cidades e que não tem porção nem herança convosco.” Deuteronômio 12:7,12
 “não desampararás o levita... Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão,...” Deuteronômio 14:27-29
Ler também Deuteronômio 12:18,19; 26:12

Sendo assim, a celebração da entrega do dízimo era um ato de fraternidade, pois, os mais carentes de Israel eram lembrados neste momento. Note que os escravos não deveriam ser tratados em Israel como nos outros povos, mas com dignidade. O levita, que era quem ministrava sobre o dízimo, tinha a oportunidade de se regozijar, mesmo sem ter plantado nada, porque sua vida era dedicada ao Reino de Deus. O estrangeiro, ou gentio, também tinha vez na ceia dos dízimos, tendo em vista que, ao chegar de terras distantes, não tinha como gozar do que não plantou. A viúva não tinha pensão nem aposentaria. Da mesma forma, o órfão não recebia pensão. Assim, todos eram beneficiados, a começar pela família do dizimista, por abençoar outras vidas.
... palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.” Atos 20:35


O resultado em Dizimar, ou não Dizimar

1. A primeira citação relacionada à promessa está no versículo abaixo:
Assim, não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não profanareis as coisas santas dos filhos de Israel, para que não morrais.” Números 18:32
Deus promete vida aos levitas que cumprirem a determinação de oferecer o melhor dos dízimos, como dízimo dos dízimos, aos sacerdotes. Ao mesmo tempo, aos que se negarem a obedecer, são ameaçados com o dano da morte.
Essa orientação divina nos lembra o primeiro mandamento que Adam recebeu no Jardim:
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2:16-17
Dependendo de quem olha para esse tipo de colocação, terá um tipo de visão. Quem é mal, verá da seguinte forma: ‘Deus é mal! Deus pune! Deus priva-nos das coisas!’ Porém, quem ama ao Senhor, verá da seguinte forma: ‘Deus só pede dez por cento! Deus deseja nos dar a vida! Deus nos deu tantas coisas maravilhosas para experimentarmos, que o dízimo é pouco para devolver-lhe!’...

2. A segunda citação está relacionada não apenas ao dízimo, mas a todos os tipos de ofertas:
Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te suceda a ti e a teus filhos depois de ti para sempre, quando fizeres o que for bom e reto aos olhos do Senhor teu Deus.” Deuteronômio 12:28
Como já falamos anteriormente, ao dizimar (ou, neste caso, cumprir os conselhos divinos), os israelitas estariam adorando ao Senhor e sendo grato por tudo que Ele os concedia e, por isso, Deus os recompensaria com o sucesso de Israel em todas as gerações. Por quê? Deus queria apenas privilegiar Israel? Os israelitas eram bonzinhos e mereciam ser abençoados? Nada disso! Ao abençoar os que honram ao Senhor, Ele está manifestando a Sua glória e poder.
Voltando a falar sobre os ângulos de visão, muitos veem esse tipo de promessa como motivador para barganhar com Deus. Usam isso para dizer ‘Deus, eu dou o dízimo! Tu prometeste que me abençoaria! Eu quero minha bênção!’ Porém, geralmente quem assim declara não conhece a Deus, não tem intimidade com Ele. Deus não é obrigado a nada. Ele é Soberano e cumpre a Sua vontade sempre. Se Ele quiser abençoar o ímpio, porque Ele é bom, abençoará. Se Ele quiser castigar o justo, para aperfeiçoá-lo, Ele fará, porque é Pai.
É importante lembrar que a promessa de bênção aqui não é só para quem dá o dízimo, mas guarda    TODOS as Suas instruções. Não exija nada dEle.

3. A terceira menção é ao citar o terceiro ano, onde os dízimos deveriam ser comidos na própria cidade:
Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.” Deuteronômio 14:28-29
Se, por exemplo, somos orientados pelos médicos a comermos alimentos saudáveis e somos alertados a não comer produtos que não são nutritivos (mesmo que eles pareçam suculentos), encaramos os médicos como pessoas que estão querendo nos privar do que é bom, ou reconhecemos que eles sabem o que é melhor para nós?
Deus, mais do que ninguém, sabe o que é melhor para nós!
Quando agimos com egoísmo e soberba, e deixamos de ajudar ao próximo, nossa mente nos condena ao ver o sofrimento a nossa volta. Ainda que o caráter de uma pessoa seja mal, ela nunca terá paz enquanto souber que poderia ter feito algo pelo próximo, mas não fez. Mesmo que esta pessoa não sinta pena do necessitado, ou se sinta mal por não ter ajudado, ela poderá se sentir ameaçada, por saber que a qualquer momento poderá ser assaltada. Essa é a realidade que vemos num mundo capitalista e egoísta como o nosso.
O acúmulo de riquezas de um lado crescem no mesmo patamar que a desigualdade social, pobreza, miséria, insegurança, assaltos, violência e criminalidade.
Repito: Deus, mais do que ninguém, sabe o que é melhor para nós!

4. O quarto texto não é bem uma promessa, mas o Senhor pede que o povo, ao entregar o dízimo, faça uma oração, pedindo a bênção sobre a nação:
E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva,... obedeci à voz do Senhor meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito. Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel.” Deuteronômio 26:13-15

Em que consiste a recompensa exata para quem dizima? Não é apenas uma pessoa ou sua família que deveria ser abençoada por oferecer a décima parte de suas colheitas. Toda a nação de Israel seria abençoada, isso porque, ao dizimar, o pobre seria ajudado, o servo do Senhor seria sustentado e, assim, todos estariam com a bênção de Deus, proporcionada uns pelos outros. Outro detalhe é que a oração não é egoísta do tipo: ‘Deus, eu dei o dízimo e, por isso, me abençoe!’ Não! A oração deveria ser: ‘Deus, nós repartimos nossos bens com o necessitado, por isso, abençoa nosso país!’ É uma oração bem diferente, não é mesmo?
Será que é esse tipo de oração que Deus tem ouvido dos nossos lábios?

5. Em quinto e último lugar, citamos aqui um texto que é sempre lido nas igrejas:
Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes;... Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos.” Malaquias 3:7-12
Após ler os comentários acima, precisamos explicar essa passagem? Já não está claro que o dízimo não é para favorecer o dizimista, mas sim, toda a nação? Que fazer prova de Deus não é pedir o que quer, mas orar de acordo com a Palavra, para que a coletividade seja abençoada, e não apenas o que oferta? Que, quando Deus enviasse a chuva, não seria apenas para abençoar a colheita de uma pessoa, mas de todos?
Como você tem visto o dízimo? Como uma moeda de troca? Repense suas intensões diante do Senhor...


As referências sobre Dízimo:

Após todas as descrições que realizamos até aqui, a seguir vamos recapitular mostrando todas as passagens que falam sobre o dízimo na Bíblia:

* Levítico 27:30-33 – O que dizimar; A santidade do dízimo; O resgate do dízimo.
* Números 18:21-32 – O dízimo aos levitas e o dízimo dos dízimos aos sacerdotes.
* Deuteronômio 12:6-32 – Entrega do dízimo no templo de Jerusalém e sua exceção; O dízimo para a família do dizimista e para os escravos.
* Deuteronômio 14:22-29 – A troca do dízimo devido a distância; A entrega do dízimo na própria cidade no terceiro ano; O dízimo para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva.
* Deuteronômio 26:12-15 – A oração após cumprir a entrega do dízimo

* I Samuel 8:15,17 – Quando Israel rejeitou o governo do Senhor e pediu um rei, Deus mostra que este exigiria até mais do que Ele pedia do povo. Inclusive, até o dízimo o rei cobraria deles.
* II Crônicas 31:4-21 – Quando o rei Ezequias renovou a aliança de Israel com o Senhor, uma das atitudes foi convocar o povo para dizimar. Eles dizimaram no terceiro mês (época da festa de Pentecoste) e no sétimo mês (época da festa dos Tabernáculos). Como muitas doações chegavam ao templo em Jerusalém, foram preparados depósitos e pessoas específicas dentre os levitas e sacerdotes para administrar a justa distribuição dos dízimos. O resultado é que o Senhor trouxe prosperidade aos que o buscaram.
* Neemias 10:37,38 – Após a libertação proporcionada pelos persas, os israelitas renovaram sua aliança com o Senhor, prometendo trazer os dízimos aos levitas e estes repartiriam e levariam os seus dízimos aos sacerdotes, nas chamadas câmaras da casa do tesouro.
* Neemias 12:44-47 – No dia da dedicação dos muros, foram nomeados os responsáveis pelas câmaras dos tesouros (ou seja, os tesoureiros), para recolher e distribuir os dízimos e ofertas entre os levitas, sacerdotes, cantores e porteiros que trabalhavam para o Senhor.
* Neemias 13:4-12 – Dez anos após Neemias ter realizado a construção dos muros de Jerusalém, voltou à Pérsia para resolver assuntos com o rei. Ao voltar, descobriu que o sacerdote tinha instalado o amonita Tobias numa câmara do templo, onde deveriam ser armazenados os dízimos e outras doações. Os levitas, por sua vez, tinham parado de receber as porções determinadas pelo Senhor. Neemias restabeleceu os depósitos, os tesoureiros e o ato de dizimar.
* Amós 4:4 – Deus condena o Reino de Israel por oferecer os dízimos de três em três dias em Betel e Gilgal, local de idolatria. Os habitantes de Samaria se esforçavam mais para desagradar a Deus do que para agradá-lo.
* Malaquias 3:8-12 – Deus condena Israel e os sacerdotes por estar ofertando de qualquer maneira, oferecendo o pior, deixando de ofertar, defraudando o salário do trabalhador e ainda oprimindo os necessitados. Como no livro de Deuteronômio, o Senhor convida-os a se voltarem para Deus para que sua terra fosse abençoada.

* Mateus 23:23; Lucas 11:42 – Jesus repreende os escribas e fariseus por darem o dízimo das coisas mínimas (como hortelã, endro e cominho), porém negligenciavam o mais importante da Torah. O Mestre diz que eles deveriam continuar dizimando, porém não poderiam deixar de agir com justiça, misericórdia e fé.
* Lucas 18:9-14 – Jesus citou uma parábola onde um religioso (fariseu) se considerava justo e desprezava os outros, pois jejuava duas vezes na semana e dava o dízimo de tudo. Já o cobrador de impostos, ao orar, reconhecia seu pecado e clamava pela misericórdia de Deus. Jesus conclui: ‘Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
* Hebreus 7:1-28 – Ao dizimar, Abraão separou o melhor dos despojos como dízimo e entregou a alguém superior a ele, Melquisedeque, sacerdote de El Elion e rei de Salém. O escritor aos Hebreus afirma que na época da carta, os israelitas ainda entregavam os dízimos aos levitas, porém aponta que Jesus, que não é levita, também tem direito a exercer um sacerdócio superior.

Essas quinze passagens são todas as referências que identificamos relacionadas diretamente ao dízimo. Como a Bíblia é uma fonte inesgotável, tenho certeza que encontrarás mais revelações que aqui não descrevemos. Portanto, não se contente a apenas ler esse estudo. Medite nas Escrituras e receba o novo de Deus!


A Igreja Precisa Dizimar?

Após todas as meditações anteriores, concluímos esse estudo com a resposta de uma pergunta tão atual:
- Para quem afirma que o dízimo é ‘coisa da Lei’, provamos que antes de Moisés, já existia esta prática (Gênesis 14:20; 28:22). Não foi um israelita que deu ou recebeu dízimo, mas um gentio entregou o dízimo para outro gentio (Gênesis 14:18-20). Lembre-se que na época de Abraão não existia povo de Israel. O seu neto, Jacó, é quem dá origem a este povo. Abraão era um gentio, mais precisamente, da Babilônia (Gênesis 15:27). Abraão é o pai dos israelitas (descendência como a areia da praia) e pai na fé dos crentes em Jesus (descendência como as estrelas do céu);
- Não há nenhuma menção contra o dízimo no chamado Novo Testamento. Os apóstolos não criticaram o ato de dizimar. Afirmaram que em seu tempo ainda se dizimava e não se opuseram a isso (Hebreus 7:1-28).
- Em nenhum momento Jesus foi contra o dízimo. Pelo contrário, nos ensinou que não basta apenas dizimar, mas ter uma vida que agrade ao coração de Deus (Mateus 23:23; Lucas 11:42;
18:9-14);
- Como falamos, o propósito do dízimo é o sustento do ministério e dos necessitados. Essa assistência continuou acontecendo na Igreja no chamado ‘ministério cotidiano’. E foi exatamente para isso que os diáconos foram instituídos. Enquanto os apóstolos cuidavam da oração e da Palavra, os diáconos repartiam as doações entre os irmãos (Atos 6:1-6);
- Mas, porque não se fala nas cartas sobre o dízimo? Por que os apóstolos não reforçaram a importância desse ato? Não havia necessidade dos apóstolos pedirem ou fazer um comentário sobre algum crente entregando o dízimo, pois os crentes davam TUDO o que tinham (Atos 2:44-47; 4:32-37). Como pedir dízimo de quem já dava tudo para a obra?
- Jesus foi favorável ao dízimo, como já mostramos, e, mais do que isso, Ele aprovou o ato de entregar tudo. Embora Ele não exigiu isso de ninguém, essa é a proposta para o jovem rico (Mateus 19:21; Marcos 10:21; Lucas 18:22), esse é o elogio para a viúva que deu tudo o que tinha (Marcos 12:44; Lucas 21:4) e essa é a atitude na parábola do tesouro escondido no campo (Mateus 13:44)  e na parábola da pérola de grande valor (Mateus 13:46). Que os líderes malignos não leiam essa parte... rs

Portanto, quem quer se ver livre dos dízimos hoje, deve, então, dar TUDO e não estamos falando de linguagem figurada... Se querem seguir o padrão da Igreja de Jerusalém, deverão fazê-lo.
Mas, sabemos que esse não é o interesse daqueles que pregam contra o dízimo. O motivo da pregação contrária não é para obedecer a Palavra. É mesquinhez mesmo! As pessoas perguntam: Tenho que dar o dízimo? Mas ninguém pergunta: Posso dar tudo como os discípulos davam?
Não é porque uma grande parcela da liderança é corrupta e usurpa, engana etc. que o dízimo deixou de ser agradável ao Senhor. Esse é o mínimo que podemos fazer para Deus...
Dê 10%, 20%, 30%, 100%, mas não deixe de dar pelo menos o mínimo que é o dízimo.

Devido o contexto econômico que vivemos hoje, o fruto do nosso trabalho não é o resultado de uma colheita. A CLT estipula que as empresas têm que pagar aos seus funcionários um salário específico em dinheiro. Portanto, embora na época Deus não esperava dinheiro como dízimo, é o que podemos oferecer hoje.
Embora isso se torne mais perigoso para quem administra os dízimos, se faz necessário fazermos. Por isso precisamos observar no que as pessoas que estamos depositando as doações estão aplicando esses valores.
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” Atos 6:3

Infelizmente, no Brasil, pagamos tantos impostos e taxas para o Governo, que ultrapassam os 10%. Será que estamos vivendo, como na época de Samuel em que o povo rejeitou o governo do Senhor e, por isso, sofreu nas mãos do rei (I Samuel 8:15,17)? As autoridades políticos nos oprimem com altas taxas de INSS, IRRF, IPVA, IPTU, IPI, ICMS, IOF, ITR, ITBI, ISSQN, DUDA, energia, água, transporte público etc. Além de tudo isso, muitos que difamam quem dá e recebe o dízimo, torram seu suado salário com entretenimentos fúteis, vícios de jogos, cigarros e bebidas, vivem se entupindo de remédios e são constantemente assaltados e veem seu salário sendo depositado figuradamente em ‘bolsos furados’.

Por último, Deus não tem interesse em impor medo a ninguém.
Não posso dar o dízimo por medo da punição de Deus. O Senhor não aceita esse tipo de entrega. Dou o dízimo porque amo a Deus e sou grato pelo que Ele me deu. Dou o dízimo porque a obra precisa ser feita.
Deus ama os que ajudam os necessitados. Esse é o papel da Igreja. Se estão usando o dinheiro dos dízimos e ofertas para se promoverem na TV e rádio, ou construírem imensas catedrais, aí já é outra história...


A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago 1:27

3 comentários:

Unknown disse...

Gostei muito do estudo. Só não concordo com a parte que diz que os dízimos não devem ser utilizados para se promover nas tvs e rádio e para o crescimento do Templo. Afinal muitas vidas são alcançadas através de programas de tvs e de rádio. E quanto maior o tempo mais pessoas poderão frequentar e com um mínimo de conforto.

valdinei disse...

Muito bom,e a primeira vez que vejo um comentario. tao bem fundamentado e esclarecedor sobre o dizimo sou plenamete conciente da importancia do dizimo na atualidade eu so nao sou afavor de impolo na forma de mandamento como o vemos hoje em muito lugares ,se pega o texto de malaquias para intimidar e lhe dao uma iterpretaçao totalmente fora do demais contexto das escrituras

Anônimo disse...

Muito bem. Deus te abençoe grandiosamente.
Como também se encontra em http://www.salvacaoeterna.com/dizimo