Ao compararmos os dois
textos abaixo, nos deparamos com um conflito. Afinal, qual o período correto em o povo de Israel ficou escravizado no Egito?
400 ou 430 anos?
“Então o Senhor lhe disse: "Saiba que os seus descendentes serão
estrangeiros numa terra que não lhes pertencerá, onde também serão escravizados
e oprimidos por quatrocentos anos...,
depois de tudo, sairão com muitos bens... Na quarta geração, os seus
descendentes voltarão para cá..."” Gênesis 15:13-16
“Ora, o período que os israelitas viveram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. No dia
quando se completaram os quatrocentos e trinta anos, todos os exércitos do
Senhor saíram do Egito.” Êxodo 12:40,41
Vamos fazer algumas
considerações:
O CATIVEIRO NÃO PODE TER SIDO MAIS DO QUE 350 ANOS!
O CATIVEIRO NÃO PODE TER SIDO MAIS DO QUE 350 ANOS!
- Quando José, o
governador do Egito, trouxe sua família hebreia, seu irmão Levi já tinha filhos, sendo Coate um deles (Gênesis 46:6-11);
- A Bíblia também nos informa que Levi morreu com 137 anos, seu filho Coate com 133, seu neto Anrão com
137 (Êxodo 6:16-20) e seu bisneto
Moisés libertou Israel quando tinha 80 anos (Êxodo 7:7);
- Poderíamos supor uma data em que esses homens estavam já jovens e prontos para gerar filhos, porém, para chegarmos ao máximo de tempo possível, vamos considerarmos o fato bem improvável de que Coate tinha acabado de nascer quando entrou no Egito, e este gerou seu filho Anrão no último ano de sua vida, bem como se Anrão gerou Moisés também no último ano de sua vida. Assim, somamos todos os anos de vida desses três homens e chegamos ao seguinte cálculo: 133 + 137 + 80 = 350;
- Seria, então, 350 anos de cativeiro? Também não! Até porque não tem lógica todos esses homens terem filhos só no último ano de sua vida. Só fizemos esse cálculo para dar uma longa margem de possibilidade do que poderia acontecer. Mas, por esse cálculo, já podemos ver que o escritor de Êxodo deixou-nos uma pista de que os 430 anos não significa o tempo em que eles literalmente viveram no Egito.
- Poderíamos supor uma data em que esses homens estavam já jovens e prontos para gerar filhos, porém, para chegarmos ao máximo de tempo possível, vamos considerarmos o fato bem improvável de que Coate tinha acabado de nascer quando entrou no Egito, e este gerou seu filho Anrão no último ano de sua vida, bem como se Anrão gerou Moisés também no último ano de sua vida. Assim, somamos todos os anos de vida desses três homens e chegamos ao seguinte cálculo: 133 + 137 + 80 = 350;
- Seria, então, 350 anos de cativeiro? Também não! Até porque não tem lógica todos esses homens terem filhos só no último ano de sua vida. Só fizemos esse cálculo para dar uma longa margem de possibilidade do que poderia acontecer. Mas, por esse cálculo, já podemos ver que o escritor de Êxodo deixou-nos uma pista de que os 430 anos não significa o tempo em que eles literalmente viveram no Egito.
NÃO PODE SER MAIS DO QUE 217 ANOS!
- A escravidão só começou depois que José e toda a geração que entrou no Egito morreram.
- Considerando a genealogia de Êxodo 6:16-27, temos quatro gerações que viveram após a morte de Abraão: Levi (irmão de José) > Coate > Anrão > Moisés. Como Levi e Coate fazem parte da geração que entrou com José no Egito (Gênesis 46:6-11), eles foram polpados da servidão (Êxodo 1:1-22).
- Somente Anrão (que morreu com 137 anos segundo Êxodo 6:20) e Moisés (que libertou o povo de Israel quando tinha 80 anos, segundo Êxodo 7:7) conheceram a escravidão de perto.
Os cálculos acima não
refletem a exata realidade. Apenas fizemos isso para provar que o tempo de Israel no
Egito é bem menor do que os 430 anos. Sendo assim, vamos analisar o que
significam os 400 anos mencionados em Gênesis e os 430 anos mencionados em
Êxodo:
400 x 430 ANOS
Explicaremos aqui a
profecia descrita abaixo ponto por ponto:
“Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.” Gênesis 15:13-16
“Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.” Gênesis 15:13-16
“... Peregrina será a tua
descendência em terra alheia...”
Desde que Abrão saiu
de sua terra natal, Ur dos Caldeus, ele e seus filhos viveram sempre como
nômades, ou peregrinos, como nos mostra o texto a seguir:
“Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.” Hebreus 11:8-9
“Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.” Hebreus 11:8-9
Ou seja, não foi
apenas o fato de Jacó e seus descendentes terem ido ao Egito que deu início à
peregrinação. O próprio Abrão já era um peregrino e os seus sucessores. Além do
mais, o próprio Abrão viveu um período no Egito (Gênesis 12:10-20).
Sendo assim, completa-se
430 anos no dia em que os israelitas saem do Egito contando desde o momento em
que Deus retira Abrão e Sarai de Ur dos Caldeus, quando o Senhor faz uma outra
promessa, relacionada ao descendente de Abrão que abençoaria todas as nações da
terra, de acordo com o apóstolo Paulo:
“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti... Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a Torah, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. ” Gálatas 3:8,16,17
“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti... Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a Torah, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. ” Gálatas 3:8,16,17
O texto é claro. Paulo
não considera os 430 anos apenas como o período em que Israel morou no Egito,
mas, o tempo desde o chamado de Abrão até a libertação de Israel. Compare os
versículos acima com Gênesis 11:31; 12:1-4; Atos 7:2-20.
Mas, e os 400 anos?
Falaremos posteriormente...
Esses versículos, na Língua Portuguesa, mostram que Israel viveu NO Egito durante 430 anos, porém a preposição no hebraico pode designar tanto “em” (no Egito), quanto “com” (com o Egito). Ou seja, Abrão e sua família habitaram com os egípcios. Não podemos usar esses dois versículos isoladamente. Sabemos através da família de Levi que o cativeiro não pode ter durado todo esse tempo, o que concorda com Gênesis, o próprio livro de Êxodo e Gálatas.
“Ora, o período que os israelitas viveram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. No dia quando se completaram os quatrocentos e trinta anos, todos os exércitos do Senhor saíram do Egito.” Êxodo 12:40,41
De Ur dos Caldeus, Abrão foi para Harã, depois para Canaã
(Siquém, Carvalhos de Manre, Betel), Egito e, depois, voltou para Canaã
(Hebrom, Dã, Hobá, Salém, Gerar, Berseba, Moriá). Isaque, filho de Abraão, habitou em alguns lugares de Canaã (Gerar
e Berseba). Jacó, seu neto, cresceu
em Canaã, foi para Harã, depois voltou para Canaã e, por fim, foi morar no
Egito. José e seus irmãos, os
bisnetos de Abraão, cresceram em Canaã e depois foram para o Egito. E, a partir
daí, até Moisés, que morou um tempo
em Midiã e depois voltou ao Egito, os tataranetos de Abraão viveram no Egito.
“... e será reduzida à
escravidão...”
Diferente da
peregrinação de Abraão e sua descendência que acabamos de abordar, nem todos
eles foram subjugados. Como falamos na introdução, a sujeição dos hebreus só
aconteceu depois que José e toda a
geração que entrou no Egito morreram (Êxodo 1:8-22), não mais do que 200
anos, considerando o total do tempo de vida de Anrão, neto de Levi – 137 anos
(Êxodo 6:16-20) e a idade que Moisés tinha no tempo da libertação – 80 anos
(Êxodo 7:7).
O Faraó temeu que os
filhos de Israel se unissem aos seus inimigos e, embora os próprios egípcios
fossem favoráveis a eles (Êxodo 1:17; 2:6-10; 11:3; 12:35,36,38), o novo rei do
Egito os obrigou de maneira terrivelmente opressora, a construir cidades e,
para impedir a multiplicação descontrolada, ordenou que fossem mortos seus
filhos (Êxodo 1:8-22). Moisés nasceu como resposta de Deus justamente no
momento em que o povo de Israel implorava pelo socorro do Senhor...
“..., e será afligida por
quatrocentos anos,...”
Já mostramos
anteriormente que os 430 anos equivalem ao tempo desde a saída de Abrão de Ur
dos Caldeus até a saída de Israel do Egito. Mas, e esses 400 anos? A que tempo
se refere?
Logo após esta
profecia (Gênesis 15), Abrão gera Ismael com a idade de 85 anos (Gênesis 12:4;
16:3). Portanto, devemos considerar os 400
anos de aflição a partir dos 85 anos de Abraão até a saída dos israelitas do
Egito (Gênesis 15:13). A partir daí, concluímos que já havia se passado 30
anos desde que Abraão saiu de Ur dos Caldeus e 10 anos que Abrão estava morando
em Canaã.
Mas, que tipo de
aflição os descendentes de Abrão sofreram a partir dali?
Desde a gravidez da egípcia
Hagar, a família de Abrão começou a ser perseguida, sendo humilhada por esta
concubina e por seu filho Ismael, que, inclusive, casou-se também com uma egípcia
(Gênesis 16:4,11,12; 21:9). Isaque, Jacó e todos os seus filhos tiveram
experiências ruins com os egípcios.
Bom, antes desses
acontecimentos, o próprio Abrão e Sarai passaram por um sufoco no Egito, quando
Sarai foi escolhida para ser uma das mulheres da casa de Faraó e Deus
interferiu para impedir isso (Gênesis 12:10-20). Não sabemos quando exatamente
isso ocorreu, mas foi durante os 10 primeiros anos de Abrão na terra de
peregrinação em Canaã. Enfim, muito antes do povo de Israel sofrer a escravidão
no Egito, a família de Abraão já havia passado por aflições . Mas, os 400 anos
terminaram, e Israel foi livre para poder voltar a Canaã e recomeçar uma nova
história...
“... eu julgarei a nação, à qual
ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza...”
Quem nunca ouviu falar
das pragas do Egito? Água do rio Nilo convertida em sangue, rãs, piolhos,
moscas, peste nos animais, úlceras, chuva de pedras, gafanhotos, trevas em
pleno dia e morte dos primogênitos. Sem falar com o exército egípcio e o Faraó
morrerem afogados no mar vermelho... Deus realmente pesou o coração de Faraó,
condenou-o e, junto com ele, todos os demônios que ali se fingiam de deuses e
seus seguidores (Êxodo 12:12).
Leia a postagem Deus endureceu o coração de Faraó?
“... depois sairá com grande
riqueza...”
Antes de saírem,
porém, os israelitas cobraram o tempo em que foram escravizados, recebendo dos
egípcios todo o tipo de objetos de ouro e prata, bem como roupas (Êxodo 11:2;
12:35,36). Cumpria-se mais uma vez a profecia dita a Abrão 400 anos antes.
“... tu irás a teus pais em paz;
em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá... ”
Após a morte de Abraão,
deveríamos contar quatro gerações para os israelitas voltarem para Canaã. E foi
o que aconteceu. Abrão morreu no ano 2123 d.A., nessa época já eram nascidos
Isaque (2048 d.A.) e Jacó (2108 d.A.), mas após a morte do patriarca, surgem
quatro gerações: Levi, Coate, Anrão e Moisés. Foi justamente na geração de
Moisés que Israel saiu do Egito indo em direção a Canaã (nas pessoas de Josué e
Calebe)...
CHEGAMOS, ASSIM, AO TOTAL DE 195 ANOS NO EGITO!
Enfim, vamos explicar
como seria cronologicamente
Fato:
|
Abrão sai de Ur dos Caldeus
|
Abrão chega a Canaã
|
Abrão faz aliança com Deus
|
Jacó e sua família vão ao Egito
|
Moisés é usado por Deus para libertar
Israel
|
Ano:
|
2003 d.A.
|
2023 d.A.
|
2033 d.A.
|
2238 d.A.
|
2433 d.A.
|
400 anos
|
|||||
430 anos
|
Obs.: “d.A.” significa “depois de Adam”, ou seja, aqui não estamos seguindo o calendário romano, mas o calendário bíblico (clique no link para ver o calendário mais completo).
O CATIVEIRO NÃO DUROU MAIS QUE 123 ANOS!
- Não teremos aqui como afirmar o ano exato em que a escravidão começou, porque não temos a data em que a última pessoa da geração de José faleceu. Mas, utilizando as datas que Gênesis e Êxodo nos apresentam (o mesmo calendário bíblico do link acima), sabemos que José morreu com 110 anos, em 2309 d.A.
- Também entendemos pelo texto bíblico que Moisés foi usado por Deus para libertar o povo de Israel do Egito no ano 2433 d.A., quando tinha 80 anos. Sendo assim, subtraindo o ano que Israel foi liberto pelo ano que José faleceu, temos o seguinte cálculo: 2.433 - 2.309 = 124 anos.
- Sendo assim, podemos chegar a conclusão de que Israel sofreu nas mãos do Faraó por cerca de 120 anos.
3 comentários:
Me esclareceu muito as minhas dúvidas, como Professor de Escola Dominical vai ajudar muito na classe e no dia-a-dia
Muito bom! Graça, paz e cobertura do Sangue de Cristo.
Mas porque, que o povo de Israel tinha que passar por este sofrimento no Egito?
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