Qual o significado da palavra ‘dízimo’?
Já ouvi uma pessoa me contar que seu líder
religioso ensinou que não tem relação alguma ao número dez. Que dízimo não é
dez por cento do que alcançamos.
Em outra ocasião, um jovem me pediu para
mostrar-lhe onde ele poderia se guiar para saber se realmente dízimo é o que os
pastores evangélicos ensinam.
Vamos responder primeiramente a esta
pergunta. Depois, analisaremos o fato se a Igreja precisa dizimar, ou não.
Etimologia
da palavra ‘Dízimo’
Não precisamos forçar muito a mente para
perceber, mesmo em Português, que a palavra dízimo está ligada à palavra dez. Isso é indiscutível. Mas, o termo para dízimo, nos
originais das Escrituras Sagradas, está ligado ao décimo número?
A resposta é sim! A palavra hebraica ma’aser aparece mais de vinte e cinco
vezes (Gênesis 14:20; Levítico 27:30,31,32; Números 18:21,24,26,28;
Deuteronômio 12:6,11,17; 14:23,28; 26:12; II Crônicas 31:5,6,12; Neemias
10:37,38; 12:44; 13:5,12; Amós 4:4; Malaquias 3:8,10), sem contar suas variantes,
que citaremos a seguir.
Traduzindo esse termo literalmente ficaria
mais ou menos assim: ‘dos dez’ ou ‘de dez’.
Isso porque a raiz dessa expressão é a
palavra hebraica para o número dez, aser
(עשר) – Gênesis 16:3; 18:32; 24:10,22,55;
31:7,41; 32:15; 42:3; 45:23; Êxodo 18:21,25; 26:1,16; 27:12; 34:28; 36:8,21;
38:12; Levítico 26:26; 27:5,7; Números 7:14,20,26, 32,38, 44, 50,56, 62,68, 74,
80,86; 11:19,32; 14:22; 29:23; Deuteronômio 1:15; 4:13; 10:4 etc.
Só para complementar, a expressão ‘no
décimo’ (relacionada ao décimo dia) é be’asewr
(בעשור) – Levítico 16:29; 23:27; 25:9; Números
29:7
Enfim, ma’aser
é a décima parte, o pagamento do dízimo. Abaixo seguem as variações desta
palavra:
Aser
a’asernw
(עשר אעשרנו) – Gênesis 28:22
Asernym (עשרנים) – Levítico 14:10; 23:13,17; 24:5; Neemias 10:38
Aseyry (עשירי) – Levítico 27:32
Ma’aser
mon hu’ma’aser
(מעשר מן המעשר) – Números 18:26 (o dízimo dos dízimos)
Aser to’aser (עשר תעשר) – Deuteronômio 14:22
Yaser (יעשר) – I Samuel 8:15,17
Um dízimo também era uma forma de medir a
quantidade de ingredientes numa receita de alimento,
como em Levítico 14:10; 23:13,17; 24:5, onde é pedido três dízimos da oferta de
cereais.
Caso alguém precise
de mais alguma confirmação, vamos para os originais gregos do chamado Novo
Testamento:
Ao citar a entrega do dízimo de Abrão, são
utilizadas três palavras:
Apodekatoo (αποδεκατουτε) – Mateus 23:23; Lucas
11:42; 18:12; Hebreus 7:5
Dekatoo (δεκατωκεν) – Hebreus 7:6
Dekatin (δεκατην) – Hebreus 7:2,4
Dekatas (δεκατας) – Hebreus 7:8,9 (décimo)
Todos esses três
termos estão ligados ao numeral dez, em grego deka (δεκα) – Mateus 20:24; 25:1,28; Marcos 10:41; Lucas 15:8;
17:12,15,17; 19:13,16,17,24,25; Atos 25:6; Apocalipse 2:10; 12:3; 13:1;
17:3,7,12,16.
Quando
foi instituído o Dízimo?
O termo aparece a primeira vez em Gênesis
14:17-24, quando Abraão acabara de voltar de uma guerra onde tinha recuperado
os bens de cinco reinos de Canaã e encontra-se com o sacerdote de El Elion, Melquisedeque,
rei de Salém.
Primeiramente, se Abraão voltava com toda
essa riqueza e deu a décima parte de tudo que estava em suas mãos, então é um
ato de expressão muito forte. Ele não faria isso para qualquer pessoa.
Quem era Melquisedeque? O que ele faria com
toda essa riqueza ofertada por Abraão? Porque ele celebrou o encontro com
Abraão com pão e vinho?
Em Salém, que futuramente veio a ser
chamada de Jerusalém, o local do templo construído por Salomão, já era um local
onde havia ministração muito antes do que imaginávamos. Além disso, ao
contrário do que se ensina por aí, o dízimo é bem anterior a Moisés. Dízimo não
é ‘instituição da Lei’. Entregar a décima parte ‘na casa do tesouro’ é, pelo
menos, 500 anos mais antigo que a escrita da Torah pelo profeta Moisés. Na
verdade, Abraão e Melquisedeque aprenderam sobre essa atitude com seus
antepassados.
Depois deste fato, o termo para dízimo
somente é mencionado pelo neto de Abraão, o patriarca Jacó (Gênesis 28:18-22),
quando este, partindo para uma jornada duvidosa, após Deus já ter prometido
através de sonho, abençoá-lo, vota que se a sua bênção se cumprisse, faria
daquele lugar “Betel” (casa de Deus) e daria o dízimo de tudo que alcançasse.
Mais uma vez há a associação do lugar consagrado ao Senhor com o ato da entrega
dos dez por cento.
Até aqui não havia nação de Israel. Não
havia as normas de culto instituídas pelo Senhor no monte Sinai. Sendo assim, é
notório que a prática antecede a Moisés.
Quem ensinou Abraão e Jacó o que é dizimar?
Seja quem for, provavelmente foi quem os ensinou a levantar altares em
adoração, oferecer holocaustos e reconhecer a autoridade sacerdotal. Podemos
ver nas Escrituras que havia aproximadamente dois mil anos, ou seja, desde
Abel, que Deus recebia culto através de sacrifícios materiais, em épocas
específicas (Gênesis 4:3), seja por ofertas de cereais (Gênesis 4:3), seja
pelas primícias (Gênesis 4:4), holocaustos, ou seja, animais completamente
queimados (Gênesis 4:4), já havia relação de animais limpos e impuros para o
sacrifício (Gênesis 7:2; 8:20), altar para adoração (Gênesis 8:20; 12:7) e,
como vemos nos casos de Abraão e Jacó, um sacerdócio (Gênesis 14:18),
celebração através do pão e vinho (Gênesis 14:18), dízimo (Gênesis 14:20) etc.
Moisés, durante o livro do Êxodo, não cita
o dízimo, porém, cada vez que se aproximava mais de Canaã, aumentava suas
menções sobre tal procedimento. Em Levítico, o dízimo é citado em quatro
versículos, no final do livro. Em Números, o dízimo é citado em pelo menos dez
versículos. Já em Deuteronômio, há três citações diferentes, com um total de
uns trinta versículos.
Isso acontece porque, se é que o povo de
Israel tinha o costume de dizimar, o fazia de maneira incorreta. Ao ensinar
sobre o dízimo Moisés falou:
“Não procedereis em
nada segundo estamos fazendo aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus
olhos, porque, até agora, não entrastes no descanso e na herança
que vos dá o SENHOR, vosso Deus. Mas passareis o Jordão e habitareis na
terra... Então, haverá um lugar que
escolherá o SENHOR, vosso Deus, para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar fareis chegar tudo o que vos
ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos,...” Deuteronômio 12:8-11
Essa passagem não é base para se afirmar
que Israel não dizimava no deserto, ou mesmo no Egito. Porém, uma coisa é
certa: no deserto, eles não tinham como consagrar a décima parte de sua
colheita, até porque eles não plantavam no deserto. Ali eles viviam como
peregrinos, alimentando-se do maná que caía diariamente do céu.
O
que deveria ser Dizimado?
Há quatro tipos de bens que Deus esperava
receber como dízimo:
1- A colheita dos cereais do campo –
Levítico 27:30; Deuteronômio 14:22,23
2- A colheita dos frutos das árvores –
Levítico 27:30; Deuteronômio 14:23
3- O gado – Levítico 27:32
4- O rebanho – Levítico 27:32
E o Senhor mostra como deveria ser a
separação da décima parte desse tipo de oferta:
“No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que
passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR. Não se
investigará se é bom ou mau, nem o trocará; mas, se dalgum modo o trocar, um e
outro serão santos; não serão resgatados.” Levítico 27:32,33
No momento da escolha, o dízimo era
diferente de outros tipos de oferta como, por exemplo, a Páscoa, onde se devia
procurar um cordeiro sem mancha, de um ano, macho etc. (Êxodo 12:5). Para se
separar o dizimo, no momento em que o pastor estivesse contando o se gado ou
rebanho (Lucas 15:4), deveria, de dez em dez, separar um animal para ser
oferecido, independente se era considerado um dos melhores ou dos piores. Não
caberia ao pastor escolher se era um animal que lhe trazia benefícios, pois
tinha saúde, era gordo, reproduzia bastante, tinha boa lã etc. Se Deus
permitisse que esse deveria ser dizimado, estava decidido.
Para separar a décima parte dos cereais e
frutos, poderia ser feito de três formas. Ou seguiríamos o mesmo critério da
separação dos animais descrita acima, ou seja, ao contar os vegetais, separar o
décimo grão ou fruto, porém isso daria um trabalho terrível para o lavrador. A
outra maneira seria contar os molhos ou cestos de frutas. Porém, há ainda outra
forma, e esta é a que mais concorda com as Escrituras, que seria separar a
décima parte do terreno onde estava a plantação e, todo cereal ou fruto que se
produzisse naquela parte, seria levado ao templo. Isso estaria de acordo com o
seguinte versículo:
“Também todas as dízimas
do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor.” Levítico
27:30
Note que naquela época já existia a
comercialização por dinheiro (Gênesis 20:16; 23:15,16; 37:28; Êxodo 21:32;
Levítico 5:15; 27:3-7,16; Números 3:47,50; 7:13-86; 18:16; Deuteronômio
22:19,29; Josué 7:21) e em alguns momentos Deus aceitava como forma de oferta
(em caso de resgate do primogênito, por exemplo), mas em nenhum momento é
pedido de Israel o dízimo das suas moedas.
Para deixar claro, o valor atribuído aos
metais no passado não era necessariamente como hoje. Atualmente, consideramos
as moedas de prata e bronze de acordo com o que está modelado nela (o número 1,
5, 10, 25, 50 centavos ou 1 real). Há quatro mil anos atrás, na época de
Abraão, o valor era de acordo com o peso do mineral, o que é feito na
atualidade apenas com o ouro.
Enfim, Deus não pediu prata, ouro ou pedras
preciosas como dízimo porque em Israel não havia exploração de minerais. Quando
os hebreus desejavam esse tipo de material, recorriam a outras regiões como
Ofir (Gênesis 10:29; I Reis 9:28; 10:11; 22:48; I Crônicas 1:23; 29:4; II
Crônicas 8:18; 9:10; Jó 22:24; 28:16; Salmos 45:9; Isaías 13:12), Parvaim (II
Crônicas 3:6), Sabá (Salmos 72:15; Isaías 60:6), Társis (I Reis 10:22) etc.
Há um caso curioso em que, quando os
israelitas estivessem distantes do templo de Jerusalém, poderiam separar o seu
dízimo, vendê-lo e, ao chegar a Jerusalém, deveria comprar tudo que pudesse
para distribuir entre sua família (Deuteronômio 14:24-26). Esse fato é justificado
porque, digamos que uma pessoa levasse muitos dias para chegar ao local de
culto, todo o seu dízimo poderia estragar e, assim, não teria o que ofertar ao
Senhor e comer. Seja como for, Deus não aceitaria o dinheiro.
Para Deus, o dízimo não seria retirado dos
bens que eles adquirissem após alguns investimentos comerciais. Deus espera o
dízimo do que Ele deu, em primeira estância, das primícias de seu trabalho. Ou seja, se um israelita preparou um campo,
plantou e, após determinado tempo, colheu os molhos com grãos e/ou os frutos,
se ele quisesse vender parte daqueles grãos e frutos para trocar por
territórios, ouro, vestes, objetos e demais riquezas Deus não esperaria para
receber o dízimo dessa comercialização.
Deus desejava ser lembrado no início de
tudo, quando esse israelita colhesse seus primeiros grãos e frutos, e seus
animais nascessem. O dízimo é uma forma de demonstrar gratidão ao Senhor.
Aplicando, se Deus ainda hoje deseja
receber o dízimo de alguém, não é do que sobra e não após tentar fazer
investimentos ou mesmo após começar a gastar. De alguma maneira Deus quer ser
lembrado quando o fruto do nosso trabalho chega a nossas mãos.
Após essa análise, podemos entender porque
Abraão e Jacó são mencionados com relação ao dízimo. Eles foram além do comum.
Eles não dizimaram apenas dos cereais, frutos, vacas ou ovelhas. Abraão deu o
dízimo DE TUDO (Gênesis 14:20) e Jacó prometeu ofertar o dízimo DE TUDO
(Gênesis 28:22). Eles foram além do padrão e, por isso, foram citados por
Moisés, o escritor de Gênesis. Isso porque Abraão não tinha em mãos o resultado
de uma plantação na qual ele trabalhara. Ele acabara de vir de uma guerra em
que conquistara despojos de quatro reinos, dentre eles, Babilônia, ou Sinear,
na época (Gênesis 14:1-17). Ele deveria ter em mãos todo o tipo de gado,
comida, vestimentas, jóias, metais, armamento etc. Mesmo antes disso, Abraão já
era um homem rico (Gênesis 13:2) e, de tudo isso, ele ofereceu para Deus o
dízimo.
Depois voltaremos a falar sobre esses
casos.
Quando
Dizimar?
Se considerarmos o tempo de gestação de uma
ovelha ou de uma vaca, saberemos que, dependendo do tamanho de nosso rebanho,
não necessariamente teremos novos filhotes todos os meses. A ovelha tem um tempo de gestação de
cinco meses, ou seja, pode ter filhotes duas vezes ao ano. Já a vaca, como o ser humano, tem um tempo
de gestação de nove meses. Sendo assim, os dízimos desses animais não poderiam
ser mais do que duas vezes ao ano.
Com relação aos cereais e frutos, em Israel
há dois períodos no ano para a colheita:
Na
Primavera,
ou seja, nos três primeiros meses do ano, quando ocorriam as festas de Páscoa,
Primícias e Pentecostes, era o tempo de
colher os cereais: primeiro a cevada e o linho, e depois, também o trigo e
o centeio. Foi neste período que Israel foi liberto do Egito (Êxodo 9:31,32),
que Josué entrou com Israel em Canaã (Josué 5:10,11), que Israel pediu um rei e
Saul foi consagrado pelo profeta Samuel (I Samuel 12:17) e que Jesus morreu,
período tal que não era época dos frutos
(Marcos 11:13; 14:14).
A festa de Pentecostes era exatamente após
Israel colher a sua messe, ou seja,
o resultado do que plantou de cereais, no terceiro mês do ano (Levítico 23:22). Sendo
assim, esse era o período ideal para Israel oferecer o dízimo, o que concorda
com Deuteronômio 26:12.
No Outono, mais precisamente
no mês sétimo, quando aconteciam as outras três celebrações, Trombetas,
Expiação e Tabernáculos, era o tempo de
colher os frutos: azeite, uva, figos, maçã, romã etc. (Levítico 23:3,40) e,
se Deus também queria o dízimo dos frutos, então nessa época também deveria se
dizimar. Foi neste período em
que Salomão inaugurou o templo em Jerusalém (I Reis 8:65; II
Crônicas 7:9) e que os judeus voltaram a Jerusalém para reconstruírem o templo
por decreto de Ciro (Esdras 3:1-4).
Cada vez mais, no mundo todo, o cenário
urbano está sendo deixado de lado. As cidades estão crescendo em toda parte.
Com isso, não sobrevivemos mais dependendo de nossas próprias colheitas ou
gado. O trabalho administrativo, industrial, tecnológico, a oferta de serviços
etc. fazem com que não tenhamos mais como recompensa de nossos esforços um
pagamento em cereais, frutos e animais. A enxada, pá e o arado deram lugar à
caneta, ao computador e à mente. Não esperamos mais a primavera, para colhermos
os cereais, e o outono, para colhermos os frutos. Nosso salário é mensal,
quinzenal, semanal e até diário.
O dízimo dos israelitas não era algo
constante como pode ser o nosso dízimo. Como vimos, tanto pelos animais que
eram dizimados, quanto pelos cereais e frutos, o dízimo só acontecia, no
máximo, duas vezes ao ano. Isso também, sem mencionar a distância que eles
tinham de percorrer para poder oferecer o dízimo. Para confirmar isso, leia os
versículos a seguir:
“Logo que se
divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias do cereal, do vinho, do azeite,
do mel e de todo produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância. Os
filhos de Israel e de Judá que habitavam nas cidades de Judá também trouxeram dízimos das vacas e das ovelhas
e dízimos das coisas que foram consagradas ao SENHOR, seu Deus; e fizeram
montões e montões. No terceiro mês,
começaram a fazer os primeiros montões; e, no sétimo mês, acabaram.” II Crônicas 31:5-7
O profeta Amós ironiza ao dizer que Israel
oferecia o dízimo de três em três dias:
“Vinde a Betel e transgredi, a Gilgal, e multiplicai as transgressões;
e, cada manhã, trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos dízimos; e oferecei sacrifício de
louvores do que é levedado, e apregoai ofertas voluntárias, e publicai-as,
porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o SENHOR Deus.” Amós
4:4,5
O texto é uma
ironia porque Deus nunca convidaria ninguém para cometer transgressões. E,
independente de Israel oferecer mesmo os seus dízimos de três em três dias em
Betel e Gilgal, ali não se seguia as datas das festas que o Senhor Deus havia
instituído. Nestes dois lugares havia dois bezerros de ouro colocados ali
justamente para que o povo não seguisse a vontade de Deus (I Reis 12:27-33).
Quem morava fora de
Jerusalém, não teria como ir ao templo do Senhor de três em três dias dizimar.
Até porque ninguém colhia de três em três dias o resultado de sua colheita.
Onde
dizimar?
Abraão entregou o dízimo em Salém (Gênesis
14:18,20) e Jacó prometeu entregar em Betel, que significa ‘casa de Deus’ (Gênesis
28:21,22). Antes mesmo de entrar em Canaã, quando Israel estava no deserto,
Deus afirmou que eles deveriam levar a décima parte de sua colheita e animais
no local que Ele consagraria para ser seu santuário, ou seja, em Jerusalém (Números
18:21; Deuteronômio 12:5-20,26,27; 14:22-23).
Desde o princípio, sempre houve um local
especial onde se levava a oferta para Deus:
“Aconteceu que no
fim de uns tempos trouxe Caim do
fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
Abel, por sua vez, trouxe das
primícias do seu rebanho e da gordura deste...” Gênesis 4:2,3
E quem nunca ouviu falar no versículo a
seguir?
“Trazei
todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa...”
Malaquias 3:10
Mas hoje não há um templo em Jerusalém para
dizimarmos o vegetal ou animal. E, mesmo que ainda existisse, não teríamos como
levar até lá. A Torah de Moisés previa isso?
A resposta é: sim! Havia duas exceções: uma
para os que estivessem longe e outra para os que, de tão longe, não
conseguiriam levar os dízimos até lá. Vejamos:
* Os que desejassem levar os dízimos até
Jerusalém, mas não pudessem, pois suas doações estragariam devido o tempo da
caminhada e a distância, poderiam separar o dízimo, vender por uma determinada
quantia, ir até Jerusalém e lá comprar, com este valor, o que pudesse para
celebrar a entrega da décima parte de tudo que alcançou do Senhor (Deuteronômio
14:24-26).
* Os que não pudessem levar seus dízimos
até o templo de Jerusalém de forma alguma, poderiam consagrar e comer suas
dádivas em sua própria cidade (Deuteronômio 12:21).
Aproveitando a questão das exceções
mencionadas acima, é importante também lembrarmos que de três em três anos, os
dízimos não deveriam ser levados a Jerusalém. Neste período os dízimos deveriam
ser entregues aos levitas de sua própria cidade para ser repartido e comido
pelos de sua família, os levitas, os escravos e os necessitados (Deuteronômio
14:27-29; 26:12,13). Mais à frente falaremos novamente sobre essa questão.
Em nossos dias as
chamadas ‘igrejas’, independentes da denominação, que ocupam cada esquina (pelo
menos em muitas cidades da América do Norte e do Sul) assumiram o lugar do ‘templo
em Jerusalém’ e assumirem para si a responsabilidade de coletora dos dízimos
dos chamados ‘cristãos’. O próximo tópico responderá se entregar os dízimos aos
líderes das igrejas é correto, ou não, mas aqui quero afirmar que nossas
igrejas possuem mais semelhanças com as sinagogas judaicas do que com o templo,
em si.
O Templo de
Jerusalém, também chamado de Casa de Deus, Santuário, ou o Tabernáculo,
equivalem hoje ao nosso corpo, que é morada do Espírito Santo, e não às quatro
paredes que chamam de Igreja. As estruturas, compartimentos, rituais,
ministros, frequentadores etc. de um não se equivalem aos do outro.
Como havia a
possibilidade de não se oferecer os dízimos no templo, então hoje não estamos
presos a um local físico, mas é importante lembrarmos o que vem no próximo
tópico:
A
quem dizimar?
O dízimo poderia ser simplesmente usado
para investir em algo para o templo, ou entregue aos pobres diretamente? Não! O
dízimo não tinha o propósito de colaborar para construção ou reforma do templo
(para isso existiam as ofertas) e um israelita não poderia por conta própria
repartir o seu dízimo entre os necessitados. Mesmo que a finalidade fosse essa
última, os dízimos deveriam ser entregues nas mãos dos levitas.
Mas, quem eram os levitas? Quem são os
levitas hoje? É certo entregarmos nossos dízimos nas mãos dos pastores,
diáconos, tesoureiros ou demais líderes, como queiram ser chamados?
Os levitas eram os descendentes de Levi.
Compunham uma das doze tribos de Israel, contada a parte, consagrada ao Senhor,
separada para se dedicarem exclusivamente à obra de Deus. Por causa disso, não
tinham um território fixo, não tinham herança e não acumulavam bens. Dependendo
da família em que nascessem, tinham a responsabilidade de ministrar no lugar
mais santo do templo (os filhos de Arão), ministravam no templo cuidando dos
móveis, do perfume, dos sacrifícios, da adoração pela música, da intercessão,
da segurança e limpeza do templo, bem como consagravam o novo rei, examinavam os
doentes, aconselhavam, julgavam, faziam cópias manuais das Escrituras e as
ensinavam etc. (Números 2:47-54; 3:1-39).
“E
eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança,
pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.” Números
18:21
Hoje, na maioria das igrejas, o líder,
chamado de pastor, é quem recebe uma ajuda de custo, ou salário, para se
dedicarem a obra do Senhor, porém, muitas vezes, esses só ministram nos cultos
a noite, quando há maior público, em uma ou duas horas de culto, isso quando o
fazem todos os dias. Muitos estão ganhando uma boa quantia em dinheiro, mas
seus dias não são dedicados a Deus. Não conhecem as Escrituras, pois, ao pregar,
cometem erros bíblicos repetindo simplesmente o que ouviram de outros,
tornam-se ditadores dando ordens para os membros e vão acumulando riquezas. Há
muita coisa errada em nosso meio...
Mas não são apenas os pastores que recebem.
Hoje os cantores e instrumentistas são chamados de levitas (porque erradamente
associam os levitas só com os músicos) e estão confundindo a adoração com
profissão. Os cachês dos cantores e pregadores estão cada vez mais disputados
no mundo ‘cristão’, repito, independente das denominações. Sem falar sobre os
diversos troféus, prêmios etc. para honrar aqueles que não deveriam estar ali
para agradar mais ou menos o público, mas tocar o coração de Deus, independente
do gosto da plateia.
Aproveitei esse espaço para desabafar um
pouco, mas quero lembrar que há líderes honestos. Há muitos que não foram
seduzidos pela fama, riquezas e conforto secular. Se você procurar, encontrarás
homens de Deus, seja pastores, presbíteros, missionários etc. que se entregaram
completamente a Deus. As contribuições que chegam em suas mãos são para
favorecer o Reino de Deus pela construção de centros de recuperação de
viciados, educação infantil, orfanatos, asilos, ajuda aos pobres e viúvas em
comunidades carentes, alfabetização de adultos, discipulado pessoal, auxílio
médico em países que passaram pela guerra, distribuição de literatura, vídeo e
áudio gratuitos ou, no máximo, a preço de custo, irmãos e irmãs que vivem em
consagração e oração, tradutores da Bíblia para novas línguas etc.
Como é lindo saber que uma pessoa, casal ou
família abriu mão de emprego, casa própria, planejamento de vida, conforto etc.,
para ir a um lugar distante, longe dos amigos, numa vida insegura, cheia de infortúnios,
perseguições, milhões de desafios, perigo de morte, com o objetivo de pregar a
Palavra de Deus aos povos que não conhecem a luz do Evangelho restaurador.
Olhando para as Escrituras, esses são os
que podem ser comparados aos levitas. Até porque, a tribo de Levi apenas
substituiu os primogênitos de todas as tribos de Israel. O propósito inicial de
Deus era que em cada casa de Israel tivesse um, ou seja, o primogênito, que
fosse separado para o serviço do Senhor (Números 3:45). Para lideres como
esses, que se dedicam exclusivamente à causa de Deus, nós devemos entregar
nossos dízimos.
Lembrem-se: Melquisedeque, o sacerdote do
Deus Altíssimo, não era da tribo de Levi, e recebeu o dízimo de Abraão (Gênesis
14:18-20). Nem o avô de Levi nesta época ainda tinha nascido. E, sacerdote por
sacerdote, todos nós hoje o somos, em Cristo Jesus (I Pedro 2:5,; Apocalipse 1:6;
5:10).
Antes que queiram aproveitar-se desse
parágrafo acima para se auto-intitularem ‘merecedores de recolherem ou
administrarem os dízimos’, é importante lembrar que há uma unção especial para
exercer esse ministério.
Os levitas precisavam, sim, de um sustento
porque eles não tinham o produto da eira
(que nos remete ao resultado da separação dos grãos, no começo do ano, na
Primavera) e o produto do lagar (que
nos remete ao vinho, o resultado do trabalho de espremer o fruto da videira, a
uva, no sétimo mês, no Outono), mas, em Números 18:30, diz que, ao trabalhar
para o Senhor, é como se eles estivessem trabalhando para ter esse resultado.
Até porque, se o sacerdote não se dedicasse
ao aprendizado das Escrituras, para ensinar o povo a vontade de Deus, e não
corrigisse o pecador, nem intercedesse por ele, a ira do Senhor viria sobre a
nação de Israel, e, com isso, eles sofreriam prejuízo em suas plantações e
criação de animais. Consecutivamente, o sacerdócio sofreria as consequências.
“Guarda-te,
que não desampares ao levita todos os teus dias na terra.” Deuteronômio
12:19
A disponibilização do dízimo nas mãos de
uma liderança nos ensina a questão da obediência, submissão, tanto para o
israelita quanto para o levita. Isso porque, além do israelita entregar o
dízimo ao levita, este deveria entregar o
dízimo dos dízimos ao sacerdote (Números 18:21-32). E, ainda que o hebreu não pudesse escolher o melhor ou pior
no momento da oferta (Levítico 27:33), o levita teria que fazê-lo, entregando o melhor dos dízimos ao sacerdote.
O
propósito do Dízimo
Há pelo menos dois motivos para que alguém
oferte:
1
Gratidão e Obediência
Já mencionamos no início deste estudo que o
dízimo era uma forma do servo de Deus ser grato ao Senhor por tudo que chegou
às suas mãos. Além disso, este demonstrava sua obediência ao sair de sua casa e
ir até Jerusalém dedicar a décima parte de tudo que recebeu naquele ano. Como
tudo que fazemos em nossa vida, antes de mostrar qualquer favorecimento ao
próximo, acima de tudo está nosso amor ao Senhor, com todo o nosso coração,
alma e força (Deuteronômio 6:5).
A décima parte de tudo que um israelita
alcançasse, após ser separado, tornava-se santo:
“Também todas as
dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor... Tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas,
de tudo o que passar debaixo da vara, o
dízimo será santo ao Senhor.” Levítico 27:30,32
Dependendo do que era oferecido para Deus,
não poderia ser resgatado depois (Levítico 27:28,29,32,33). Para mostrar a
importância do dízimo, Deus permite que os cereais e frutos fossem resgatados,
porém quem quisesse fazê-lo, teria de pagar
cinco vezes mais pelo que dizimou (Levítico 27:30,31), diferente do valor devido
furto, quando se deveria pagar quatro
vezes mais (Êxodo 22:1) ou perda em que deveria se pagar o dobro (Êxodo 22:9).
Para finalizar o primeiro e mais importante
dos propósitos do dízimo, deixamos o versículo a seguir:
“E, perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher para
ali fazer habitar o seu nome, comerás os
dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das
tuas vacas e das tuas ovelhas; para que
aprendas a temer o SENHOR, teu Deus, todos os dias.” Levítico
O ato de agradecer a Deus por tudo que Ele
nos tem concedido, devolvendo a Ele parte do que recebemos, nos aproxima dEle.
E, ao obedecê-lo neste ponto, temos somos encorajados a obedecê-lo em outras
áreas também.
2
Comunhão e Ajuda aos Necessitados
Assim como todas as outras festas em
Israel, o ato de levar os dízimos até Jerusalém permitiria cada israelita ter contato
com todo o tipo de pessoas que moravam o mais distante possível.
Por exemplo, quando os discípulos de Jesus
foram revestidos com o Espírito Santo, havia em Jerusalém pessoas de todas as
partes (Atos 2:9-11), pois era época da Festa de Pentecostes.
Além disso, o dízimo não era um tipo de
presente que se dava a Deus para construção ou reforma do templo. O propósito
do dízimo era alimentar o faminto. Trazer alegria aos que não tinham condições.
Veja os versículos a seguir:
“Lá, comereis perante o SENHOR, vosso Deus, e vos alegrareis em tudo o que fizerdes,
vós e as vossas casas, no que vos tiver abençoado o SENHOR, vosso Deus... e vos alegrareis perante o SENHOR, vosso
Deus, vós, os vossos filhos, as vossas
filhas, os vossos servos, as vossas servas e o levita que mora dentro das
vossas cidades e que não tem porção nem herança convosco.” Deuteronômio
12:7,12
“não desampararás o levita... Ao fim de cada três anos,
tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua
cidade. Então, virão o levita (pois
não tem parte nem herança contigo), o
estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se
fartarão,...” Deuteronômio 14:27-29
Ler
também Deuteronômio 12:18,19; 26:12
Sendo assim, a celebração da entrega do dízimo
era um ato de fraternidade, pois, os mais carentes de Israel eram lembrados
neste momento. Note que os escravos não deveriam ser tratados em Israel como
nos outros povos, mas com dignidade. O levita, que era quem ministrava sobre o
dízimo, tinha a oportunidade de se regozijar, mesmo sem ter plantado nada,
porque sua vida era dedicada ao Reino de Deus. O estrangeiro, ou gentio, também
tinha vez na ceia dos dízimos, tendo em vista que, ao chegar de terras
distantes, não tinha como gozar do que não plantou. A viúva não tinha pensão
nem aposentaria. Da mesma forma, o órfão não recebia pensão. Assim, todos eram
beneficiados, a começar pela família do dizimista, por abençoar outras vidas.
“... palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é
dar que receber.” Atos 20:35
O
resultado em Dizimar, ou não Dizimar
1. A primeira citação
relacionada à promessa está no versículo abaixo:
“Assim,
não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não
profanareis as coisas santas dos filhos de Israel, para que não morrais.” Números 18:32
Deus promete vida aos levitas que cumprirem
a determinação de oferecer o melhor dos dízimos, como dízimo dos dízimos, aos sacerdotes. Ao mesmo tempo, aos que se
negarem a obedecer, são ameaçados com o dano da morte.
Essa orientação divina nos lembra o
primeiro mandamento que Adam recebeu no Jardim:
“E
ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás
livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente
morrerás.” Gênesis 2:16-17
Dependendo de quem olha para esse tipo de
colocação, terá um tipo de visão. Quem é mal, verá da seguinte forma: ‘Deus é
mal! Deus pune! Deus priva-nos das coisas!’ Porém, quem ama ao Senhor, verá da
seguinte forma: ‘Deus só pede dez por cento! Deus deseja nos dar a vida! Deus
nos deu tantas coisas maravilhosas para experimentarmos, que o dízimo é pouco
para devolver-lhe!’...
2. A segunda citação
está relacionada não apenas ao dízimo, mas a todos os tipos de ofertas:
“Guarda
e ouve todas estas palavras que te ordeno, para
que bem te suceda a ti e a teus filhos depois de ti para sempre, quando
fizeres o que for bom e reto aos olhos do Senhor teu Deus.” Deuteronômio
12:28
Como já falamos anteriormente, ao dizimar
(ou, neste caso, cumprir os conselhos divinos), os israelitas estariam adorando
ao Senhor e sendo grato por tudo que Ele os concedia e, por isso, Deus os
recompensaria com o sucesso de Israel em todas as gerações. Por quê? Deus
queria apenas privilegiar Israel? Os israelitas eram bonzinhos e mereciam ser
abençoados? Nada disso! Ao abençoar os que honram ao Senhor, Ele está
manifestando a Sua glória e poder.
Voltando a falar sobre os ângulos de visão,
muitos veem esse tipo de promessa como motivador para barganhar com Deus. Usam
isso para dizer ‘Deus, eu dou o dízimo! Tu prometeste que me abençoaria! Eu
quero minha bênção!’ Porém, geralmente quem assim declara não conhece a Deus,
não tem intimidade com Ele. Deus não é obrigado a nada. Ele é Soberano e cumpre
a Sua vontade sempre. Se Ele quiser abençoar o ímpio, porque Ele é bom,
abençoará. Se Ele quiser castigar o justo, para aperfeiçoá-lo, Ele fará, porque
é Pai.
É importante lembrar que a promessa de
bênção aqui não é só para quem dá o dízimo, mas guarda TODOS as Suas instruções. Não exija nada dEle.
3. A terceira menção
é ao citar o terceiro ano, onde os
dízimos deveriam ser comidos na própria cidade:
“Ao
fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os
recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem
herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro
das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos
fizerem.” Deuteronômio 14:28-29
Se, por exemplo, somos orientados pelos
médicos a comermos alimentos saudáveis e somos alertados a não comer produtos
que não são nutritivos (mesmo que eles pareçam suculentos), encaramos os
médicos como pessoas que estão querendo nos privar do que é bom, ou
reconhecemos que eles sabem o que é melhor para nós?
Deus, mais do que ninguém, sabe o que é
melhor para nós!
Quando agimos com egoísmo e soberba, e
deixamos de ajudar ao próximo, nossa mente nos condena ao ver o sofrimento a
nossa volta. Ainda que o caráter de uma pessoa seja mal, ela nunca terá paz enquanto
souber que poderia ter feito algo pelo próximo, mas não fez. Mesmo que esta
pessoa não sinta pena do necessitado, ou se sinta mal por não ter ajudado, ela
poderá se sentir ameaçada, por saber que a qualquer momento poderá ser
assaltada. Essa é a realidade que vemos num mundo capitalista e egoísta como o
nosso.
O acúmulo de riquezas de um lado crescem no
mesmo patamar que a desigualdade social, pobreza, miséria, insegurança,
assaltos, violência e criminalidade.
Repito: Deus, mais do que ninguém, sabe o
que é melhor para nós!
4. O quarto texto não
é bem uma promessa, mas o Senhor pede que o povo, ao entregar o dízimo, faça
uma oração, pedindo a bênção sobre a nação:
“E dirás
perante o Senhor teu Deus: Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei
também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva,... obedeci à voz do
Senhor meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito. Olha desde a
tua santa habitação, desde o céu, e abençoa
o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais,
terra que mana leite e mel.” Deuteronômio 26:13-15
Em que consiste a recompensa exata para
quem dizima? Não é apenas uma pessoa ou sua família que deveria ser abençoada
por oferecer a décima parte de suas colheitas. Toda a nação de Israel seria
abençoada, isso porque, ao dizimar, o pobre seria ajudado, o servo do Senhor
seria sustentado e, assim, todos estariam com a bênção de Deus, proporcionada
uns pelos outros. Outro detalhe é que a oração não é egoísta do tipo: ‘Deus, eu
dei o dízimo e, por isso, me abençoe!’ Não! A oração deveria ser: ‘Deus, nós
repartimos nossos bens com o necessitado, por isso, abençoa nosso país!’ É uma
oração bem diferente, não é mesmo?
Será que é esse tipo de oração que Deus tem
ouvido dos nossos lábios?
5. Em quinto e último
lugar, citamos aqui um texto que é sempre lido nas igrejas:
“Desde
os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes;...
Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos?
Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me
roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para
que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar
sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.
E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da
vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos
Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis
uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos.” Malaquias 3:7-12
Após ler os comentários acima, precisamos
explicar essa passagem? Já não está claro que o dízimo não é para favorecer o
dizimista, mas sim, toda a nação? Que fazer prova de Deus não é pedir o que
quer, mas orar de acordo com a Palavra, para que a coletividade seja abençoada,
e não apenas o que oferta? Que, quando Deus enviasse a chuva, não seria apenas
para abençoar a colheita de uma pessoa, mas de todos?
Como você tem visto o dízimo? Como uma
moeda de troca? Repense suas intensões diante do Senhor...
As
referências sobre Dízimo:
Após todas as descrições que realizamos até
aqui, a seguir vamos recapitular mostrando todas as passagens que falam sobre o
dízimo na Bíblia:
* Levítico
27:30-33
– O que dizimar; A santidade do dízimo; O resgate do dízimo.
* Números
18:21-32
– O dízimo aos levitas e o dízimo dos dízimos aos sacerdotes.
* Deuteronômio
12:6-32
– Entrega do dízimo no templo de Jerusalém e sua exceção; O dízimo para a
família do dizimista e para os escravos.
* Deuteronômio
14:22-29
– A troca do dízimo devido a distância; A entrega do dízimo na própria cidade
no terceiro ano; O dízimo para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva.
* Deuteronômio
26:12-15
– A oração após cumprir a entrega do dízimo
* I
Samuel 8:15,17
– Quando Israel rejeitou o governo do Senhor e pediu um rei, Deus mostra que
este exigiria até mais do que Ele pedia do povo. Inclusive, até o dízimo o rei
cobraria deles.
* II
Crônicas 31:4-21
– Quando o rei Ezequias renovou a aliança de Israel com o Senhor, uma das
atitudes foi convocar o povo para dizimar. Eles dizimaram no terceiro mês
(época da festa de Pentecoste) e no sétimo mês (época da festa dos
Tabernáculos). Como muitas doações chegavam ao templo em Jerusalém, foram
preparados depósitos e pessoas específicas dentre os levitas e sacerdotes para administrar
a justa distribuição dos dízimos. O resultado é que o Senhor trouxe
prosperidade aos que o buscaram.
* Neemias
10:37,38
– Após a libertação proporcionada pelos persas, os israelitas renovaram sua
aliança com o Senhor, prometendo trazer os dízimos aos levitas e estes
repartiriam e levariam os seus dízimos aos sacerdotes, nas chamadas câmaras da
casa do tesouro.
* Neemias
12:44-47
– No dia da dedicação dos muros, foram nomeados os responsáveis pelas câmaras
dos tesouros (ou seja, os tesoureiros), para recolher e distribuir os dízimos e
ofertas entre os levitas, sacerdotes, cantores e porteiros que trabalhavam para
o Senhor.
* Neemias
13:4-12
– Dez anos após Neemias ter realizado a construção dos muros de Jerusalém,
voltou à Pérsia para resolver assuntos com o rei. Ao voltar, descobriu que o
sacerdote tinha instalado o amonita Tobias numa câmara do templo, onde deveriam
ser armazenados os dízimos e outras doações. Os levitas, por sua vez, tinham
parado de receber as porções determinadas pelo Senhor. Neemias restabeleceu os
depósitos, os tesoureiros e o ato de dizimar.
* Amós
4:4
– Deus condena o Reino de Israel por oferecer os dízimos de três em três dias
em Betel e Gilgal, local de idolatria. Os habitantes de Samaria se esforçavam
mais para desagradar a Deus do que para agradá-lo.
* Malaquias
3:8-12
– Deus condena Israel e os sacerdotes por estar ofertando de qualquer maneira,
oferecendo o pior, deixando de ofertar, defraudando o salário do trabalhador e
ainda oprimindo os necessitados. Como no livro de Deuteronômio, o Senhor
convida-os a se voltarem para Deus para que sua terra fosse abençoada.
*
Mateus 23:23; Lucas 11:42 – Jesus repreende os escribas e fariseus por darem o
dízimo das coisas mínimas (como hortelã, endro e cominho), porém negligenciavam
o mais importante da Torah. O Mestre diz que eles deveriam continuar dizimando,
porém não poderiam deixar de agir com justiça, misericórdia e fé.
*
Lucas 18:9-14
– Jesus citou uma parábola onde um religioso (fariseu) se considerava justo e
desprezava os outros, pois jejuava duas vezes na semana e dava o dízimo de tudo.
Já o cobrador de impostos, ao orar, reconhecia seu pecado e clamava pela
misericórdia de Deus. Jesus conclui: ‘Digo-vos
que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a
si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será
exaltado.’
*
Hebreus 7:1-28
– Ao dizimar, Abraão separou o melhor dos despojos como dízimo e entregou a
alguém superior a ele, Melquisedeque, sacerdote de El Elion e rei de Salém. O
escritor aos Hebreus afirma que na época da carta, os israelitas ainda
entregavam os dízimos aos levitas, porém aponta que Jesus, que não é levita,
também tem direito a exercer um sacerdócio superior.
Essas quinze passagens são todas as referências
que identificamos relacionadas diretamente ao dízimo. Como a Bíblia é uma fonte
inesgotável, tenho certeza que encontrarás mais revelações que aqui não
descrevemos. Portanto, não se contente a apenas ler esse estudo. Medite nas
Escrituras e receba o novo de Deus!
A
Igreja Precisa Dizimar?
Após todas as meditações anteriores,
concluímos esse estudo com a resposta de uma pergunta tão atual:
- Para quem afirma que o dízimo é ‘coisa da
Lei’, provamos que antes de Moisés, já existia esta prática (Gênesis 14:20;
28:22). Não foi um israelita que deu ou recebeu dízimo, mas um gentio entregou
o dízimo para outro gentio (Gênesis 14:18-20). Lembre-se que na época de Abraão
não existia povo de Israel. O seu neto, Jacó, é quem dá origem a este povo.
Abraão era um gentio, mais precisamente, da Babilônia (Gênesis 15:27). Abraão é
o pai dos israelitas (descendência como a areia da praia) e pai na fé dos
crentes em Jesus (descendência como as estrelas do céu);
- Não há nenhuma menção contra o dízimo no
chamado Novo Testamento. Os apóstolos não criticaram o ato de dizimar. Afirmaram
que em seu tempo ainda se dizimava e não se opuseram a isso (Hebreus 7:1-28).
- Em nenhum momento Jesus foi contra o dízimo.
Pelo contrário, nos ensinou que não basta apenas dizimar, mas ter uma vida que
agrade ao coração de Deus (Mateus 23:23; Lucas 11:42;
18:9-14);
- Como falamos, o propósito do dízimo é o
sustento do ministério e dos necessitados. Essa assistência continuou
acontecendo na Igreja no chamado ‘ministério cotidiano’. E foi exatamente para
isso que os diáconos foram instituídos. Enquanto os apóstolos cuidavam da
oração e da Palavra, os diáconos repartiam as doações entre os irmãos (Atos
6:1-6);
- Mas, porque não se fala nas cartas sobre
o dízimo? Por que os apóstolos não reforçaram a importância desse ato? Não
havia necessidade dos apóstolos pedirem ou fazer um comentário sobre algum
crente entregando o dízimo, pois os crentes davam TUDO o que tinham (Atos
2:44-47; 4:32-37). Como pedir dízimo de quem já dava tudo para a obra?
- Jesus foi favorável ao dízimo, como já
mostramos, e, mais do que isso, Ele aprovou o ato de entregar tudo. Embora Ele
não exigiu isso de ninguém, essa é a proposta para o jovem rico (Mateus 19:21;
Marcos 10:21; Lucas 18:22), esse é o elogio para a viúva que deu tudo o que
tinha (Marcos 12:44; Lucas 21:4) e essa é a atitude na parábola do tesouro
escondido no campo (Mateus 13:44) e na
parábola da pérola de grande valor (Mateus 13:46). Que os líderes malignos não leiam essa parte... rs
Portanto, quem quer se ver livre dos
dízimos hoje, deve, então, dar TUDO e não estamos falando de linguagem
figurada... Se querem seguir o padrão da Igreja de Jerusalém, deverão fazê-lo.
Mas, sabemos que esse não é o interesse
daqueles que pregam contra o dízimo. O motivo da pregação contrária não é para
obedecer a Palavra. É mesquinhez mesmo! As pessoas perguntam: Tenho que dar o
dízimo? Mas ninguém pergunta: Posso dar tudo como os discípulos davam?
Não é porque uma grande parcela da liderança
é corrupta e usurpa, engana etc. que o dízimo deixou de ser agradável ao
Senhor. Esse é o mínimo que podemos fazer para Deus...
Dê 10%, 20%, 30%, 100%, mas não deixe de
dar pelo menos o mínimo que é o dízimo.
Devido o contexto econômico que vivemos
hoje, o fruto do nosso trabalho não é o resultado de uma colheita. A CLT estipula
que as empresas têm que pagar aos seus funcionários um salário específico em
dinheiro. Portanto, embora na época Deus não esperava dinheiro como dízimo, é o
que podemos oferecer hoje.
Embora isso se torne mais perigoso para
quem administra os dízimos, se faz necessário fazermos. Por isso precisamos observar
no que as pessoas que estamos depositando as doações estão aplicando esses
valores.
“Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.”
Atos 6:3
Infelizmente, no Brasil, pagamos tantos
impostos e taxas para o Governo, que ultrapassam os 10%. Será que estamos
vivendo, como na época de Samuel em que o povo rejeitou o governo do Senhor e,
por isso, sofreu nas mãos do rei (I Samuel 8:15,17)? As autoridades políticos
nos oprimem com altas taxas de INSS, IRRF, IPVA, IPTU, IPI, ICMS, IOF, ITR,
ITBI, ISSQN, DUDA, energia, água, transporte público etc. Além de tudo isso, muitos
que difamam quem dá e recebe o dízimo, torram seu suado salário com
entretenimentos fúteis, vícios de jogos, cigarros e bebidas, vivem se entupindo
de remédios e são constantemente assaltados e veem seu salário sendo depositado
figuradamente em ‘bolsos furados’.
Por último, Deus não tem interesse em impor
medo a ninguém.
Não posso dar o dízimo por medo da punição
de Deus. O Senhor não aceita esse tipo de entrega. Dou o dízimo porque amo a Deus e sou grato pelo que Ele me deu. Dou o
dízimo porque a obra precisa ser feita.
Deus ama os que ajudam os necessitados.
Esse é o papel da Igreja. Se estão usando o dinheiro dos dízimos e ofertas para
se promoverem na TV e rádio, ou construírem imensas catedrais, aí já é outra
história...
“A
religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as
viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago
1:27
3 comentários:
Gostei muito do estudo. Só não concordo com a parte que diz que os dízimos não devem ser utilizados para se promover nas tvs e rádio e para o crescimento do Templo. Afinal muitas vidas são alcançadas através de programas de tvs e de rádio. E quanto maior o tempo mais pessoas poderão frequentar e com um mínimo de conforto.
Muito bom,e a primeira vez que vejo um comentario. tao bem fundamentado e esclarecedor sobre o dizimo sou plenamete conciente da importancia do dizimo na atualidade eu so nao sou afavor de impolo na forma de mandamento como o vemos hoje em muito lugares ,se pega o texto de malaquias para intimidar e lhe dao uma iterpretaçao totalmente fora do demais contexto das escrituras
Muito bem. Deus te abençoe grandiosamente.
Como também se encontra em http://www.salvacaoeterna.com/dizimo
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